Reconstrução - Apostila 1

Reconstrução - Apostila 1

 

  

 Uma análise dos desvios e correções de rotas

 

 

 

Inicia-se aqui outra série de apontamentos que se pretende utilizar como forma de aprimorar conhecimentos que, por sua vez, poderão dar subsídios ao aperfeiçoar da vida, tomando-se por premissa o fato de que todos somos Seres reencarnados no planeta Terra.  Por conseguinte, portadores de bagagem cármica a ser depurada, paulatinamente, em cada encarnação.

 

Como a figura 01A  expressa, somos caminhantes em direção ao Infinito.  Por acepção da palavra, é uma caminhada que nunca termina, e que ao longo de sua jornada perpassa por incontáveis pórticos, cada um definindo um grau crescente de aperfeiçoamento como Criaturas Cósmicas que somos.

 

Para relevante assunto, o tempo nos tem favorecido nesta arte de pesquisar o imensurável destino do SER criado.  Tem-nos sido possível empregar muitas e muitas horas nesse intento de encontrar respostas para os incontáveis porquês da vida.  Sendo assim, não podemos desperdiçar esse bem que alcançamos.

 

Essa concessão, porém, não é nenhum privilégio que desfrutamos.   Ao contrário, é a resultante de forças que se somaram.   Algumas delas são identificadas nos incessantes esforços empregados na procura de saber mais; outras se originam do desejo ardente de produzir o bem, usando-se dos recursos advindos do nobre saber; e algumas ainda mais altaneiras, vêm impulsionadas pela vontade de legar aos que nos lerem a certeza de que também estão destinados à Liberdade Cósmica.

 

Portanto, a concessão recebida é um legado inspirativo que a todos os Seres pertence, pois se origina nas fontes que zelam pelas Criaturas, e não de mim mesmo.   Apenas materializo a inspiração, naturalmente fazendo-o de forma modesta dada as minhas insuficiências.

 

Com a série A Criatura adentramos a intimidade espiritual do Ser.  A série O Inevitável Despertar procura entender o surgimento dos fenômenos psíquicos.  A série Mediunidade intenta dissecar a fenomenologia mediúnica.   Todas as três formam um arsenal que se complementará com esta, pois nos falta saber por que o Ser enredou-se nas atrações da matéria que lhe retardam os passos evolutivos pelo cosmos, enchendo-se de infelicitações.

 

E´ sobre isso que o conteúdo desta série vai tratar.  E o título RECONSTRUÇÃO vem do objetivo  de, tanto quanto nos for possível, fazer um mapeamento sobre a intrincada equação:  SER e VIVER.

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Iniciaremos por onde?  Esta foi a pergunta que fiz aos amigos inspiradores.   E´ bem verdade, ia me esquecendo de dizer que nenhum dos escritos apresentados por nós foi feito só por mim.  Aliás, como ensina Dr. Waldo Vieira em sua magnífica obra Projeciologia, nenhum livro é escrito só pela pessoa do autor.   Há uma parceria oculta, nem sempre percebida até mesmo por aquele que transfere a inspiração para o papel.

 

Bem, mas como ia comentando, como resposta à perquirição acima, mostrando-me na estante o livro MEMÓRIAS DE UM SUICIDA, os amigos espirituais fizeram-me ler o capítulo VI que tem o título “A Cada um Segundo suas Obras”.   Quando a leitura chegou às páginas 354 e 355, do citado capítulo, que se inicia à página 339, os amigos inspiradores disseram-me:

 

“- Este é o trecho com o qual iniciaremos este tema.  Use-o.”

 

Li e, indiscutivelmente, me pareceu inteiramente apropriado ao que nos propusemos para esta série.   Assim, como abertura deste tema, usaremos os trechos que nos foram indicados.   Eles bem ilustram o tortuoso caminho de vida em que, de um modo geral, se enveredam todos os indivíduos, bem como o amargo desforço por, de retorno, fazer-se digno de ser chamado filho da Luz.  Portanto, pedindo vênia aos autores e editores de Memórias de um Suicida, monumental obra que descreve a árdua reconstrução das almas que se distanciaram dos objetivos da vida, reproduziremos a seguir os trechos indicados.

