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    Reconstrução - Apostila 12

    Reconstrução - Apostila 12

     

       

    Falando de atendimentos desobsessivos na apostila 11 comentamos sobre as primeiras providências, terminando com o alerta de que, embora seja comprovada a eficácia dos cuidados citados, os resultados disso advindos não são a solução almejada.   A harmonização definitiva do paciente, dissemos lá, depende de outras providências que veremos a seguir.

    Desobsessão – Segundo Procedimento

    Recapitulando parte da apostila anterior, lembramos que os primeiros socorros efetuaram a desintegração das formas-pensamentos – ideoplastias monoideísticas – que infestavam a aura do paciente, ensejando a simbiose obsessiva na qual padecia tormentos que pareciam infindáveis.

    Assim, uma vez interrompidas as correntes mentais da mórbida simbiose, como segundo procedimento deve-se iniciar o método de persuasão, ou seja, a doutrinação.   Nada com caráter de religiosidade.   Trata-se da conversação amistosa a ser estabelecida entre as partes envolvidas e o terapeuta.

    Desta conversação deverá se firmar uma confiança geral.   Para tanto o mediador, que é o terapeuta, deverá utilizar somente de argumentos lógicos, embora que com palavras simples, pois, por detrás desses infaustos acontecimentos quase sempre existem mentes poderosas e inteligentes.   Assim sendo, não será qualquer conversinha que convencerá os litigantes sobre seus equívocos.  Também não se deve usar de argumentos padronizados, como é comum de se ver em reuniões de desobsessão, cunhadas em chavões religiosos.

    A argumentação deve girar em torno da específica questão que envolve o caso, e jamais partir para a generalidade de aconselhamento.   Essas generalidades utilizadas por doutrinadores pouco hábeis ficam limitadas a dizer, por exemplo: “Meu irmão, compreenda que Jesus recomendou perdão”, etc, etc, e vão por aí a fora.

    Todavia, embora em que pese a boa intenção do doutrinador, é forçoso reconhecer que ali está uma consciência pejada pela sensação de algum ato arbitrário consoante ao que ela chama de sofrimento injusto.   Essa consciência está obscurecida pelas trevas do infortúnio vivido.   Por isso, é forçoso também reconhecer que alguma razão ela tenha.

    Concordamos que um erro não justifica outro, entretanto, na lei dos homens o mais perverso dos criminosos tem assegurado seu direito de defesa.   Sendo assim na lei dos homens, leis imperfeitas que são, perante as Leis Cósmicas os direitos assegurados são ainda maiores.

    Portanto, considerando essas razões, o doutrinador deve entender que sua função ali não é a de impositor de fórmulas salvacionistas, mas de um ponderado conselheiro.   Para sê-lo precisará, primeiro, aprender a ouvir.   Do que ouvir criará sua argumentação, fazendo-a numa conversa franca e amiga.   Saber ouvir é importante porque as entidades poderão se mostrar incompreendidas, ou ignorantes, meramente como formas de disfarçar suas verdadeiras intenções.   Além disso, podem ser exímias manipuladoras de energias, com as quais seviciam suas vítimas.   Ouvir, portanto, ajudará o doutrinador a fazer uma avaliação do quadro, ao juntar suas impressões às intuições.

    Desta forma, mais do que nunca, o doutrinador deve se mostrar sinceramente interessado por ver o apaziguamento entre os contendores, e não, simplesmente, falar por falar, indiferente aos resultados.

    Compreenda, o doutrinador, que os interlocutores estarão, além de ouvindo, também vendo e identificando o real sentimento de quem com eles conversa.   Essa a razão para que a conversação, e não o diálogo padronizado, siga orientada pela lógica exigida pelo caso, e pelo sentimento de verdadeira solidariedade.   Do contrário, jamais o doutrinador será convincente.

