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    Reconstrução - Apostila 20

    Reconstrução - Apostila 20

     

       

      ATRAÇÃO  IRRESISTÍVEL  PELO  OCULTO

     

    Complementando nossa análise sobre os motivos que levam as pessoas a buscar os recursos harmonizadores encontráveis na assistência espiritual, veremos nesta sobre essa questão magna na vida de todos.  A busca pelo Oculto.  Seja consciente ou inconscientemente.

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    Pode-se perguntar se, no caso de uma pessoa possuidora de intensa vontade por conhecer das coisas ocultas, se isso a levaria de encontro a distúrbios de ordem emocional, e até orgânica.

    A resposta é afirmativa.   Sim, é possível que motivada por uma irresistível vontade venha de contrair alguma desordem emocional em razão da falta de uma capacitada orientação durante esse despertar.

    Expliquemos a razão.

    Como vimos nas apostilas precedentes a Vontade é a força que torna possível a concretização

    dos desejos.   Pensar e desejar não cria soluções, foi o que dissemos na apostila 04.  Porém, se juntarmos ao pensar e desejar uma forte força de vontade, então, veremos sendo concretizado aquilo que se pensou e desejou.

    Esquematicamente, representamos na figura 20A o desenvolver desse processo.

    Quadro A – A pessoa emite um fluxo de pensamento relacionado a determinado livro.  Nesse momento o fluxo ainda é muito débil.  Como uma descompromissada lembrança.

    Quadro B – Ao pensamento referente certo livro a pessoa emite o desejo de possuí-lo.  A partir desse instante forma-se o que se pode chamar de fluxo e refluxo do pensamento, onde o desejo faz a forma mental se tornar mais consistente.  Esse refluxo é aquela sensação que a pessoa tem quando de um pensamento que não a abandona.  Seguidamente permanece pensando sobre o mesmo objeto ou sobre algum assunto.  Pensamento fixo.

    Quadro C – É o momento da vontade.  Dominada pelo pensamento fixo, impulsionado que foi pelo refluxo, dá o passo decisivo para a concretização daquilo que pensara.

    Pois bem, a busca do oculto, por aqueles que simpatizam com a temática, segue o mesmo e único princípio descrito com a figura 20A.

    Primeiro pensa-se a respeito. 

    Depois, com a curiosidade aguçada, deseja-se saber como são essas coisas. 

    Aliás, sobre ocultismo, magia e espiritualismo, o mundo está cheio de sugestionamentos provocativos. 

    Portanto, muito fácil a qualquer pessoa embarcar nessa idéia e partir para saciar sua curiosidade.

    Uma vez que os desejos apontam para esse rumo, acende-se a chama da vontade.   É o refluxo dos pensamentos.  Às vezes, embora temerosa, a pessoa vai, palmo-a-palmo, penetrando de leve no território que lhe é desconhecido.  Outras, entretanto, mais destemidas, se entregam de corpo e alma à grande novidade.

    É, exatamente, nesse ponto que divergem os caminhos.   Um dos caminhos segue na direção da prudência, o outro, vai direto ao rumo da imprevidência.  E, o que se tem visto na generalidade dos acontecimentos relacionados a essa procura, é que a grande leva dos curiosos, atraídos pela irresistível força sedutora do oculto, segue o caminho da imprevidência.

    Uma vez transitando pela tão de si ainda desconhecida estrada, a pessoa começa a perceber que a jornada não tem nada de tournê turística.  Começa a perceber que forças, para si, ainda imponderáveis, lhe acionam além de sua vontade pessoal.  A partir desses momentos começa um ligeiro pânico.

    “- O quê me acontece ?!  Para onde estou  indo ?!  Não me sinto mais dona de mim !!  Quero deixar tudo isso !!!” – Exclama, movida por estonteante insegurança.   Todavia, voltar, agora, é um pouco tarde.

    “É melhor que se dê dinamite a uma criança, como brinquedo, do que colocar os poderes criativos do pensamento em mãos de egoístas e ambiciosos.”