 

“A ignorância dos elevados princípios que presidem aos destinos da Humanidade, a má-vontade em querer participar de conhecimentos que os conduziriam às fontes elucidadoras da Vida, assim como os preconceitos inseparáveis das mentalidades escravizadas ao servilismo da inferioridade, têm impedido os homens de reconhecerem esse vasto e glorioso alicerce da sua própria evolução, da sua emancipação espiritual !”

 

O autor espiritual através da mediunidade de Yvonne Pereira fala que a inversão dos valores, tão em voga no mundo, onde só se cultua a materialidade da forma e as sensações grosseiras que ela possa oferecer, impede à Criatura de mais aligeiradamente aproximar-se de seu Criador.

 

Sabiamente ele continua:  “O homem de ciência, por exemplo, considerado semideus nas sociedades terrenas, das quais exige todas as honrarias e fictícias glórias, não admitirá, em hipótese alguma, que o grande orgulho que arrasta, a par da ilustração, posteriormente possa condená-lo a uma reencarnação obscura e humilde, na qual seu coração, ressequido e árido de virtudes edificantes, adquirirá os doces sentimentos de amor ao próximo, as delicadas expressões da vera fraternidade, que só o respeito e a veneração à causa cristã poderão inspirar, enquanto o intelecto repousa...  (Grifos nossos)

 

Enquanto o intelecto repousa, diz o autor, significando que embora numa vida possa o espírito ter se destacado na sociedade dos homens pelo fato de ter empreendido arrojadas decisões no campo do saber intelectual, científico, eclesiástico ou político, nada o impedirá, porém, de noutra vida vir a arrastar um obscuro anonimato, com o qual aprenderá as lições de humildade.   Essas lições irão se contrapor ao dominador orgulho que o envaidecia no seu tempo de semideus.   Por esse novo tempo, em nova vida, como se antes nunca tivesse existido, seu poderoso intelecto ficará inativo.   Impedido de ser usado.

 

Continuemos.  “O soberano, o magnata, as classes consideradas “privilegiadas” pela sociedade terrena, que levianamente se utilizaram das concessões feitas pelo Soberano Supremo a fim de que contribuíssem no labor de proteção à Humanidade e desenvolvimento do planeta, não admitirão que os despautérios cometidos em desencontro das divinas leis os induzam a renascimentos desgraçados, em os quais existirão miséria, servidão, humilhações, lutas contínuas e adversas, a fim de que em tão laboriosas recapitulações expiem pela indiferença ou maldade de que deram provas no passado, deixando de favorecer as classes oprimidas, o bem-estar geral da sociedade e da nação em que viveram, preferindo à solidariedade fraterna, devida pelos homens uns aos outros, o egoísmo acomodatício e pusilânime !”  (Grifos nossos)

 

Esta realidade tão bem retratada no parágrafo acima não são, e nunca foram aceitas, ou admitidas, pela classe dominante da sociedade.   Em virtude disso, para ouvirem a voz da Razão Cósmica, já que a isso recusaram enquanto vivenciavam a fartura e o desperdício, retornam como personagens desprotegidas, iguais às que deveriam ter dado amparo para, nesta nova condição, de miséria, terem ouvidos para a inderrogável lei de Causa e Efeito. 

 

 

A Lei do Equilíbrio que a tudo nivela, mesmo que numa só encarnação ela não seja percebida.