    Além da doutrinação do, ou dos, desencarnados, é necessário dispensar igual atenção ao encarnado.   A conversação com o encarnado deve ser mais prolongada, repetindo-se, se necessário, por vários dias.   E quando o caso requerer, orienta-lo a participar de reuniões de estudo.   Essas orientações serão as leis da moral cósmica, dentre as quais a lei de Causa e Efeito.   Intenta-se com essas instruções modificar-lhe o centro de interesse que até ali o tem dominado.   Que é o seguinte:

    Para bem instruir, o terapeuta deve ter em lembrança que a origem desses desarranjos se dá pela emanação de formas-pensamentos, como vimos nas apostilas precedentes, principalmente na 05 e na 10.   Formas-pensamento que possam ter ocorrido em vidas passadas como na atual, originadas, porém, pelo próprio desejo daquele que ali se intitula vítima.   Assim sendo, o bom senso aconselha que se a “vítima” não modificar o teor de suas emanações mentais, isto é, não se corrigir, formas idênticas às anteriores retornarão à psicosfera do reclamante e o ciclo de uma nova fase obsessiva se instalará.

    Como usamos a palavra vítima, é preciso recordar que na realidade não existem vítimas.   A cada caso analisado, se fôssemos remontar às suas mais longínquas origens, veríamos que o reclamante de hoje comportou-se, outrora, como provocador.   Entretanto, num trabalho assistencial não se trata de fazer bisbilhotices, e o passado, já diz a sabedoria popular, “a Deus pertence”.   Assim, esses detalhes se tornam irrelevantes na maior parte das vezes.  O importante mesmo é estender a mão à reconciliação, recomendando o saudável compreender de que a discórdia só traz sofrimento, e jamais vitória alguma.

    Diante da mulher a ser apedrejada o sublime mestre demonstrou a bela lição:

    “- Onde estão teus acusadores ?”  Perguntou.

    “- Foram embora, senhor.” Respondeu, ela.

    “- Nenhum te condenou ?” Inquire Jesus.

    “- Não, senhor.”

    “- Tão pouco eu te condeno.” Concluiu o Mester.  (João 8:11)

    Nesse diálogo do qual participou o grande doutrinador, ficam evidentes duas partes:

    1 – Não imiscuir no passado de quem quer que seja, a menos que, terapeuticamente, isso seja absoluta e beneficamente necessário;

    2 – Não julgar, seja absolvendo ou condenando, mas ficar no caminho da coerência com as Leis Cósmicas que a ninguém punem, mas que concedem oportunidades de reconstruir a vida.

    Desta forma, a conversa com o paciente deve ser, como se vê, fraterna, mas muito objetiva, pois aquela mente que ouve o doutrinador, presa, talvez, de preconceitos, ou sentindo ainda vibrar em seu corpo Astral os reflexos do processo obsessivo em que se via ligada, poderá se mostrar manhosa, e pretender que um “milagre” se faça em seu favor.  Algo, assim, como de alguém vir a carregar por ela a sua cruz.

    O esclarecimento, repetimos, deve ser lúcido, determinando bem as responsabilidades para que o paciente envide esforços para consolidar a cura definitiva.   Todavia, o terapeuta não deve se afligir por esses resultados.  (Rever a apostila 59 da série Mediunidade onde ficou analisada a questão O Curar e o Não Curar).

    Oferecer socorro, sim, deve ser feito, mas sem esquecer que a cura definitiva só será alcançada se o paciente colaborar compreensivamente e, se a incursão cármica a que está ligado, para a vida humana presente, o permitir.   Na tabela mostrada na apostila 10 ficou bem visível que, quando escolhendo o caminho do monoideísmo, a “vítima” de hoje se compromissou com infelicitações para o futuro.

