Fragmentos - 11 - Suicídio II
Texto do Livro Fragmentos - Espírito de Nydia / Médium Magali Rispoli
"Vivi sempre dentro dos limites que a sociedade me impunha, não infringi nenhuma lei dos homens e procurei corresponder às expectativas que - entendia - os outros tinham a meu respeito.
As dificuldades maiores começaram quando me casei. Amava minha mulher como nunca amara ninguém e durante um tempo fomos "felizes"; eu, fazendo as vontades dela, ela ignorando as minhas, mas eu estava apaixonado e tudo que queria era fazê-la feliz.
Na ânsia de proporcionar a ela o que eu entendia poderia deixá-la contente, entendi seu desejo de ser mãe; eu não pretendia dividir a atenção e o carinho que recebia com mais ninguém, porém ela argumentou que não poderíamos ficar somente nós dois, pois acreditava que um filho seria o coroamento de nossa relação.
Quando nasceu nosso filho, um menino saudável e bonito, ficamos alegres e eu, achei interessante ter aquele bebê junto conosco.
Após os primeiros meses constatei que ela não tinha mais olhos para mim, seu mundo se resumia ao filho - que se desenvolvia rapidamente - e ela se comportava como se eu não existisse, ou melhor, eu era um complemento, aquele que servia para prover suas necessidades materiais e as do bebê.
Senti-me excluido, ela e o bebê eram um mundo à parte. Tentei lhe dizer como estava me sentindo, porém ela argumentou que eram "ciúmes tolos".
Conforme o tempo foi passando, comecei a detestar aquela criança, a quem chamava de "seu filho", que viera se colocar entre nós, não só dividindo a atenção dela comigo como, mais que isto, tomando-a toda para si.
Nossa vida íntima ficou reduzida a quase nada, pois ela não relaxava e temia que o "seu filho" precisasse dela e ela tinha que estar disponível.
Não entrarei nos detalhes do que foi o período em que ela pedia que nós dividíssemos a cama com ele ou que eu fosse para outro local, a fim de não perturbar o sono de "seu filho".
O tempo passou e eu ficando cada vez mais irritado e desejando que aquela criança morresse.
Um dia, quando ele estava com cinco anos, fui levá-lo ao Clube que frequentávamos e aonde ela viria nos encontrar. Lá chegando ele quis ir para a piscina. Concordei e insisti para que fosse à dos adultos. Ele não queria, tinha medo, mas eu disse que não havia perigo, eu estaria por perto.
Enquanto estava com ele na água, ocorreu-me que era uma oportunidade de me desvencilhar daquele empecilho, aquele estorvo ao meu viver com ela. Insisti para que não usasse boia, não havia necessidade. Ele ingenuamente aceitou. Num dado momento segurei-o embaixo da água enquanto ele esperneava loucamente. Como vinda "do nada" sua mãe apareceu e puxou-o para si. Perguntou-me o que estava acontecendo e respondi que era só uma brincadeira para ele perder o medo. Ela não pareceu acreditar muito, mas nada disse.
Depois deste episódio, comecei a me sentir culpado e ensimesmar-me cada vez mais.
Fui me afastando dela, de "seu filho", dos amigos e familiares. O ódio que aquela altura eu sentia dele foi se espalhando para os outros e assim me descobri odiando "o mundo".
Não queria aquele filho, não queria a culpa que me corroía, justamente por causa dele, detestava vê-la abraçando e acarinhando a ele como nunca fizera comigo - com tanto carinho e ternura.
Por que ela não quis ficar só comigo?
Porque fui ceder à sua vontade de ser mãe?
Por que não me impus?
Naquela altura nada mais importava; se ela era feliz com ele que ficasse com "seu filho", mas eu deixaria para ela o remorso por não ter me amado como devia, como eu ansiava.
Descobri, então, que o amor que sentia havia se transformado num ódio destruidor e como não tinha coragem de destruir a ele, daria cabo de mim, sairia da vida deles e quem sabe, meu gesto poderia ser considerado de amor, pois me afastava para que ela fosse feliz com "seu filho".
Ingeri todos os calmantes que já vinha tomando, desde que começara a me isolar, e só despertei confuso e com muitas dores já no plano espiritual".
Esta narrativa foi ouvida por todos que fazem parte do grupo onde estou incluída e a transcrevo para que tenham consciência do quanto situações cármicas são sofridas e os resgates, muitas vezes não cumpridos, adensam a bagagem de quem abandona a tarefa de viver e saldar seus débitos.
Através da história deste Ser, tivemos a oportunidade de ampliar o entendimento quanto aos vínculos que uniam sua família, assim como ocorre com todos que estão na matéria.
Existem antipatias inexplicáveis, aversões instantâneas, rejeições de toda ordem que fazem parte, justamente, do que cada um precisa enfrentar, por isto, tantas vezes já foram alertados para que busquem se aproximar exatamente daqueles que não lhes são simpáticos, afáveis, próximos.
Entendam o valor de praticar o que lhes é orientado para que não contribuam, mesmo sem querer, para dificultar a liberação de compromissos assumidos tanto por vocês quanto pelos que fazem parte de seus núcleos familiares.
O que transmitimos foi um exemplo de outras tantas situações que ocorrem e que culminam com atos extremados daqueles que precisam superar aversões de um passado mais remoto e que concordaram em fazê-lo através da proximidade familiar.
Os grupos se formam para auxílio mútuo, portanto, não digam - "não consigo suportá-lo" - mas sim, "preciso descobrir um modo de me aproximar dele".
Analisem com profundidade como estão se comportando com os que compõem seu grupo familiar.
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