 

Prosseguindo com o livro,  O branco, o de pele alva, cioso da pureza da raça que o preconceituoso conluio do orgulho com a vaidade lhe faz supor seja privilegiada pelo favor divino, não concordará em render homenagem a uma Lei Universal e Divina capaz de impor-lhe, um dia, a necessidade de renovar a existência carnal ocupando um envoltório cuja pele será negra, ou amarela, bronzeada, mestiças, etc., etc., obrigando-o a reconhecer que o Espírito, e não o seu passageiro e circunstancial envoltório físico-material, é que necessitará clarear-se e resplandecer, através das virtudes e aquisições mentais e intelectuais, coisas que poderá obter no seio de uma ou de outra raça !   E mais: que negros, brancos, amarelos, etc., todos descendem do mesmo Princípio de Luz, do mesmo Foco Imortal e Eterno...”  (Grifo nosso)

 

Sem dúvida esclarecedora é a informação contida no parágrafo acima.   A cor da pele do corpo que o espírito usa em cada encarnação, como não poderia deixar de ser, está na conformidade do que ele precisa, como espírito, aprender sobre a Vida.  Obviamente, em razão da multifacetada variedade de raças é forçoso entender que dada à carência de clarear-se e resplandecer, o Ser, em cada existência, estagia em diferentes núcleos sociais.

 

E num arremate,  em  tudo coerente, assim esclarece o autor do livro:  “Entretanto, meus amigos, admitam ou deixem de admitir todos esses respeitáveis cidadãos terrenos, ainda que a eles e também a vós repugne o imperativo dessa Lei magistral, o certo é que ela é irremediável e indestrutível e que, por isso mesmo, todos os homens morrem num corpo para ressurgirem em uma vida espiritual e depois voltarem a renascer em novos corpos humanos... até que lhes seja concedido, pelo progresso já realizado, ingressar em planetas mais ditosos – também reencarnados – e eu cujas sociedades iniciarão novo ciclo de progresso, na escala ascensional da longa e gloriosa preparação para a vida Eterna !   Isso, porém, levará milênios sobre milênios !...”

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Acima ficaram os trechos referidos.  Como visto eles descrevem o capítulo das quedas, concluindo, porém, com a salvaguarda reparadora dos equívocos, quando, submisso ao “imperativo da magistral Lei”, o Ser inicia a subida redentora.

 

Finalizando esta apostila lembramos que o estudo de A Criatura mostrou que um irresistível fluxo de vida carreia o Ser desde sua primitiva origem dirigindo-o até ao glorioso e apoteótico ingresso no reino das criaturas celestiais.   O que retarda a viagem é o fato de o indivíduo se agarrar, de unhas e dentes, ao materialismo dos mundos menores em que vai passando.   O antídoto para esse venenoso proceder chama-se dor.

 

Sobre tudo isso será o conteúdo das apostilas seqüentes.

 

Aqui deixamos registrados nossos agradecimentos aos amigos espirituais que de perto nos inspiraram estas páginas.   Também à Yvonne A. Pereira, médium, e a Camilo “Botelho”, espírito, onde quer que estejam, expressamos nossos agradecimentos pela atenção e apreço com que ofertaram ao mundo esse fenomenal livro, MEMÓRIAS DE UM SUICIDA.   E à Federação Espírita Brasileira por tê-lo editado, tornando, assim, possível virmos a conhecê-lo.

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Bibliografia:

Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Livraria Allan Kardec Editora

Annie Besant – A Vida do Homem em Três Mundos – Karma – Dharma – O Poder do Pensamento – Reencarnação – Todos editados pela Editora Pensamento.

Bezerra de Menezes – A Loucura sob novo prisma – Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Fritjof Capra – O Ponto de Mutação – Editora Pensamento

Hermínio Correa de Miranda – A Memória e o Tempo – Editora Lachâtre

Hernani Guimarães Andrade – Espírito, Perispírito e Alma – Editora Pensamento

Leon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Federação Espírita Brasileira

Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Pereira Franco – Obsessão e Loucura – Federação Espírita Brasileira

Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Pereira Franco – Painéis da Obsessão – Nas Fronteiras da Loucura – Livraria Espírita Alvorada Editora.

Pietro Ubaldi – A Grande Síntese – A Lei de Deus – Fundação Pietro Ubaldi Editorial

Virgínia Hanson e Rosemaria Stewart – Karma – A Lei Universal da Harmonia – Editora Pensamento.

 

Apostila escrita por

LUIZ ANTONIO BRASIL

Março de 1997

Revisão em Janeiro de 2008

Distribuição gratuita citando a fonte

 

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