O Inevitável Despertar - Apostila 5

O Inevitável Despertar - Apostila 5

 

  

 

A Ciência e o Espírito 


Até a apostila 04 apresentamos comentários variados que nos serviram para demonstrar a existência do fato chamado Despertar da Consciência, bem como para evidenciar que todas as pessoas, seja de forma branda, umas, ou traumática, outras, passam por esse processo.

 

Embora nas séries A Criatura, Mediunidade e Reconstrução, tenhamos usado de uma bibliografia variada, abrangendo Espiritismo, Teosofia e Ciências, pelas descrições feitas nas apostilas precedentes nota-se que neste estudo, propositalmente, estamos dando ênfase à literatura oriunda dos arraiais da ciência.

 

Estamos procedendo assim para ficar bem claro que mesmo dentro dos rigores e exigências de experimentações acadêmicas tem sido constatado que na criatura humana existe uma dimensão além da física, e que é justamente essa dimensão o elemento dominante em todas as questões de distúrbios emocionais que venha a se manifestar no indivíduo.

 

Portanto, é para essa dimensão que as nossas atenções devem se voltar, se desejamos promover a reorganização emocional de nós mesmos e de quantos pudermos auxiliar a, igualmente, restabelecerem suas contas com a vida.

 

Para demonstrar, então, que eminentes pesquisadores não se atemorizaram diante dos ferrenhos dogmas científicos que impedem falar do Espírito, em nossos comentários usaremos dos escritos deles mesmos, como de alguns já nos utilizamos, numa demonstração de nosso respeito e admiração pela coragem com que empreenderam seus experimentos.

 

Aliás, mais do que coragem, esses homens e mulheres, renunciando ao dogmatismo de suas ciências e abrindo um campo de visão humanitária para a tão discriminada questão da chamada alienação mental, demonstraram profunda consideração e amor por seus semelhantes.

 

Desde aquele dia em que Jean Martin Charcot, (1825-1893), médico francês, adentrou as masmorras de Salpêtriere e determinou que os infelizes lá encerrados em grades e correntes fossem dali transferidos a ambientes onde pudessem ser tratados como seres humanos, naquele momento nascia o novo conceito para se encarar, cientificamente, a problemática do distúrbio emocional da criatura humana.

 

Todavia, embora em que pese o enorme ato humanitário do dr. Charcot, e os seus não desconhecidos equívocos, poucas foram as vozes que depois dele se levantaram para igual forma de ação.  E os problemáticos de cabeça voltaram a ser encerrados em cárceres sub-humanos.

 

Mesmo o pai da psicanálise, dr. Sigmundo Freud, (1856-1939), médico austríaco, apesar da inegável contribuição que deixou para a ciência, não conseguiu ver na criatura humana a sua dimensão espiritual.  A realidade subjacente ao físico, porém, conexa com este, e neste, determinantemente, influindo.  Portanto, por essa importância, merecia do famoso cientista atenção complementar e, se possível, desenvolvimento de dispositivos que lhe permitissem atingi-la com fins terapêuticos.

 

Poder-se-ia até dizer, em defesa do dr. Freud, que ele desconhecia a existência do espírito.  Mas será isso verdade ?  Acreditamos que não.  Afinal, foi um pesquisador que lidou por tantos anos com o psiquismo humano.  Será que nem por um instante de atrevimento não tenha cogitado sobre esse significativo ente, propalado por milênios sem conta por todas as religiões ?  Custamos a acreditar que seu desprezo tenha sido de tal monta.

 

Até porque, podemos lembrar que ele nasceu em 1856, o que quer dizer que por toda sua vida, ali perto mesmo, na França, já se firmavam os postulados do Espiritismo iniciado em 1857 por Allan Kardec.

 

Não obstante, não podemos culpá-lo por não ter dado atenção a esse fato, embora pudesse tê-lo feito até só como princípio de estudo, o que não seria nenhum escândalo, considerando-se que era homem de ciência e, portanto, pesquisador.

 

Enfim, o que queremos dizer é que a humanidade já perdeu muito tempo catalogando o ser humano apenas como máquina pensante, nele não vendo a dimensão espiritual.   Por isso, muitos prejuízos que se prolongam por muitas encarnações, reincidem sobre aqueles que, emocionalmente desfigurados, não puderam, numa vida, ser tratados com a consideração que Charcot exemplificou.

 

Por tudo isso, e para que também nós, os espiritualistas, não venhamos a cometer os mesmos equívocos, é que neste estudo, e a partir  desta apostila, usaremos como base de nossas anotações as literaturas cujos autores saíram da fornada científica, mas que, no entanto, demonstraram respeitabilidade por seus semelhantes.  Desta forma vê-se que mesmo no âmbito acadêmico existem disciplinas que se voltam para o ideal de harmonia do Ser.

 

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No livro Emergência Espiritual encontra-se uma coletânea de trabalhos de profissionais dedicados à questão da saúde mental.  Trabalhos esses que se encaixam perfeitamente com esta nossa pesquisa.

