Mediunidade 2 - Apostila 31
ESTUDO DA MEDIUNIDADE
21ª Parte
MÉDIUNS INICIANTES -- II
Vimos na apostila precedente o mecanismo do processo de comunicação entre duas individualidades. Também tocamos no ponto básico da possibilidade mediúnica que se realiza, ou via corpo Astral ou via corpo Mental. Entretanto, esbarramos com o impedimento de como realizar a comunicação.
Para início de esclarecimento falamos que o encarnado terá que abrir um canal entre sua consciência vígil e seu subconsciente, como medida a superar esse impedimento. Naturalmente nos referindo àquelas pessoas que desejam desenvolver suas faculdades paranormais, pois, a grande maioria, como vem de acontecer pela evolução natural, quando vão à procura de um grupo espiritualista já estão com esses canais oferecendo livre trânsito às energias exteriores. Às vezes até em demasia, fato dos mais comuns de se ver. Pois bem, esse ato de regularizar a abertura de canais faz com que se torne mais eficiente o já tão eficiente “funcionário” situado no “departamento receptor, identificador e classificador” de nossa consciência. Porém, repetimos a advertência, é preciso pagá-lo regiamente por isso. Sem essa paga ele se subleva, instalando desordem num departamento tão sensível e insubstituível. Desrespeitando-se essas regras o indivíduo cai nos processos chamados de neuroses.
Sigamos descrevendo como fazê-lo. O canal a se instalar entre a consciência vígil e o subconsciente, nada mais é que o livre e ordenado acesso dos sentidos do corpo Físico ao corpo Astral, e ao corpo Mental. Em sentido inverso, dos sentidos que são apropriados exclusivamente aos corpos Astral e Mental, quando despertos em seus respectivos planos. Livres, portanto, do corpo Físico, como no momento do sono. Desta forma, com o canal inteiramente desobstruído, as percepções atingíveis só com o corpo Astral, ou só com o corpo Mental, fluirão, também, na direção do estado de vigília física, podendo, daí, dar-se a comunicação interplanos, ou mediúnica.
A forma corriqueira de se adquirir essa percepção dos sentidos de lá para cá, e vice-versa, isto é, a chamada abertura dos canais, inicia-se pela concentração. Como a própria palavra indica, concentração é o ato de concentrar-se em uma ação para um só objetivo. Todavia, como comumente se vive com o pensamento saltitando de um assunto a outro, principalmente depois de ler um jornal ou assistir à televisão por muitas horas, saltitante como o vôo de um beija-flor, esse ato de acostumar-se à concentração se torna o maior empecilho ao adestramento mediúnico. Além do que, confunde-se muito o que seja o ato de concentrar-se. Alguns imaginam que seja escolher um assunto, ou motivo e só nele pensar, obrigando-se, para isso, a um esforço hercúleo com o fim de manter a mente restrita ao objetivo. Outros procuram fazê-la usando a tentativa de visualizar um objeto, ou paisagem, ou personagem. Também, da mesma forma obriga ao praticante uma ginástica mental que ao fim do treino o deixa estafado e frustrado.
Pois bem, concentrar-se não é nada disso. Concentrar-se, dissemos acima, é o ato de concentrar uma ação em um só objetivo. Logo, do iniciante exige-se:
1º - Escolha desse objetivo, qual seja, conscientizar-se dos rigores, percalços e responsabilidades que incidem sobre o ato de abordagem a um plano diferente de vida. Não é uma brincadeira.
2º - Feita a escolha, ter a necessária perseverança no estudo, pois só ele irá tornar o iniciante livre de preconceitos e convicto do que objetiva. Além disso, o estudo, por si só, despertará o corpo Mental, como vimos na apostila 15, transferindo a este uma supremacia sobre o corpo Astral, antes dominante total da personalidade humana;
3º - Uma vez livre de preconceitos e convicto de sua meta, sentir-se-á CONFIANTE;
4º - Só então conseguirá executar bem e integralmente o ato de concentração, pois esta, emoldurada pela CONFIANÇA, deixará o praticante inteiramente RELAXADO. À vontade, pode-se dizer, como se estivesse em casa, de chinelo, bermuda e camiseta, depois de um longo dia de trabalho. Nenhuma tensão o atormenta. Nenhuma obrigação de fixar-se cansativamente, quase muscularmente, a um tema ou a uma visão. Não. Ao contrário. Descansado e relaxado perceberá o inicial fluxo “ascendente” de seus pensamentos buscando fixar o contato extra-físico, e logo a seguir o fluxo “descendente” das emanações mentais dos visitantes espirituais que ali sem encontram.
