Mediunidade 2 - Apostila 52
ESTUDO DA MEDIUNIDADE
42ª Parte
“A meditação regular ajuda muitíssimo o aspirante, e sua regularidade é um dos mais importantes fatores do bom resultado. Tem de se efetuá-la todos os dias à mesma hora e perseverar firmemente nela, mesmo que de pronto não se obtenham positivas conseqüências.”
(Charles W. Leadbeater – Livro: Os Mestres e a Senda – página 71)
M E DITAÇÃO
A conclusão que chegamos com a análise sobre mentalização, feita pela apostila 51, foi de que a pessoa que desejar seguir um roteiro espiritualizante terá que, necessariamente, organizar-se numa disciplina de meditação, pois esta lhe será o pão espiritual de cada dia. O alimento diário para o espírito. Melhor dizendo, o ajustador dos corpos que, devido à azáfama do dia, tende a desacoplá-los uns dos outros.
O Ser humano vive dias de grande agitação e inquietude. Sofre, enormemente, sob a pressão das convenções sociais vigentes, cada vez mais exigentes e empurrando o cidadão a uma competitividade sem limites. A vida tornou-se um torvelinho, que para muitos chega aos níveis do desespero.
Na figura 52A representamos esse cenário sufocante, dentro do qual o Eu verdadeiro, através de seu corpo Físico, padece e embrutece. Vencido, a única resposta que de si consegue dar ao mundo exterior são seus atos animalizados.
Todos hão de concordar que esse quadro desanimador não pode perdurar por toda a vida. Alguma providência, em contrário, deve ser feita.
Todavia, como mudar o mundo é tarefa para os milênios, pode-se, porém, pensar em mudar o indivíduo. E é com a prática da meditação que o indivíduo se transforma.
Seu ambiente exterior continuará sob as mesmas pressões de antes, mas, como a figura 52B mostra, uma serenidade, inicialmente tímida, porém crescente, passa a fazer parte de Si. O circuito entre a consciência e seu veículo de manifestação, antes obstruído, com a prática regular da meditação, garante fluir essa harmonia para com a vida.
Para ficar bem claro a razão da necessidade do ato meditativo como recurso harmonizador, há que lembrar que a humanidade só tem vivido para o mundo exterior. Até as práticas religiosas têm levado ao culto de exterioridades. Conquanto se prestem valorosamente a uma iniciação espiritualizante, contudo a ritualística de cultos não leva o indivíduo de encontro a Si mesmo.
Isto é, o conhecer-se, que é fundamental no que tange à sua auto-harmonização.
Em razão disso, criou-se um acorrentamento do indivíduo ao mundo exterior. E´ esta corrente que precisa ser rompida para não envilecer, ainda mais, sua consciência. E, paradoxalmente, essa mesma exterioridade da vida, carregada em sua dureza e decepções, é que faz a criatura buscar significações outras para a própria vida.
Essa busca, meditativamente feita, é que leva a pessoa a romper a corrente que a subjuga, dominadoramente, ao mundo físico.
A figura 52C mostra a imagem da libertação. Com o Eu devidamente harmonizado ocorre o rompimento do domínio. Permanece no mundo, mas este não mais exerce a influência que antes tinha sobre aquela pessoa.
Todavia, não esqueçamos, a Lei de Causa e Efeito deixa bem claro que não há liberdade sem responsabilidade.
“Do que semear, disso colherá” (Gálatas 6:7).
Nesta máxima instruída pelo apóstolo Paulo, reside o grande encargo de cada um quando praticante regular da meditação. Isto porque, com a meditação, encontrará a liberdade representada pela harmonia interior que se estabelecerá, não obstante, será chamado para responder aos altos riscos da responsabilidade.
A razão é a seguinte: A consciência é o Eu verdadeiro. O Ser vivente de eras e eras incontáveis. Os corpos são só instrumentos temporários que servem para amea-lhar experiências. Experiências que ficam gravadas, indelevelmente, na consciência.
E como a figura 52D mostra, a consciência arquivou-as em suas “quilométricas prateleiras”. (Vide apostila 37) – Enquanto a pessoa apenas preocupa em viver a vida exterior, seu arquivo multi-milenar de experiências permanece adormecido. Para algumas se torna quase inexistente. Ou seja, a abertura do poço que dá acesso aos “porões”, está inteiramente fechada.
Mas tudo se transforma quando esta mesma pessoa resolve “visitar seus porões”. A partir daí já não será a mesma de antes. Ecos de vivências passadas voltarão a vibrar ao nível da atual consciência. Mas não serão simples recordações. Serão tendências. E tendências influenciam, pressionam, favoráveis ou desfavoravelmente. Disso ninguém duvida.
É nesse ponto que se esbarra com os altos riscos da responsabilidade, pois, o que terá sido, ou feito, esse indivíduo em outras vidas ? Quais acontecimentos protagonizou ? Quais tendências subirão pelo elevador cármico de hoje, a ponto de influenciar, alterando, as disposições de agora ?
