Mediunidade 2 - Apostila 51

Mediunidade 2 - Apostila 51

  

          ESTUDO DA MEDIUNIDADE

                                                                  

41ª Parte

  

A nossa mente é um microcosmo, é uma área infinita, é uma lavoura de proporções indescritíveis.  E tudo nos é dado para cultivar esse campo sem limites.  Se quiserdes experimentar começai hoje mesmo.”

(Miramez – Livro: Horizontes de Mente – página 75)

 

M E N T A L I Z A Ç Ã O

Em termos comuns, podemos dizer que mentalização é o ato pelo qual uma pessoa se liga, psiquicamente, a outra, ou a algum objeto, ou ainda, a algum lugar, situados estes perto ou distantes.

Mas este ligar de que estamos tratando não é apenas o de trazer à mente alguma lembrança. 

Como a figura 51A  representa, é criar um canal interligando-se ao centro do interesse que se objetiva naquele momento. 

Vemos na figura o médium concentrado e mentalizando seu Mentor. 

Entre os dois forma-se o canal fluídico – energias – emanadas da mente do médium que, atingindo a sintonia desejada, por este intercambiam-se os pensamentos dos dois.

Portanto, podemos dizer que mentalizar é fechar um circuito entre duas extremidades. 

Obviamente, para que esse circuito seja eficaz é necessário que o indivíduo possua boa estabilidade mental, pois uma mente tumultuada é como um dia de tempestade.  Esvai a tranquilidade.

 

Em busca dessa tão necessária estabilidade mental, nossa análise se abre em duas recomendações:

 

1 – Meditação – como método educativo do controle mental;

2 – Determinação – para dar utilidade à meditação.

 

Para falar e definir o que seja meditação, usaremos antes de alguns textos, cujo primeiro deles vamos encontrar no capítulo 28 item 89 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, organizado por Allan Kardec, que assim expressa:

“Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu aos homens a vista física, os sentidos corporais e os instrumentos especiais.  Com o telescópio, ele mergulha o seu olhar nas profundidades do espaço, e com o microscópio descobriu o mundo dos infinitamente pequenos.  Para penetrar o mundo invisível, deu-lhe a mediunidade.” 

(O texto acima foi primeiramente publicado em 1864)

 

O segundo texto vamos extrair do livro A Ciência Oculta, autoria de Rudolf Steiner, página XVIII do prefácio:

“O conhecer humano pode fortalecer-se e intensificar-se, como pode intensificar-se a capacidade visual do olho, com a diferença de que os meios para intensificar o conhecimento são de natureza inteiramente espiritual; consistem em práticas puramente puramente anímicas, descritas neste livro como meditação e concentração.”  (Texto publicado em 1913)

Por último citamos Joana de Angelis, espírito, no seu livro O Homem Integral, página 133, psicografado por Divaldo Pereira Franco, que dentre outras citações ensina:

“Assim, a busca de si mesmo, para a liberação de conflitos, amadurecimentos psicológicos, afirmação da personalidade, resulta de uma consciente disposição para meditar, evitando o emprego de largos períodos que se transformam em ato constrangedor e aborrecido.”  (Primeira publicação desse texto em 1990)

Temos assim três diferentes autores, em três épocas também diferentes.  1864, 1913 e 1990, respectivamente, porém, fazendo uso do mesmo ensinamento para se chegar ao  mesmo objetivo:  o Conhecer.

A  direção que os citados textos nos apontam é para o Eu Verdadeiro, o Ser Consciência.  É ele o verdadeiro conhecedor.  

Os corpos de que se utiliza, conforme vemos na figura 51B, em suas inúmeras manifestações nas incontáveis eras, são apenas elementos de sondagem e aprendizado.

Portanto, dos textos acima compilados podemos dizer que meditação é o ato da criatura buscar-se a si mesma, para estabelecer de forma clara, a relação do que seja o EU, não mais o confundindo com seus corpos.   Uma vez assim definido estará em condições de  juntar num só ato, num dado momento, todo o poder que tenha por si mesmo desenvolvido através das muitas eras e vivências.

Depois desses apontamentos passemos à análise do tema Meditação.

Meditar – é concentrar a atenção, com todas as forças de si, numa dada questão que se deseja conhecer com clareza, ou ter sobre ela mais controle.

Concentração – é o ato de tornar a mente um instrumento dócil nas mãos de seu dono, o EU, com o fim de facilitar o acesso ao conhecimento ou controle desejados.  (Rever apostila 31 que traz informações mais completas sobre concentração)

Para dar solução ao esquema acima enunciado torna-se necessário visualizar as partes que nele se envolvem.  Conhecendo-se as partes será mais fácil distinguir em uma os efeitos da outra, procurando neutralizar as influências nefastas.

