Mediunidade 2 - Apostila 42
ESTUDO DA MEDIUNIDADE
32ª Parte
ATIVIDADES VII
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE - II
Dentro do tópico Influência do Meio Ambiente sobre o médium, depois de analisarmos a vivência no lar e no local de trabalho profissional, veremos a seguir duas outras modalidades.
O LAZER
A distração, ou diversão, exerce profunda influência sobre as pessoas. Estamos numa época onde se dá excessiva importância às coisas materiais e ao culto do corpo. Nunca, como dantes, se fala tanto em ginástica e modelação física. Se na Grécia antiga havia os torneios olímpicos, não esqueciam, todavia, dos cuidados com a mente. O objetivo era “mente sã em corpo são”. Agora, entretanto, cuida-se apenas do exibir o corpo. A mente, ora, segue intoxicada pela obsessão de embelezar o corpo, como se este fosse tudo e que jamais viria perecer.
Em razão disso, as diversões se tornaram mais sofisticadas. E cada vez renovadas em novidades, pois em pouco tempo não mais satisfazem a exigência dos exibicionistas. Nota-se que há uma insaciabilidade, também nas diversões, e os exageros chegam a tal ponto que se tem a impressão de que para todos a vida é apenas matéria. Não sei dizer se a sociedade vive desse modo por esquecimento da origem ou se por desespero. Acredito que seja por desespero. Uma infrutífera tentativa de resistir ao irresistível fluxo evolutivo da vida. Daí, o espírito, a essência da própria individualidade, está relegado ao esquecimento.
É neste particular, o esquecimento do espírito, que o médium se sente mais deslocado. Ele é a ponte que liga o mundo espiritual ao mundo físico, mas como o mundo físico não quer saber do espiritual, a sensação que dele se apodera é a de um estrangeiro em terras distantes. Sente dentro de si o apelo de sua consciência convocando-o para ações nobres, e mesmo nos momentos de lazer só sente atraído para diversões que elevam o conceito da alma. Apesar dessa preferência seu lado humano continua exercendo alguma provocação, às vezes forte, dominadora, seduzido pelas aparências do mundo físico. Disso o médium não está isento.
Sua luta interior, portanto, não é pequena. Mesmo que demonstre calma e contentamento, essa exteriorização não será autêntica, se não aprender a dominar as tendências que ainda o fazem voltar os olhos à sedução da vida humana. Não se trata de fazer-se santificado. Não se pede tanto a ele. Afinal de contas, ao médium é absolutamente permitido e necessário que participe de diversões.
O que se alerta é quanto ao fato de que, em todo e qualquer lugar onde se encontre, é sempre o foco mais sensível de atrações psíquicas.
Por esse motivo deve tomar os devidos cuidados na escolha das diversões.
Por diversões deve-se entender ser tudo aquilo que se faz fora dos compromissos e obrigações de trabalho. Logo, uma boa leitura é uma diversão; uma caminhada ajuda a descansar a mente; uma viagem faz sentir a alma mais leve; o distrair-se entre amigos em festas sociais ajuda a aliviar tensões. Tudo isso sem precisar praticar os excessos, condenáveis, que distanciam o homem de seu próprio espírito.
A verdade é que enquanto a pessoa se sente desejosa ou doentiamente saudosa das diversões extravagantes que envolvem aglomerações em exibições corporais, ou uso de bebidas e alucinógenos, é porque, como médium, ela ainda não se encontra em condições de participar de grupos espiritualistas cujo caráter dos trabalhos seja o da fraternidade isenta de interesses menos dignos.
A DEVOÇÃO
O ato devocional é marcante em todas as criaturas. Mesmo nas que se dizem descrentes de tudo a voz da alma se faz ouvir, e um dia se rendem à busca interior. Portanto, devoção dentro do aspecto de culto exterior e celebrações não mais satisfazem às pessoas. Suas consciências, por isso mesmo inquietas, buscam fora a essência Única, mas, paradoxalmente, só A encontram no âmago de si mesmas.
É daí que, insatisfeitas com a inocuidade dos cultos exteriores, as pessoas passaram a procurar pelo espírito. Nessa circunstância o médium é o elemento base na condução dessa jornada espiritualizante. Ele traz o mundo espiritual de encontro ao mundo físico. Nessa realidade, e conforme a figura 42A ilustra, a posição do medianeiro é muito delicada.
Tanto recebe as ondas mentais vindas de mentores espirituais, quando a dos encarnados, presentes à reunião. Isso significa dizer que sobre ele deságuam volumes consideráveis de vibrações mentais. Por isso, comumente, os médiuns inexperientes se sentem envoltos por indescritível tumulto.
Visando o equilíbrio interior do médium e a harmonia da reunião, sugerimos a seguinte preparação disciplinar:
1 – à noite anterior, em sua casa, antes de deitar, mentalizar o local da reunião;
2 – na mentalização visualizar o lugar costumeiro que ocupa, e as cenas do trabalho que desempenha;
3 – focalizar seu mentor, e num comentário simples dialogar com ele, fazendo referência à reunião vindoura;
4 – ao acordar, já no dia da reunião, como primeira lembrança levar a mente para a obrigação mediúnica de logo mais;
5 – procurar organizar e viver esse dia sem atropelos;
6 – alguns minutos antes de sair de casa para a reunião, dirigir a mente ao recinto do encontro, projetando energias salutares sobre aquele local.