Perguntas que merecem longa reflexão. Todavia, não existe outro caminho a percorrer se a pessoa deseja alcançar a harmonia interior. Qual seja, terá, ela mesma, de carregar a própria cruz.
Toda essa digressão inicial foi para deixar bem visível a que rota a meditação conduz, pois que no geral fala-se muito em meditação, e não são poucos os livros que exibem métodos anunciados como infalíveis e promissores de felicidades. Porém a experiência tem nos mostrado que a verdade é bem outra. E, coerente com essa experiência, foi que na apostila 51 reproduzimos citações de quatro baluartes do espiritualismo consciente e responsável. E todas elas convergindo para um só princípio, afirmam unânimes que a reforma do caráter é o requisito principal a ser adotado por todos aqueles que se aproximam do limiar da vida espiritual.
Melhor dizendo, cruzar aos portais entre os dois mundos, o Físico e o extra-físico, exige, reverência, respeito, disciplina, determinação e paciência.
Reverência: compreender a sacralidade do todo da criação;
Respeito: utilizar-se apenas no intuito edificador;
Disciplina: controle pessoal;
Determinação: ter como único objetivo o princípio edificador;
Paciência: saber esperar confiando que sua trajetória está sob os cuidados dos Mestres. As respostas do processo meditativo não têm data para serem dadas. Depende mais do candidato, nos seus gestos de hoje, do que de seus simples desejos.
Portanto, as anotações acima são perfeitamente cabíveis, porque antes de se aplicar ao treino há que enxergar a responsabilidade que do ato advirá. Sem os esclarecimentos acima, qualquer pessoa que viesse a fazer uso de nossas sugestões, e acontecesse de ser surpreendido por resultados alarmantes, poderia se sentir frustrada, alegando: “Não me advertiram de que tal poderia acontecer”. Com os esclarecimentos, porém, tornamos o candidato perfeitamente cônscio do que exclusivamente é de seu encargo.
Antes de passarmos à sugestão para o processo da meditação, acrescentemos mais um pouco de informação.
Sabe-se que o espaço existencial é subdividido em seis outras dimensões além da Física onde existimos presentemente. (Vide apostila 10).
À meditação podemos chamar de meio de acesso a esses outros níveis existenciais. Todavia, esses outros níveis possuem suas linguagens próprias, análogo ao que acontece com as nações da Terra. Cada nação, ou grupo de nações, fala seu próprio idioma, diferente das demais.
Desta forma, para que desta dimensão física em que nos encontramos, se possa ter acesso às outras dimensões, se faz necessário aprender daqueles “idiomas”. E isso é feito via meditação, qual seja, aquietamento das emoções e das reações do viver físico para que, consciencialmente, se possa “ouvir” daquelas linguagens.
Através da figura 52E tentamos criar uma visualização de todo esse acontecimento. Vamos à descrição da figura.
Quadro A – A esse momento a pessoa está se preparando para o ato da meditação. Acomoda-se confortavelmente conforme possa fazê-lo. Mentaliza objetivos de seu interesse, e como se fossem sondas, suas vibrações mentais “sobem” em direção aos níveis superiores. Perpassando um a um até atingir o Centro Consciencial, seu Eu verdadeiro que se situa no plano Monádico. Naturalmente que nas primeiras sessões de treino quase não perceberá mudanças em seu nível mental, como também ele não irá além do plano Astral. Somente após longo período, meses, talvez até mais, é que começará a sentir as vibrações mais sutis das alturas maiores.
Quadro B – Já num estágio mais avançado suas vibrações mentais atingem seu Centro Consciencial. Forma-se a interação entre os dois extremos. O Monádico e o Físico. O Eu verdadeiro e seu instrumento mais denso. Como se nada existisse entre os dois, quais sejam, os demais corpos, a pessoa, a nível físico, passa a sentir o envolvimento das energias sutis, reformuladoras de um indescritível bem estar. O Eu verdadeiro, como que se despertando, lança fluxos contínuos de suas mais puras energias envolvendo todo seu instrumental de manifestação cósmica. Todos os seus veículos, corpos, se enfeixam num só fluxo de energias. Isto é, igualam-se as linguagens dos vários planos e um só sentir passa a tomar conta do conjunto.
Fisicamente, a pessoa sente que um halo de luz, energias, a envolve. Uma quietude que não conhecia.
Quadro C – O processo de meditação atinge um ápice que se aproxima do êxtase. O Eu, em vibrações mais intensas, como num abraço mais apertado, ajusta todos os corpos num só diapasão vibratório. A pessoa, fisicamente, vai sentindo como a se desdobrar. Mas não é a multiplicação de seu corpo Físico. O que sente é o perceber dos demais corpos junto aos quais compõe o conjunto utilizado pelo Eu. E´ a consciência, perpassando por cada um deles, como se fosse o dedo indicador de um pianista tocando, seqüencialmente, as teclas de um piano. Uma a uma. Em notas cada vez mais crescentes.
Assim, atinge a harmonia pessoal e se sente outra pessoa para a vida, embora sendo a mesma.