 

A figura 51C demonstra que a criatura é composta do Eu Verdadeiro acompanhado de seus diversos corpos que, para simplificar, representamos apenas três.   Cada corpo tem seus respectivos centros de energia, ou chacras.  (Chacras, vide apostilas 21 à 25).

Quando a pessoa se encontra no estado de vigília física, acordada, esses corpos estarão acoplados.  Porém, vai aqui um alerta:  os corpos estarão acoplados, mas nem sempre estarão inteiramente justapostos.

Na figura 51D essa situação é melhor visualizada. 

Vemos que os corpos se unem no eixo comum da consciência, todavia estão dispersos entre si.  Isso acontece mesmo nas horas em que o indivíduo está acordado.  Exemplos:  autismo, ataque epiléptico, estados alucinatórios. 

Em tais circunstâncias os corpos se comportam como se estivessem abertos em leque.  Isto é, presos a um centro comum, o eixo do leque, mas separados na maior parte de seus volumes. 

Nessa situação, como não há justaposição entre eles, e em vista dos automatismos instintivos, a pessoa, num dado  momento, poderá se comportar comportar com as seguintes reações, simultâneas:  1 – no físico praticando algum ato, seja ele qual for.  Geralmente um automatismo de movimento de mãos, o balançar do tronco torácico, ou a repetição contínua de mesmas palavras;

Mas, e por isso mesmo; 2 – com o corpo Astral envolto em sensações próprias de seu plano, e alheio àqueles atos do  físico.  E, vem a conseqüência maior;

3 – com o corpo Mental fixado em algo ainda mais distante dos atos e das sensações que os dois corpos anteriores acusam.   Portanto, um fracionamento do todo pessoal,  Pode-se comparar esse comportamento a uma situação como se ali estivessem três pessoas diferentes.  Cada uma delas em atitude estranha às outras.

Sobre esse fracionamento do Ser, Hermínio Correa de Miranda, em seu livro Condomínio Espiritual, página 41, primeira edição, editado por Editora Folha Espírita, cita um brilhante texto cuja autoria é atribuída a Théodore Flournoy, que o vemos a seguir:

“Assim como o cristal se parte sob o impacto de um martelo, quando atingido de acordo com linhas definidas de clivagem, da mesma forma, a personalidade humana, sob o impacto de excessivas emoções, quebra-se, às vezes, ao longo das linhas de menor resistência, ou segundo as grandes linhas estruturais de seu temperamento.”  (Grifo nosso). 

Pois bem, então o que se vê, em tais situações, que não é tão incomum, é uma espécie de disparate comportamental, e pode até parecer que nossos comentários sejam inaceitáveis já que, visualmente, só se percebe as atitudes inconstantes externadas pelo corpo Físico.  Como os demais corpos não são visíveis ao olhar comum, fica a impressão de que tudo se limita ao corpo Físico, quando, na verdade, este apenas exterioriza impulsos de outras dimensões de si  mesmo.

Não obstante, ao observador arguto os reflexos dessas mesmas atitudes indicam que aquele conjunto não está bem justaposto.  Por isso ocorre uma inquietação, um estremecimento entre os três elementos de um mesmo indivíduo, - seus corpos - resultando, daí, o seu comportamento disparatado.

Obviamente que o exemplo comentado acima se refere aos casos extremos de descentralização psíquica, porém, ilustra-nos, enfaticamente, a ocorrência nada incomum do desassossego  mental em que a pessoa possa se emaranhar sem que, contudo, perceba como está se comportando.

Os constantes estímulos da vida atual, agitadíssimos, estressantes, e que vão se tornando habituais, não permitem suficientes momentos de aquietamento para que a pessoa possa sondar a si  mesma.  Possa perceber o quanto seus diferentes corpos estão desalinhados, causando-lhe, inclusive, situações constrangedoras em algumas ocorrências dos chamados estados alterados de consciência.

Daí, portanto, a validade inconteste das recomendações dos três autores acima citados, e da citação de Annie Besant que aditaremos mais a baixo.  A busca e compreensão de si mesma.

Tão logo se inicie a prática regular da meditação passará a sentir as diferenças que existem e caracterizam cada um de seus corpos.   Nessa observação ela mesma verificará o quanto eles, seus corpos, têm estado juntos, correspondendo às atitudes coerentes de cada momento, ou, litigantes entre si,  provocando cenas desagradáveis.

Torna-se, portanto, fácil concluir pela figura 51D que o dispêndio de energia é muito grande quando os corpos estão desalinhados, ou, como dizem os psicólogos, descompensados.   A consciência se consome e se confunde numa encruzilhada de sugestionamentos que lhe chegam de diferentes planos ao mesmo tempo.