 

Esses profissionais, embora de diferentes origens, trabalhando separadamente e aplicados em várias disciplinas, mediante exaustivos acompanhamentos, chegaram à mesma conclusão:  Os distúrbios mentais que seus pacientes apresentavam não era nenhum processo alienativo.  A chamada loucura.   Tais pessoas vivenciavam, na verdade, o despertar de uma  outra dimensão.  Todavia, essa outra dimensão era, e é, inerente à elas mesmas.  Portanto, inafastável de suas vidas.  Algo da própria criatura.

 

Como se tratava de lidar com algo pertinente à própria criatura, e para se chagar à solução dos intrincados casos que se apresentavam, o que se deveria fazer seria estudá-los e compreendê-los, providência que não poderia ser feita apenas usando-se dos postulados acadêmicos, uma vez que estes já vinham demonstrando serem insatisfatórios e ineficazes para essas  circunstâncias.

 

Evidenciava ser preciso seguir noutro rumo.  Qual ?  Ora, se não existe caminho definido, tomar-se de boa vontade e abre-se um.  É o procedimento óbvio.  Foi o que os referidos pesquisadores fizeram, sem se intimidar com o fato de que iriam se defrontar com a dimensão espiritual do Ser.

 

Por essa razão é que o título do livro é Emergência Espiritual.  Não emergência no sentido de socorro urgente, como bem explicam os autores à página 11, mas emergência no sentido de emergir.  Isto é, sair de baixo e vir para cima.  Sair das profundezas e vir para a superfície.  Melhor ainda, o espírito sair do sub-mundo a que os conceitos humanos o relegaram e vir à superfície do Ser, como a dizer à personalidade:

 

“Eu é quem sou você !, e, de agora em diante, assumirei o controle, seu ingênuo humano!  E suas crises, tentando de mim se rebelar, não me assustarão.  Espere e verá !”

 

Admirado com o que vê  no reflexo de sua imagem ao espelho, pensando que enlouquecera, o humano constata que uma desconhecida força interior manifesta-se dentro de si.  Observa que ela demonstra autonomia.  Mais do que isso.  Ela possui domínio sobre suas vontades de até agora, e o impulsiona a comportamentos insuspeitos.  O que será isso?  Argüi a si mesmo, temeroso de sua sanidade mental.  Este é o quadro que acomete a tantas pessoas, suspeição de que sua sanidade mental está a falir.

 

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Para melhor compreendermos essas situações, nos nossos comentários a seguir iremos comparar as pesquisas inovadoras dos drs. Roberto Assagioli e R. D. Laing, transcritas no citado livro.  Elas foram feitas dentro de  paradigmas científicos, em muito se assemelhando aos postulados espiritualistas que elucidam sobre problemas causados pelo despertamento consciencial

 

 

Antes, porém, de iniciarmos nos tópicos referidos criemos uma figura que nos transmita, com razoável realismo, as faces ocultas do transcurso desse estado chamado de distúrbio mental ocasionado pelo processo de despertamento consciencial.

 

Acompanhem a figura 05A.  Na faixa vertical 1 mostramos os corpos que a consciência utiliza nos planos da etapa chamada de Evolução Humana. (Ver apostila 15 da série A Criatura).  Cada corpo se situa em dimensão própria, e é utilizado, individualizadamente, pela consciência em horas adequadas para isso.  Por exemplo:  o corpo Físico é usado nas horas em que o indivíduo está acordado.  Assim sendo, quando no estado de vigília, os corpos Astral e Mental permanecem inativos.  Noutro período, quando o corpo Físico está a dormir, ou em qualquer outra situação que o desabilite de atividades, tal como em estado anestésico, os demais corpos passam a ser os focos de contato da consciência com os mundos exteriores.  Entretanto, ressaltemos, cada um por sua vez na dimensão própria em que se situa.

 

Mudando para a faixa vertical 2 da figura, e usando de um termo comparativo, cada corpo seria uma lâmpada.  Na pessoa mentalmente equilibrada, suas lâmpadas acendem na ordem de uma por vez.  Isto é, quando uma lâmpada estiver acesa as demais conservar-se-ão apagadas.  Em outras palavras, quando um corpo estiver ativo os demais permanecerão inativos.  Mas nem todas as pessoas conseguem essa disposição funcional durante toda a vida.

 

 

Na figura 05B está representado o que podemos chamar de o Centro Consciencial, região da criatura onde são processadas todas as informações que chegam à pessoa, seja por que via for.  Por exemplo, pela visão, pela audição, pelo paladar, olfato ou tato, além das não assim percebidas, mas que de alguma forma – sexto sentido? – tocam a pessoa. 