Agora, sim, podemos passar à nossa sugestão para o processo meditativo.
Nossa sugestão se resume num processo simples, visando apenas o desenvolvimento inicial. Inicial porque cada pessoa é um Ser único, e com o tempo descobrirá, por si mesmo, um roteiro com o qual se sinta melhor. Não existem métodos que sirvam, invariavelmente, para a vida toda. Mediante as descobertas que fará de si mesmo, passará, também, por mudanças no método meditativo. Consideramos, portanto, dispensáveis quaisquer formulações além das que se seguem.
1 – Escolha de um local onde, diariamente, possa entregar-se à meditação;
2 – Escolha de uma hora onde, diariamente, sempre àquela mesma hora, possa dedicar-se à meditação sem riscos de ser interrompida;
3 – Inicialmente o tempo a ser dedicado à meditação não deve exceder a 15 minutos. Além desse tempo o novato facilmente se cansa e sua mente volta a ficar inquieta, tornando infrutífero qualquer esforça de concentração;
4 – Observação: embora em muitas escolas do pensamento não façam essa referência, entretanto é necessário que se diga que nunca, em hipótese alguma, estamos sozinhos. Podemos estar fisicamente sozinhos, porém, sem dúvida, tendo nas proximidades alguma presença de entidades espirituais. E estas presenças podem ser por variadas motivações. Dentre estas as de amigos espirituais que nos acompanham de muitas vidas, e que na atual encarnação se associam conosco intentando atividades engrandecedoras.
Portanto, fazendo a meditação no mesmo local e horário passa a acontecer o seguinte: O Local se impregna das emanações mentais da pessoa e dos assistentes espirituais. Torna-se, assim, um centro condensador de energias que facilitará a mentalização em cada sessão. Ficará, também, estabelecido como ponto de encontro entre o praticante e os assistentes. - O Horário sendo reservado e respeitado, permitirá aos mentores a certeza de que poderão programar suas visitas, pois o praticante lá vai estar. Isso nos faz recordar que o tempo no mundo espiritual não é contado como o do mundo físico. Para que os mentores possam comparecer aos compromissos conosco, têm antes de satisfazer as diferenças de atividades e horários onde residem. Portanto, trabalho redobrado para eles. Imaginem eles, depois de tanta preparação, comparecerem ao local do encontro e não encontrarem o praticante. No mínimo é uma falta de respeito, a denotar que o praticante ainda não está suficientemente maduro para abraçar o ideal que imagina. Seu desejo ainda é pueril;
5 – Antes de iniciar a meditação tomar um banho. O banho vai deixar o praticante sentindo-se mais leve, e os poros de sua pele, desobstruídos, melhor absorverão as energias espirituais com as quais entrará em sintonia;
6 – Nos primeiros treinos a mente do praticante vai se comportar como um cavalo selvagem. Irrequieta. Não se fixando em nenhum tema.
(Figura da apostila 45). A mente vagueia desordenadamente de pensamento em pensamento. É uma mente que se pode considerar como desprotegida, pois entra em sintonia com toda e qualquer onda mental que passe pelas proximidades. Desta forma, se forem pensamentos inquietantes a pessoa vai se sentir inquieta, se forem angustiantes, vai se sentir angustiada, e assim relativo a todas as formas de sentimentos. Em locais próximos de lugares agitados o praticante pode se sentir tenso;
7 – Há que observar ainda que um dos fatores preponderantes da inquietação são os sentimentos próprios. Estes, quando envoltos por idéias extravagantes ou promíscuas, afetam os chacras. O movimento dos chacras se torna irregular, descompassado. Está claro que u’a mente assim agitada é imprópria para a meditação. Entretanto, como o praticante não tem outra, a solução está no educar-se;
8 – Para educar-se, dado a inquietação comum de todo novato, nesse início torna-se necessária aplicar-se a um exercício de controle. Esse exercício irá revertendo os automatismos da inquietação em automatismos de serenidade e controle mental.
Na próxima apostila apresentaremos nossa sugestão para o exercício referido, como também um método inicial de meditação.
Bibliografia:
André Luiz-Francisco Cândido Xavier – Evolução em Dois mundos – capítulo 13 – Federação Espírita Brasileira
André Luiz-Francisco Cândido Xavier – Mecanismos da Mediunidade – capítulos 11, 15 e 16 - Federação Espírita Brasileira
Annie Besant – O Poder do Pensamento – Editora Pensamento
Bárbara Brennan – Mãos de Luz – Editora Pensamento
Choa Kok Sui – Cura Prânica e Psicoterapia Prânica – Editora Ground
Hiroshi Motoyama – Teoria dos Chacras – Editora Pensamento
Joana de Angelis-Divaldo Pereira Franco – O Homem Integral – Livraria Espírita Alvorada Editora
Miramez-João Nunes Maia – Horizontes da Mente – Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Zulma Reyo – Alquimia Interior – Editora Ground
Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Abril 1997 – Revisão em Agosto de 2007