A ciência Espírita, e os demais ramos das ciências ocultas, ao nos falarem em meditação, vêm em socorro das criaturas para tirá-las dessa encruzilhada e desperdício.

A figura 51E nos exibe os dois  momentos: quadro 1, situação vista acima, em que a pessoa se encontra descompensada.  Os corpos Astral e Mental não estão acoplados ao Físico.   Entretanto, dando inicio aos treinamentos de meditação eles vão se juntando, justapondo-se;  quadro 2, situação de equilíbrio, corpos justapostos, o que é conseguido com a prática da meditação.

Desta forma resulta que: 

-A- o Mental inteiramente tomado pelo EU emite suas radiações, pensamentos que; 

-B- atingindo o Astral fazem-no vibrar harmoniosamente.  Esta vibração encadeia-o com o Mental, isolando-o das sensações exteriores e estranhas ao pensamento emitido.  Atingindo esse controle, a influência do Mental passa ao;

-C- Físico que, em vista disso, vai se comportar sereno e tranqüilo.  Assim, pois, a consciência, ou o EU verdadeiro, tem livre, fácil e direto acesso a todos os seus corpos.  Não  mais uma encruzilhada.

Determinação – Para comentar sobre determinação usaremos, inicialmente, de um texto de autoria de Annie Besant, como referimos antes, contido em seu livro O Poder do Pensamento, à página 70, e ditado pela Editora Pensamento. 

“Quem quer que se determine a levar uma vida espiritual, tem que se dedicar diariamente algum tempo à meditação.   Antes, se poderia manter a vida física sem alimento do que a espiritual sem meditação.   Os que não possam dispor de meia-hora por dia, durante a qual se abstenham do mundo e sua mente receba uma corrente de vida dos planos espirituais, estão incapacitados para levar uma vida espiritual.”

Por si só a citação acima diz muito.   É uma advertência que vem de uma das maiores espiritualistas que o mundo já conheceu.   Portanto, de alguém que conhece profundamente de problemática da vida espiritual.   Sua recomendação é simples.  Disponibilizar alguns minutos ao dia, diariamente, nos quais, em atitude meditativa, o espírito possa embeber-se da sublime fonte cósmica.

Seguindo essa exemplar orientação a harmonia interior será uma constante no indivíduo.  Toda sua alma estará centrada no eixo de sua consciência, capacitando-o a ser valioso auxiliar na parceria ao lado dos respeitáveis condutores da vida espiritual.   Aquele auxiliar que vimos na apostila 48 na representação da figura 48G.

Todavia, não adotando essa determinação de diariamente fundir-se, por alguns minutos, com a energia primordial, a pessoa não colherá nenhum resultado satisfatório.   Continuará dispersiva.  Seus recursos espirituais, isto é, suas várias possibilidades mediúnicas, como se falou das possibilidades do desenvolvimento da faculdade de clarividência, perder-se-ão no tempo.

Essa determinação é que dará utilidade, como dissemos acima, à vivência espiritual.  Descobrirá, o praticante, além dos recursos para sua harmonização interior, seu inequívoco entrelaçamento com os mestres orientadores da humanidade, e junto deles se tornará o ponto de contato desta mesma humanidade com os planos espirituais.

Resumindo, há que descobrir, em si, forças suficientes para fixar, determinadamente, o processo de meditação.

Na próxima apostila trataremos de métodos de meditação.

 

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Bibliografia

Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo 28 item 9 – Livraria Allan Kardec Editora

Annie Besant – O Poder do Pensamento – Todo o Livro – Editora Pensamento

Bárbara Brennan – Mãos de Luz – Página 267 – Editora Pensamento

Hermínio Correa de Miranda – Condomínio Espiritual – página 41 – Editora Folha Espírita

Itzhak Bentov – A Espreita do Pêndulo Cósmico – página 223 – Editora Pensamento

Joana de Ângelis/Divaldo P Franco – O Homem Integral – página 133 – Livraria Espírita Alvorada Editora

Miramez/João Nunes Maia – Segurança Mediúnica – páginas 10 e 54 – Editora Espírita Cristã Fonte Viva

Miramez/João Nunes Maia – Horizontes da Mente – Todo o livro - Editora Espírita Cristã Fonte Viva

Miramez/João Nunes Maia – Médiuns – Todo o livro - Editora Espírita Cristã Fonte Viva

Rudolf Steiner – A Ciência Oculta – Todo o livro – Editora Antroposófica

Waldo Vieira – Projeciologia – capítulo 314 – Edição do Autor


Apostila escrita por

LUIZ  ANTONIO  BRASIL

Abril 1997 – Revisão em Maio de 2007

 

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