Mediunidade 2 - Apostila 61
ESTUDO DA MEDIUNIDADE
51ª Parte
“Não vedes no mundo o empenho das autoridades em limpar das cidades o lixo, em recolher os assassinos, os mendigos, os ladrões e subversivos ? E´ trabalho nosso fazer o mesmo em nossa cidade mental, (...) A reforma das idéias é como a reconstrução de uma metrópole velha, para que, no mesmo lugar, seja edificada uma cidade nova.”
(Miramez – Livro – Horizontes da Mente – página 138)
LINHAS FINAIS – II
Para falar da Reunião Pública nesse cenário de estudo destas linhas finais, dividimos o tema em três sub-tópicos, a saber: Conceituação, Exposição Doutrinária e O Local da Reunião.
Assim ficou registrado na apostila 60. Além disso, para direcionar a análise do sub-tópico Conceituação usamos de duas perguntas:
1 – O que é Reunião Pública ?
2 – O médium deve a ela comparecer ?
Do que ficou comentado naquela apostila verificamos que a presença do médium à reunião Pública, até mais para seu próprio benefício, é indispensável. A seguir daremos ênfase ao assunto que responderá à pergunta número 1, acima.
Para respondê-la poderíamos usar de diferentes argumentos. Podemos até dizer que parte da pergunta já está respondida pelo conteúdo da apostila 60. Todavia, a mais forte definição que podemos empregar para ilustrar o significado de uma Reunião Pública é a que se segue.
A Reunião Pública é a sala de visitas onde se recebe aqueles que pela primeira vez fazem contato com um trabalho espiritual baseado no tríplice concerto da Ciência, da Filosofia e da Ética, ou aqueles outros que por motivos vários retornam ao convívio.
Ora, é na sala de visitas de nossa casa que procuramos apresentar às nossas visitas o que de melhor e mais bonito temos. Ninguém recebe uma visita, pela primeira vez, e a leva, imediatamente, ao cômodo de despejos onde se amontoam os trastes imprestáveis. Ao contrário, exibe ao visitante o que de melhor tenha.
Assim também se deve visualizar a reunião Pública. Recebe-se nela visitantes levados pelos mais variados motivos. Por ser um ambiente de vivência e consultas espirituais, lá adentram os portadores das mais diversas deficiências físicas e psíquicas, em busca de uma resposta para seus achaques e dúvidas.
Em razão dessa objetividade, que é a Reunião Pública, o ambiente da mesma deve ser saudável. Mesmo que de instalações simples, mas de agradável convivência. Não há necessidade de querer causar aos visitantes boa impressão estética do ambiente, mas para fazer-lhes sentir a atenciosa irmanação que com toda naturalidade ali se cultua. Mesmo porque, não seria coerente falar da ética universal usando-se de cerimonialismos que criam castas separatistas.
Na Reunião Pública deve ocorrer uma integração espontânea. Nada de se atentar para as diferenças sociais dos presentes. Todos, nessa sala de visitas, merecem igual atenção.
Essa maneira de visualizar a Reunião Pública deve nortear o pensamento daqueles que nela têm participação ativa. Além disso, alguns outros referenciais lembram a responsabilidade que a cada um compete.
1 – É um voluntário. Voluntário significa doação espontânea pelo empenho de um compromisso.
2 – Aos olhos dos visitantes o participante da equipe é o ponto de apoio de que necessita para se livrar da angustiante situação em que se encontra, e que ali os levou. Essa circunstância converte o voluntário no espelho daquela realidade que o outro desconhece. Se o voluntário refletir exemplos pouco edificantes o visitante não se sentirá seguro. Esse resultado é inevitável, pois todas as pessoas, quando vão a qualquer lugar pela primeira vez avaliam o ambiente pelo que ali presenciam.
3 – Aos olhos dos Mentores Espirituais o voluntário é o auxiliar com o qual contam. Para o plano Físico de nada serviriam os recursos dos benfeitores se não existissem canais competentes e leais.
Essas três ponderações formam o tripé que sustenta o médium em sua posição de colaborador responsável. Suporte indispensável que é da reunião pública.
Portanto, as considerações expostas na apostila 60, e essas das linhas acima, mostram como se deve conceituar a reunião pública, dando a ela o devido respeito de participação.
Dando sequência ao tema veremos a seguir o sub-tópico
EXPOSIÇÃO DOUTRINÁRIA – I
Este é outro item de elevada importância. Dissemos acima que muitos dos visitantes que comparecem à reunião pública é pela primeira vez que fazem contato com trabalho assistencial espiritualista. Em razão disso, oriundos de outras crenças religiosas ou filosóficas, é possível que estejam sobejados de superstições, além de angústias que possam estar lhes atormentando.
Dentro desse aspecto é a Exposição Doutrinária – Palestra Expositiva – que cumpre o importante papel de levar ao público informações sobre a estrutura da vida como um todo. A necessidade de usar desses esclarecimentos se prende ao fato de as pessoas oriundas de outras expressões do pensamento, como dissemos acima, estarem cheias de dúvidas, até mesmo superstições, quanto ao que ali irão encontrar.
