Mediunidade 2 - Apostila 30

Mediunidade 2 - Apostila 30

  

          ESTUDO DA MEDIUNIDADE

                                                                  

20ª Parte

A boa mediunidade se forma lentamente, no estudo calmo, silencioso, recolhido, longe dos prazeres mundanos e do tumulto das paixões.  Depois de um período de preparação e expectativa, o médium colhe o fruto de seus perseverantes esforços; recebe dos Espíritos elevados a consagração de suas faculdades (...)

(Léon Denis – Livro: No Invisível – Pág. 62 – Editado pela Federação Espírita Brasileira.

 
MÉDIUNS  INICIANTES  -  I


Nesta apostila iniciamos a segunda etapa de nosso estudo onde analisamos o tema Mediunidade.  Com as apostilas 11 à 29 abarcamos a etapa na qual foi feita a descrição, parte por parte, dos componentes gerais da criatura encarnada no planeta Terra.  Componentes que têm intrínseca participação no fenômeno que denominamos de mediunidade.  A este mesmo fenômeno podem ser aplicados outros nomes, quais sejam: despertar da consciência; estados alterados de consciência; sensitivo e paranormal.  Cada um deles adotado segundo a escola que o estuda.  Para nós, destituídos de preconceitos designativos, adotamos o termo mais comum e explícito, embora dele muitos se envergonhem: mediunidade.

 

Assim, pois, nessa segunda etapa, entramos na área cuja análise abordará o campo operacional da mediunidade.  Advertimos, porém, que tudo deva ser feito com muito critério e com alto interesse no aprendizado.  A respeito disso, e como ficou comentado na apostila 23, temos observado que os novatos, um tanto quanto sonhadores, facilmente se iludem com livros e cursos que anunciam soluções miraculosas para os diferentes problemas que afligem as criaturas.  Para a mediunidade, e de resto para os problemas da vida, não existem soluções prontas como se estas fossem mercadorias padronizadas de um supermercado.  O SER Integral, como visto desde a apostila 11, é muito mais complexo do que, simploriamente, se supõe.  E vejam bem, ainda não falamos intrinsecamente da reencarnação, fator fundamental de cujo passado vem a determinação dos fatos presentes.

 

Com isso queremos dizer que cada caso é um caso.  Cada indivíduo é um indivíduo, como a própria palavra assim designa.  Deve ser desse modo que cada momento na vida precisa ser analisado.  Assim, contra aqueles argumentos que prometem soluções fáceis, mesmo que partam de autores renomados e seus livros sejam editados com belas apresentações, podemos dizer que são incompletos.  Isso para falar o mínimo.  Baseamos nossa opinião na experiência própria perpassada por largos anos enfrentando, na prática, os fatos reais que envolvem o psiquismo, quando, não raras vezes, encontramos esses iludidos principiantes frustrados com a realidade do vivenciamento com as forças ocultas.  Tardiamente  percebem que aquele autor, bem visto, exagerou em sua exposição, não advertindo que, se as coisas realmente desenvolveram como ele publicou, isso, na verdade, é apenas um ato pessoal dele, e que jamais se generalizará de igual para igual com todas as pessoas.  Além do que, por esquecimento ou omissão, esse autor deixou de narrar os percalços que ele, com toda a certeza tenha passado.

 

O maravilhoso, com aparência de fácil, ali narrado, não é assim tão simples de ser vivido.  Cada SER, preso ao seu passado exclusivo, também, diferentemente dos demais, trilhará sua Senda Evolutiva.  Assim, pois, aqueles livros e cursos não deveriam vender ilusões, anunciando maravilhas como se fossem fáceis realizá-las, mas, preliminarmente, avisar ao interessado a respeito dos obstáculos existentes pelo caminho da inserção no campo do psiquismo.  Deveriam contar que nem todos encontrarão a solução na premeditada forma que idealizam, ou desejam, mas que a sonhada solução depende, inevitavelmente, das disposições interiores – espirituais – que cada um possua.  Conclusão, o encarte na harmonia cósmica depende muito mais da pessoa própria do que do  anunciado produto que promete virtuosidades miraculosas.  Seguir o Mestre significa vivenciar a experiência, e não apenas dela tomar conhecimento.

 

Portanto, diante dessa complexidade chamada interação psíquica das criaturas, ou mediunidade, pelo lógico do que desejamos aprender, iniciaremos pelo Médium Iniciante.  Aqueles primeiros passos, sempre difíceis e, às vezes dramáticos, quando se alteram na pessoa seus níveis de percepção.