 

Na pessoa mentalmente equilibrada, como exposto na faixa vertical 2 da figura 05A, as percepções são recebidas através do corpo que naquele momento estiver ativo.  São repassadas ao corpo imediatamente “acima” até que, finalmente, chegam ao Centro Consciencial.  Ali são identificadas, classificadas e comparadas com as impressões já constantes do arquivo cósmico do Ser.  Essa comparação dará condição de prover reações apropriadas a cada momento de sua vida.  Tudo isso feito em fracionésimos de segundos e em perfeita ordem de funcionamento. (Ver apostila 30 da série Mediunidade)

 

Na faixa vertical 3 vemos o que ocorre às pessoas mentalmente desequilibradas.  Várias lâmpadas acesas ao mesmo tempo.  Significa que vários corpos, ou todos, estarão ativos simultaneamente.  Ora, como os corpos são os elementos receptores das sensações que os mundos exteriores provocam no espírito, este, num só momento, recebendo impressões de dimensões variadas, ficará confuso, não sabendo como entendê-las e coordená-las.

 

Em outras palavras, nesses momentos o indivíduo “enxergará” várias dimensões a um só tempo.  Sensações que se sobrepõem umas às outras, como figuras diferentes desenhadas em lâminas de vidro transparente e remontadas umas sobre as outras.

 

 

Nesta outra figura, 05C, ilustramos o que se transcorre numa situação indicada pela faixa vertical 3.  Cada corpo, ao mesmo tempo, registra as impressões próprias de seu plano, e as vai repassando ao corpo imediatamente “acima”.  À medida que as informações são enviadas ao corpo imediatamente “acima”, vão formando um tráfego acumulado que assim desemboca no Centro Consciencial.

 

Bom, é fácil entender que numa situação tal, os “funcionários” do Centro Consciencial se verão desnorteados.  Tantas, e tão desencontradas informações chegando ao mesmo tempo só poderiam causar tumulto. 

 

Uma profusão de fatos, vozes, imagens, cheiros, desejos, que não sabe definir ou excluir.  É tudo isso que desemboca no Centro Consciencial numa enxurrada avassaladora.  Esse amontoado de percepções fere o equilíbrio perceptivo da pessoa,

 

que está habituada só aos sons físicos e à visão tridimensional deste mundo.  Confundida, resvala para a inquietude e o medo, a princípio.  Mas sobrevindo as repetições desses estados alterados, conseqüentemente a pessoa cairá nos processos alucinatórios, se não for tratada a tempo.

 

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Para os citados casos, o trabalho do terapeuta é o de ordenar esses emergimentos.  Pôr ordem na casa mental do indivíduo.  Primeiramente não considerando o paciente como sendo uma pessoa doente.  Ele não está doente.  Seu campo psíquico é que, simultaneamente, consegue avançar em outras dimensões.  Isso não é doença.  Faz parte do processo evolutivo do sistema nervoso que se comenta nas apostilas 15 e 16 da série Reconstrução.

 

Segundo, não obstruindo com drogas inibidoras o surgimento das manifestações, mas, organizando o campo emocional do paciente através de atividades que lhe despertem objetivos nobres.  É disso que o Espírito deseja saciar-se.  Tais atividades porem ser, trabalhos manuais com a natureza, trabalhos artísticos, leituras edificantes.  Tudo em horários regulares para criar o hábito de ordem.

 

Inserido numa terapia dessa modalidade o próprio paciente dará trato organizativo às tantas luzes que nele, inesperadamente, se acendem.  Com o tempo lidará com elas, perfeitamente, equilibrado.  É assim que vivem os médiuns sensatos.  No meio de muitas luzes que se acendem e apagam, sem que, contudo, se sintam perturbados.

 

 Bibliografia:    
 André Luiz/Francisco Cândido Xavier  Evolução em Dois Mundos – página 39   Federação Espírita Brasileira
 André Luiz/Francisco Cândido Xavier   No Mundo Maior  -  páginas 45, 54 e 58  Federação Espírita Brasileira
 Edith Fiore       Possessão Espiritual    Editora Pensamento
 Eliezer C. Mendes         Psicotranse      Editora Pensamento
 Emmanuel/Francisco Cândido Xavier   Pão Nosso – capítulo 111    Federação Espírita Brasileira
 Enciclopédia Barsa     Volume 15, página 73     Encyclopaedia Britannica
 Itzhak Bentov      À Espreita do Pêndulo Cósmico  Editora Cultrix
Leopoldo Balduino Psiquiatria e Mediunismo – página 201 Federação Espírita Brasileira
Manoel Ph. Miranda/Divaldo P Franco Painéis da Obsessão – Prefácio Livraria Espírita Alvorada Editora
Roberto Assagioli     Psicossíntese   Editora Cultrix
Stanislav Grof e Christina Grof   Emergência Espiritual  Editora Cultrix
Vivências  Apostila 13 da série Reconstrução e 37 e 52 da série Mediunidade  

   

Apostila escrita por

LUIZ ANTONIO BRASIL

Julho de 1997

Revisão em Novembro de 2005

Distribuição gratuita citando a fonte

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