Nas figuras 61A e 61B ilustramos dois desses comportamentos:
- Não passo por baixo de escada, isso dá azar.
- Se vejo gato preto dou a volta e me afasto. –
Isso parece brincadeira ou coisa do século passado. Mas não é. Ainda hoje pessoas vivem atormentadas por pensamentos como os citados acima. E não é só, essas crendices as imantam aos espíritos brincalhões e desordeiros, que se aproveitam para assusta-las ainda mais. Quando não, são vítimas, às vezes, de situações vexatórias, levando-as à beira de perigosos desequilíbrios emocionais.
Somado a tudo isso podemos dizer que as in-formações doutrinárias se fazem indispen-sáveis porque o foco de todo mal que acomete as criaturas esta na consciência de cada uma delas. Logo, as informações precisas demonstrarão com sensatez que tudo o que acontece, ponto por ponto, é o resultado de causas a que deu origem em outras vidas.
Como se isso não bastasse para justificar a explanação doutrinária, é preciso ter em mente que todas as pessoas, sem exceção, ali se encontram para aprender. Mesmo o elemento designado para fazer a apresentação, por mais experiente que seja, também aprenderá algo de novo naquela oportunidade.
Isso porque, pela impulsão da Lei do Progresso, quanto mais se aprende, mais se quer aprender. Para uma pergunta respondida, duas outras se levantarão. E assim, nesta progressão geométrica, o indivíduo vai inteirando-se dos fatos e construindo seu edifício do saber.
Observando a realidade do que acima expusemos chega-se à conclusão de que a exposição doutrinária deve ser cuidadosamente preparada, tendo por base o seguinte roteiro mínimo:
1 – O trabalho de esclarecimento, conforme temos falado desde as primeiras apostilas, se fundamenta no tríplice aspecto comum à Doutrina dos Espíritos, à Teosofia e à Antroposofia, qual seja, Ciência, Filosofia e Ética;
2 – Portanto, no conteúdo expositivo devem estar, simultaneamente, essas três características. Se se falar apenas no sentido da ética o expositor cairá no método das pregações religiosas tradicionalistas, a repetir versículos bíblicos, sem explicar a primordial função da vida. Por outro lado, mantendo-se só no aspecto filosófico poderá fazer o público se perder no acompanhamento, em vista da subjetividade do raciocínio que tenta transmitir. E se sua descrição ficar exclusivamente no científico, talvez a assistência não consiga aproveitar das informações, tal a complexidade teórica.
3 – Fica evidente, sem dúvida, que o conteúdo da exposição deve ter, juntas, as três características. Mesmo porque o público é constituído de pessoas de todos os gostos e interesses, e todos, sem exceção, mesmo sem o saberem, estão em busca de informações esclarecedoras. Não fora assim, teriam permanecido em suas religiões de origem.
4 – Logo, a escolha e preparação do tema devem tomar por princípio o que acima ficou comentado.
5 – Se houver leitura durante a exposição, esta deve ser a mais curta possível, e feita de forma pausada, usando-se de sinônimos para facilitar a compreensão. Se possível devem ser distribuídas cópias do texto a ser lido para o público ir acompanhando com melhor interação, bem como para permitir-lhes posterior releitura em casa.
6 – O comentário do texto lido deve ser feito com voz calma e clara, demonstrando estar sendo feita uma sugestão. Não uma imposição. Lembrar que cada um dos ouvintes é livre para aceitar, ou não, o que se expõe. O trabalho não é de convencimento ou catequese. No timbre de voz não deve haver imposição. Tudo se resume numa informação sugestiva. A clareza do raciocínio e das informações é que fará com que as pessoas se convençam das verdades que se expõe.
7 – A forma brusca e apressada de falar gera vibrações de irritação e cansaço no ambiente.
8 – Cuidar por se manter exclusivamente dentro do tema escolhido. Não se deixar levar pelo entusiasmo e ir passando de um assunto a outro, como se quisesse prestar todas as informações doutrinárias de uma só vez. Esse descuido faz com que o tema central da reunião fique perdido.
9 – Se posicionar inteiramente à disposição do público para dirimir dúvidas, quanto para ouvir comentários. A era do orador teatral já passou. Devemos abrir espaço para comentários-diálogos. E para conduzir uma reunião expositiva dentro desses parâmetros é preciso ter coragem, conhecimento e convicção para isso, pois que é imperioso o respeito para com o público e a atenção para com as curiosidades do mesmo, sem permitir, contudo, que se descambe para a desordem.
Na próxima apostila daremos seguimento ao tema.
Bibliografia:
Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Questões 131, 175, 176, 324 a 333 – Livraria Allan Kardec Editora
André Luiz/Francisco C Xavier – Nos Domínios da Mediunidade – capítulo 17 – Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco C Xavier – Mecanismos da Mediunidade – capítulos 16 e 22 –
Edgard Armond – Trabalhos Práticos de Espiritismo – Editora Aliança
Edgard Armond – Passes e Radiações – Editora Aliança
Edgard Armond – Curas Espirituais – Editora Aliança
Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Novembro de 1997 – Revisão em Setembro de 2008