 

Se formos esmiuçar o tema, desde o seu mais profundo envolvimento, iremos constatar que a mediunidade existe em cada ser humano a partir do instante de seu nascimento, tão constante é o contato e convivência dos encarnados com os desencarnados.  Embora possa parecer o contrário.  Se essa influência, de lá para cá, e daqui para lá, não é tão notada, é porque vivemos “distraídos”, numa continuada analgesia provocada pelas ilusões da matéria de nosso Globo.

 

Mas, como mediunidade é, basicamente, a comunicação entre dois planos distintos de existência, antes de analisá-la no contexto do fenômeno, vamos utilizar um exemplo comparativo para entendê-la melhor. 

 

A figura 30A, nos mostra duas pessoas de nacionalidades diferentes conversando.  Um brasileiro e um chinês. 

 

 

O diálogo entre eles só será possível se os seus ouvidos estiverem educados para, inteligivelmente, registrar o som vocal do idioma estrangeiro que ouvem.  Além disso, se os seus cérebros estiverem capacitados a fazerem a tradução daqueles sons, convertendo-os em sinais compreensíveis à consciência de cada um.   Não sendo assim, o encontro se converterá em incompreensões.

 

 

Nesta outra figura, 30B,  procuramos mostrar o desdobrar do que acontece numa comunicação falada.  Quadro “A” – As ondas sonoras provocadas pela voz do brasileiro chegam ao ouvido do chinês.  Neste primeiro momento é apenas um barulho.  Quadro “B” – Uma vez atingindo o ouvido, pelo mecanismo de transferência próprio do sistema auditivo do corpo humano, aquelas ondas sonoras se transformam em impulsos  elétricos e, viajando através dos nervos da audição, chegam ao cérebro do ouvinte.  No caso, o chinês.  Até aqui, todo o fenômeno está ao nível exclusivamente físico.  Sigamos ao outro quadro.  Quadro “C” -  Percorrendo a região adequada do cérebro, aqueles sinais elétricos passam por outra transformação e tomam novo rumo.

 

Viajando do encéfalo seguem pelo corpo caloso que une os dois hemisférios cerebrais, o esquerdo e o direito, dali passando à epífise.  Sobre a epífise, ou pineal, falamos nas apostilas 26, 27 e 28.  Essa pequena e mágica esfera providencia o resto.  Fazendo a conversão, transfere ao mundo psíquico do SER, ou seja, transfere ao corpo Astral, e deste, em seqüência, até à consciência, aqueles sinais que haviam se originado na voz do brasileiro.

 

Esse endereçamento que nos parece tão complexo é, contudo, necessário, pois na sua destinação final, a consciência, é que fica o verdadeiro e imperecível centro de recepção, identificação, comparação e classificação de tudo aquilo que ocorre ao nível do corpo Físico, ou de qualquer um dos outros corpos por ela utilizados.  Portanto, um “longo” caminho por entre múltiplas dimensões existenciais.

 

Recordemos que ao falar do corpo Mental, apostilas 15 à 17, mostramos os dois níveis de memória.  A memória recorrente, atributo do corpo Mental e utilizada nas atividades rotineiras da vida humana, e a memória perene, localizada no corpo Causal, utilizada nos atos criativos que exigem abstração e intuição.

 

É para ambos os centros de recorrência que o esquema receptivo das impressões ao nível físico se dirige.  Dependendo de cada caso, rotineiro ou criativo, os sinais recebidos via audição, visão, tato, paladar ou olfato, atingirão só o corpo Mental ou prosseguirão, quando isso for possível conforme expusemos nas apostilas 15 à 17, prosseguirão até o corpo Causal.

 

Lá, naquelas profundezas do SER, está, como citamos acima, o “departamento” receptor, identificador e distribuidor.  É o Centro Consciencial, que, esquematicamente, representamos nesta figura 30C. 

 

 

 

“Departamento” sem o qual, ou se de mal funcionamento,  o  indivíduo  se  vê  impedido   de   uma perfeita forma de comunicação com seu mundo exterior.  Na figura 30C mostramos o desenrolar de todo o percurso, desde a emissão da voz do brasileiro até o concurso do centro consciencial do chinês.  Nela, no lado esquerdo da figura, temos  os dois interlocutores.  O brasileiro fala.  O chinês escuta, iniciando-se, daí, o processo de transferência.  Dos registros feitos no corpo físico, como se descreveu acima, figura 30B, seguem os sinais ao Astral.  Deste, ao Mental e, grande surpresa !, desemboca no indescritível mundo consciencial.  Ali, no que podemos chamar de Central de Operações Psíquicas,  quando tudo funciona perfeito, vamos, como que, encontrar um “funcionário eficientíssimo”.  Daqueles de dar inveja ao mais exigente dos patrões.  As informações vão chegando.  Ele as recebe, identifica e as classifica, gastando nessa maravilhosa operação só uma indescritível e inimaginável fração milionésima de segundo.  Os mais avançados e poderosos computadores da atualidade estão longe de se equipararem à eficiência e operosidade desse “departamento”.  Tem mais, esse inimitável “funcionário” não pára sua atividade por motivo algum, nem que seja só para um cafezinho, hábito tão comum entre os humanos, como desculpa para camuflar a preguiça.