Portanto, o ato que denominamos de concentração mediúnica é, em resumo:
a) – a confiança do indivíduo em si mesmo, confiança adquirida pelo estudo perseverante;
b) - a confiança nos mentores espirituais que fazem parte de sua vida;
c) – estando entre amigos, importantíssimos para todos os médiuns, só lhe resta, portanto, relaxar-se, e a eles se entregar.
Para melhor compreender os comentários acima, elaboramos a figura abaixo.
Ela nos diz que o médium ao se concentrar, relaxado, delicadamente silencia as ações comuns da consciência relacionadas com o mundo físico, e direciona seu potencial de atenção para um plano exterior. Geralmente usando de um pensamento idealístico, inicialmente tal como uma prece, sem contudo deixar-se prender por sua expressão de raciocínio. Com o tempo, vai sentindo-se mais solto para elaborar esse contato inicial. Na figura, a pessoa em concentração impõe um esquecimento temporário referente a suas obrigações do trabalho profissional, do lar e de lazer. Esse esquecimento é representado pela linha vermelha que separa as duas partes da figura. Fazendo cessar as solicitações mentais ao nível físico, permite que a consciência assim aliviada passe a se inteirar de seus outros corpos que se achavam, dado à falta de concentração, aparentemente inativos. Essa mudança comportamental pode ser comparada a: antes da concentração o pensamento é igual ao vôo do beija-flor, que a todo instante muda de rumo; e durante a concentração o pensamento se torna igual ao vôo de uma águia, decidido, retilíneo, e de garras prontas para prender firmemente o objetivo.
Como ato contínuo dessa expansão, a consciência terá por campo de ação o corpo e o plano Astral. Uma vez, pela concentração, estando naquele plano instalada, poderá identificar as sensações gerais daquele local. Isto é, todos os fluxos energéticos transferidos através dos chacras, quando os dois corpos estão acoplados, agora serão identificados. Este transcurso não é o do fenômeno de desdobramento consciencial como ocorre nas viagens astrais, ou na clarividência viajora, é tão somente o efeito do desligamento dos pensamentos quanto às situações da vida física. Esse desligamento deixa a consciência aliviada podendo, assim, ocupar-se somente daquela interação momentânea com o plano Astral. Essa interação proporciona, a nível físico, a identificação das sensações que, antes de conseguir dominar esse comportamento, tumultuavam o equilíbrio pessoal.
A figura 31B representa a soltura do corpo Astral do médium no momento em que ele se acha favoravelmente concentrado. Solta-se e vai de encontro aos interesses que ali o atraem. Cabem aqui duas explicações: A primeira: nesta soltura o corpo Astral não se distancia muito do corpo Físico. Afasta-se só o suficiente para permitir que alguma entidade possa se acoplar ao seu corpo Físico, mantendo sobre este, porém, total controle através do cordão de Prata. Segunda: Como o corpo Astral se acha interligado ao corpo Físico via cordão de Prata, (ver apostila 12), as sensações recebidas no plano Astral também atingirão o corpo Físico. Nesse caso, havendo regular disciplina, e como o corpo Físico é apenas mais um instrumento da consciência, ao comando dela, ou sob a influência de alguma entidade, o médium retransmitirá pela voz, e gestos, as impressões captadas naquele plano. Algum tempo à frente, quando esse indivíduo for inteiramente dócil ao ato de intercâmbio com os planos extrafísicos, permitirá não só a comunicação verbal que outra consciência emitir por seu intermédio, mas também que ela exerça o inteiro comando de seu corpo Físico. Digamos assim, permitirá uma substituição do agente controlador do veículo físico. Desta forma, a ação motora do corpo, como complemento da comunicação, será inteiramente acionada pelo manifestante. Numa etapa mais avançada de seu aprimoramento, poderá conseguir comunicações com níveis mais elevados. Estas, através do corpo Mental. (Ver apostila 17).