    Podemos dizer que isso começou naquele período em que, vivenciando os terceiro e quarto degraus da escalada humana, vistos nas apostilas 25 e 26 da série A Criatura, deixou-se corromper pelo orgulho da riqueza e pela volúpia do poder, praticando atos que vieram culminar com os chamados desarranjos de agora.   Portanto, como vemos, uma complexidade de fatos destrutivos que se escondem sob a cortina do esquecimento temporário da reencarnação.

    Seja lá o que for, entretanto, não cabem acusações nem julgamentos, mas seguro aconselhamento.   Todavia, pode acontecer de apesar  do aconselhamento amigo e sensato o paciente continuar renitente na sua opinião de se considerar vítima.   E muito mais, insolente, querendo por toda maneira que o livrem daquela situação sem que, para isso, envide um mínimo de esforço pessoal.  Apenas pelo desempenho assistencial do médium.

    Quando assim for, é preciso que o médium se resguarde, ciente de que sem o esforço pessoal do paciente muito pouco poderá ser feito.   Além disso, por esse descaso, o ciclo de atração mental negativa voltará a se instalar, em condição pior que a anterior.

    Concluindo, podemos dizer que o segundo procedimento assistencial tem uma fase mais prolongada e baseada nos princípios de encaminhamento das pessoas à nova perspectiva de vida.   É um procedimento a ser desdobrado pela ação do companheirismo, com o qual o indivíduo ver-se-á atraído por seguir novo rumo na vida.

    Esta é a lógica irrefutável, pois, se em tempos idos ele mesmo distorceu a diretriz de uma vida honrada e responsável, enredando-se pelas práticas de atos condenáveis, agora terá de ser ele mesmo a refazer sua destinação.

    A equipe socorrista, mentores e médiuns, é o suporte a auxilia-lo na aceitação pacífica da fórmula única de regeneração prescrita pela Lei do Carma, não obstante, ele mesmo, e tão só ele mesmo, arcará com o processo de sua reconstrução.

    Desta maneira, para que haja perfeita lógica na aplicação desse segundo procedimento assistencial, os terapeutas deverão conhecer do mundo oculto e das encruzilhadas nas quais nos deixamos nos perder.

    Para tanto, só o estudo e a vivência de acompanhamento dos fatos que se repetem nas sessões assistenciais, capacitam o terapeuta à condição de condutor de almas aos campos da sublimidade.

    Grave e árdua responsabilidade.

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    Bibliografia

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Os Mensageiros – página 157 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Nos Domínios da Mediunidade – página 124 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Evolução em Dois Mundos – cap. I – pág. 23, 100 e 101 – Fed. Esp. Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Mecanismos da Mediunidade – capítulo 19 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Entre a Terra e o Céu – página 79 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Libertação – páginas 84, 86, 89 e 115 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Desobsessão – Federação Espírita Brasileira

    Áureo; Hernani T. Sant’Anna – Universo e Vida – páginas 110 – Federação Espírita Brasileira

    Ângelo Inácio/Robson Pinheiro – Legião – Casa dos Espíritos Editora

    Annie Besant – O Poder do Pensamento – Editora Pensamento

    Bob Toben e Fred Allan Wolf – Espaço-Tempo e Além – Editora Cultrix

    Edith Fiore – Possessão Espiritual – Editora Pensamento

    Edgard Armond  -  Mediunidade,  Passes e Radiações,  Editora  Aliança 

    Edgard Armond  -  Trabalhos Práticos de Espiritismo,  Curas Espirituais,  Livraria Allan Kardec Editora. 

    Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – Emmanuel – página 155 - Federação Espírita Brasileira

    Francisco Rivas Neto  -  Umbanda a Proto-Síntese Cósmica  -  Editora Pensamento.

    Theo Ocher e Maggy Harsch – Transcomunicação – página 110 – Editora  Pensamento

    Waldo Vieira – Projeciologia – capítulos 118, 188 e 403 – Edição do autor.

    Zalmino Zimmermann – Perispírito – Editora Allan Kardec

     

     

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Setembro de 1997

    Revisão em Outubro de 2008

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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