 

Como falávamos, o eficientíssimo “funcionário”, após a etapa seletiva dos dados que chegam, comparando-os a situações anteriores, despacha decisões para o comando motor dos corpos de que se serve.  Isto é, comando para as tomadas de decisões na vida.  As atitudes de cada momento.  Essa é a seqüência que se transcorre no âmago do SER e que lhe permite contatar o mundo em que vive.

 

Em nossa estorinha, o ponto que se tornou comum entre os dois interlocutores, permitindo se entenderem, é que pelo menos um deles tem arquivado em sua consciência os sinais que identificam aqueles sons que são trocados na conversação.

 

Agora, transportemos a idéia acima descrita para o campo de nosso estudo da Mediunidade.  Descubramos o ponto comum que permite ao encarnado contatar o desencarnado, ou vice-versa. 

A figura 30D nos conta que o desencarnado possui corpo Mental e corpo Astral, e que o encarnado possui corpo Mental, corpo Astral e corpo Físico.  A figura demonstra que entre eles só existem duas possibilidades de via comunicativa.  Uma, via corpo  Mental,  e  a  outra via corpo Astral.  (Ver apostila 17).  Como o desencarnado não consegue chegar ao nível do encarnado por lhe faltar o corpo Físico, para se comunicarem, terá o encarnado que atingir o nível do desencarnado, pois que, tanto quanto aquele, possui um corpo Astral e um corpo Mental.  Assim, o corpo Astral e o corpo Mental, passam a ser o ponto comum a permitir a comunicação entre ambos os comunicadores que permanecem em planos diferentes.  Todavia, para chegar a essa realização alguns requisitos são necessários para superar impedimentos.  Vejamos os impedimentos.

 

O encarnado comum não sabe como deixar seu corpo Físico, tal como acontece nos fenômenos da bilocação e projeção da consciência, para daí, consciencialmente estando no correspondente plano, empreender a comunicação.  Para realizá-la terá que aprender a separar suas atividades mentais de forma que o estado de vigília, ou consciência física, não dificulte o contato entre planos.  É sabido, e natural, que quando o encarnado está em estado de vigília,  acordado, sua consciência, ou aquele “departamento” comandado pelo eficientíssimo funcionário, fica inteiramente tomada pelos interesses da vida física, impedindo, destarte, qualquer acesso aos interesses da vida espiritual.

 

A solução para abolir essa dificuldade está em conseguir abrir um canal livre entre a consciência vígil e o chamado subconsciente.  Em outras palavras, dinamizar o já eficientíssimo funcionário, tornando-o mais ágil ainda.  Mas não conforme fazem os patrões desumanos que cobrem os funcionários de obrigações sem lhes dar a correspondente paga.  O método para fazer nossa eficiência consciencial se tornar mais eficiente, nessa área da paranormalidade, exige que se “pague” muito bem ao nosso “funcionário”.  Essa paga, complexa de início, irá se tornando acessível e compreensível a todos, à medida que nosso estudo for avançando.

 

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Bibliografia:

Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – capítulos 17, 18, 19 e 20, editado pela Livraria Allan Kardec Editora.

Léon Denis – No Invisível – capítulo 5 – Federação Espírita Brasileira

André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Nos Domínios da Mediunidade, capítulos 5 e 22 – Mecanismos da MediunidadeMissionários da Luz, páginas 14 e 17.  Todos editados pela Federação Espírita Brasileira.

Hernani Guimarães Andrade – Espírito, Perispírito e Alma – editado pela Editora Pensamento.

Edgard Armond – Mediunidade – Editora Aliança.

Hermínio Corrêa de Miranda – Diversidade dos Carismas, volumes I e II – Editora Arte e Cultura Ltda.

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – Roteiro – Federação Espírita Brasileira.

Miramez/João Nunes Maia – Médiuns  -  Segurança Mediúnica  -  Editora Espírita Cristã Fonte Viva.

Lancellin/João Nunes Maia – Iniciação – Viagem Astral – Editora Espírita Cristã Fonte Viva.

 

Distribuição Gratuita

Cortesia de

Luiz Antonio Brasil

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