Mas esse desdobrar de acontecimentos não se transcorre sem que algumas dificuldades ocorram. De uma forma geral podemos apontar duas áreas de dificuldades. Uma de ordem psíquica e outra de ordem orgânica. Como a mediunidade é a ruptura da fronteira que separa as duas dimensões de vida, a Física e a Espiritual, naturalmente o médium irá se ressentir da ação simultânea de duas forças que interagem sobre si. As suas próprias e as do comunicante.
Dificuldade Psíquica – É a de aprender a coordenar os fluxos mentais que lhe chegam. Essa operação que com o tempo e o treino se torna automática, se processa em quatro atos: coordenar os fluxos, distingui-los, separá-los e usá-los. Obviamente que no início de ajustamento mediúnico, como ensina Léon Denis, no trecho citado na abertura da apostila 30, não é tão fácil vivenciar essa eclosão de forças.
Na figura 31C representamos o médium sendo envolvido por ondas mentais.
De um lado uma entidade equilibrada emitindo ondas finas e agradáveis. De outro lado uma entidade em desajuste produzindo ondas pesadas e sufocantes. Distinguir as duas ondas que chegam, acatando uma e repelindo a outra, é a dificuldade de todo médium iniciante. Aliás, não só destes, mas também daqueles que nunca receberam orientação a respeito, ou que, as tendo recebido, não as aceitaram.
Dificuldade Orgânica – É a de aprender a suportar as emanações do comunicante quando este é portador de algum tipo de desarranjo. Na fase inicial do desenvolvimento mediúnico, em alguns casos, isso chega a ser dramático. Outra vez, repetindo Léon Denis, na fase inicial da mediunidade quase sempre são entidades pouco, ou nada evoluídas, as que do novato se aproximam. Como suas emanações são de fluidos pesados e até deletérios, causam mal estar ao médium.
Esta outra figura, 31D, mostra esse momento. A aura do médium detecta as vibrações estranhas que lhe chegam. Transmite as impressões ao Duplo Etérico que via chacras as associa ao corpo Físico. As emanações pesadas provocam no médium, como reação, enjôos, náuseas, taquicardia (coração palpitando), irritabilidade, apetite descontrolado, desânimos. Naqueles não esclarecidos, além dos sintomas citados, também provocam a depressão, o enraivecimento brutal, os atos de violência e incontrolabilidade sexual. Tudo isso provocado por agentes externos à vontade pessoal do médium que disso não se apercebe.
Essas características de desconfortos são, pois, comuns a todo médium iniciante e, principalmente, naqueles já desenvolvidos mas que nunca passaram por um período de orientação, com o fito de educar-lhes as faculdades.
Tudo isso são fatores relacionados à SINTONIA.
Diminuir a intensidade dessas influenciações, e controlá-la, é perfeitamente possível, desde que o aprendiz se interesse por conhecer o mecanismo e forma de ação da mediunidade. Veremos isso na próxima apostila.
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Bibliografia:
Allan Kardec - O Livro dos Médiuns - capítulos 17, 18, 19 e 20 - Livraria Allan Kardec Editora.
Léon Denis - No Invisível - capítulo 5 - Federação Espírita Brasileira.
André Luiz/Francisco Cândido Xavier - No Domínios da Mediunidade, capítulos 5 e 22 - Mecanismos da Mediunidade - Missionários da Luz, páginas 14 e 17 - No Mundo Maior, páginas 66, 67, 72 e 98 - Todos editados pela Federação Espírita Brasileira.
Hernani Guimarães Andrade - Espírito, Perispírito e Alma - Editora Pensamento.
Hermínio Corrêa de Miranda - Diversidade dos Carismas, volumes I e II – Editora Arte e Cultura Ltda.
Edgard Armond - Mediunidade - Editora Aliança.
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier - Roteiro - Federação Espírita Brasileira.
Miramez/João Nunes Maia - Segurança Mediúnica - Médiuns - Editora Espírita Cristã Fonte Viva.
Lancellin/João Nunes Maia - Iniciação, Viagem Astral - Editora Espírita Cristã Fonte Viva.
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Distribuição Gratuita
Cortesia de
Luiz Antonio Brasil
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