Quase sempre, neste momento, sente-se uma saudável expectativa. É um sentimento de satisfação que envolve o médium como a dizer-lhe: “Vamos, também já estamos prontos”. É a voz dos particulares amigos espirituais do médium, estimulando-o ao compromisso.
7 – no local da reunião, antes de seu início, evitar conversações desnecessárias e que provoquem desatenção, principalmente de assuntos que possam ser tratados em outra hora.
A experiência tem nos demonstrado que a preparação sugerida acima proporciona ao médium a constituição de um invólucro de energia protetora.
Essa energia, como se vê na figura 42B tem por origem os amigos espirituais do médium, que dele se acercam.
Estabelece-se aí, uma só psicosfera entre médium e mentores. Esse invólucro será suficiente para repelir emanações indesejáveis. Nessas condições o medianeiro se sentirá em harmonia para participar da reunião.
As observações acima enumeradas são válidas tanto para as reuniões privativas quanto para as reuniões públicas. Em qualquer circunstância o médium deve criar em torno de si uma atmosfera de compreensão, pois o local de reunião exerce grande influência sobre ele. Há ali uma impregnação permanente, e suas vibrações pessoais devem ser ressonantes com o ambiente.
(Ver apostila 32 folha 2 quando falamos de circuito ressonante, o que vem de ser o igualar as vibrações pessoais às do mentor ou às do ambiente em que os trabalhos se desenvolvem.)
Sobre influências prejudiciais que perfeitamente acontecem nos locais onde se realizam reuniões com a presença de público, podemos descrever as seguintes situações:
INFLUÊNCIA DA MULTIDÃO
No estudo do Duplo-Etérico, apostila 12, e da Aura Humana, apostila 20, item 13.1 comentamos resumidamente sobre acoplamentos áuricos em multidões. Seguindo o mesmo raciocínio temos que, quando qualquer pessoa fazendo parte de u’a multidão, facilmente poderá ser influenciada por ela.
Algumas citações de capacitados pesquisadores nos ajudarão a compreender o que se transcorre junto às aglomerações.
Primeiro, Waldo Vieira, trecho que extraímos de seu magnífico livro Projeciologia, capítulo 307:
“O homem considerado como consciência individualizada quando membro da multidão, perde sua identidade pessoal, a capacidade de raciocinar logicamente, a escolha moral, e o senso de responsabilidade individual e coletiva. A sugestionabilidade, a excitabilidade e a intoxicação energética da massa fazem com que o homem, membro da multidão, deixe de ter opinião ou vontade própria, ficando sujeito a ataques súbitos e violentos de ira, entusiasmo e pânico, e se torne capaz de perpetrar os atos de violência mais monstruosos e gratuitos, contra os outros e até contra si mesmo.”
Qualquer multidão, portanto, pode ser comparada com um rastilho de pólvora. Ateando-se fogo numa extremidade, facilmente este se propaga por toda sua extensão.
Os grandes manipuladores de massas humanas, tais como os políticos e os pregadores religiosos, sabem muito bem disso. Através de chavões emocionais, em seus discursos, contagiam todos os ouvintes, induzindo-os a realizarem o que às vezes nem desejam. Todavia, sob a força daquele contágio cedem á pressão coletiva. Depois, muitos se sentirão frustrados e arrependidos, mas já será tarde.
Em razão disso, dirigir uma reunião pública exige especial atenção. Muitos dos presentes, movidos, sem o saber, por inteligências invisíveis e maldosas podem ceder à essa influência e manifestarem opiniões tendentes a quebrar a ordem e a harmonia do ambiente. Como essa exteriorização irá, fatalmente, contagiar a outros, situação que se nota pela inquietação que toma conta dos circunstantes, o dirigente, delicadamente, porém de forma inequivocamente energia deverá intervir e pôr fim àquela arruaça que se avizinha.
Na apostila seguinte comentaremos sobre outras situações.
Bibliografia:
Allan Kardec - O Livro dos Médiuns - questões 223.15, 223.18, 223.19 e 225 e cap. III - Livraria Allan Kardec Editora
Léon Denis - No Invisível - capítulo 5 - Federação Espírita Brasileira
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - Nos Domínios da Mediunidade, capítulos 5, 6 e 22 e página 72 - Mecanismos da Mediunidade, páginas 75, 76, 88, 89, 94, 118, 121, 124, 129, 132, 133, 134 e capítulo 23 - Missionários da Luz, páginas 14 e 17 - Os Mensageiros, páginas 179, 206 e 207 – No Mundo Maior, páginas 66, 67, 69, 72 e 98 - Todos editados pela Federação Espírita Brasileira.
Hernani Guimarães Andrade - Espírito, Perispírito e Alma páginas 120, 121, 229 e capítulo 5 - Editora Pensamento
Hermínio Corrêa de Miranda - Diversidade dos Carismas, volumes I e II – Editora Arte e Cultura Ltda
Edgard Armond - Mediunidade - Editora Aliança.
Elza Backer – Cartas de um Morto Vivo – página 20 – Livraria Allan Kardec Editora
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier - Roteiro - página 116 e demais - Federação Espírita Brasileira
Miramez/João Nunes Maia - Segurança Mediúnica - Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Lancellin/João Nunes Maia - Iniciação, Viagem Astral - Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Waldo Vieira – Projeciologia – capítulos 67, 130, 307, 315, 371, 372, 391, 404 - Editado pelo autor
Yvone A. Pereira – Memórias de um suicida – capítulos 6 e 7 – Federação Espírita Brasileira
Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Janeiro 1996 – Revisão em Janeiro de 2007