     

    Ensina Arthur E. Powell, através de seu livro O Corpo Mental, à página 254, editado pela Editora Pensamento.  Uma advertência que mostra porque a busca do oculto movida só pela curiosidade malsã pode levar o aventureiro a se deparar com distúrbios emocionais.

    Sob a aparência de inofensivo, tal  como  o oculto é apresentado pelas tendenciosas propagandas de livros e cursos, sob essa aparência subjazem as forças do universo.   Lançar mão delas, irreverentemente, causará ao temerário surpresas muito desagradáveis.  Portanto, há, realmente, um sério, e não desprezível, perigo quanto às práticas irresponsáveis.

    Todavia, assim como diante da fenomenologia da religião, que ficou comentada na apostila 19, e que não nos é lícito ignorar que o atrativo do culto devocional brota espontaneamente na alma das criaturas, fertilizado pela “saudade” que sente de seu Criador, também, nesse aspecto do atrativo irresistível pelo oculto, não podemos desconhecer que se trata de uma força que acompanha, perenemente, essa mesma criatura.   Isto é, quando o espírito encarna no planeta, traz consigo essa propensão que o induz a buscar do oculto.

    Por isso, nenhuma crítica deve ser lançada sobre aqueles que afoitamente mergulham no poço do oculto.  Deve-se procurar compreende-los e ajuda-los a seguir a trilha certa.   A da prudência.   E, se por ventura, já estiverem a meio caminho na trilha da imprevidência, assim também, auxilia-los a reencontrar o ambiente seguro de que necessitam.

    Se observarmos a história da humanidade, que somos nós mesmos passando por eras que se perderam de nossa memória, veremos que desde aqueles primórdios já éramos atraídos pelo oculto.

    Figura 20B – O luzir do sol, o brilho da lua, o piscar das estrelas, a voz do vento, dos relâmpagos, das tempestades, gritavam ao homem primitivo anunciando-lhe que além do que ele via existiam outros sentidos e outras forças.

    Atraídos por esses elementos dos acontecimentos naturais, o  troglodita  das  cavernas  foi aprendendo como lidar com aqueles fenômenos.   Seu psiquismo, embora em formação, dava-lhe mostras de que outros seres pensantes, de alguma forma ainda incompreendida por ele, utilizavam de seu corpo bruto.

    Nascia a magia.  Isto é, a manipulação das forças ocultas.  Descobriu-se dessas forças que algumas são inteligentes, e outras apenas instintivas, agindo por repetidos atos automáticos.  Todas, entretanto, passíveis de serem manipuladas, ou seja, interagidas.

    O que acontecia com aqueles  seres  primitivos?, pode-se perguntar.

    “Entidades invisíveis associadas com o oceano, as montanhas, as cascatas, etc, irradiam vibrações que acordam porção não habitual dos corpos etéreo, astral e mental, (...)” – [Livro: O Corpo Mental, página 83]

    O mesmo Powell nos responde pelo  trecho acima.  A interação das forças ocultas, acionadas pelos Devas e elementais, regentes da natureza, ativavam partes dos corpos astrais e mentais daquelas primitivas criaturas, despertando nelas os dispositivos com que poderiam associar-se com eles mesmos, os invisíveis, para a manipulação de fenômenos e efeitos que fogem ao comum da vida humana.

    Pois bem, essas práticas atravessaram eras, e hoje já poderiam estar devidamente catalogadas e popularizadas, bem como inteiramente respeitadas, não fossem as interposições criadas pelas religiões tradicionalistas.

    Como foi comentado na apostila 19, desta série, os agrupamentos religiosos malversaram sobre as verdades eternas e, sob o império do terror que impuseram, principalmente durante a idade média de nossa civilização, impuseram que o conhecimento do Oculto, e sua prática, fosse taxado de bruxaria, condenando à fogueira todos que se atrevessem a, até mesmo, pensar no assunto.

    Decisão de um poder despótico travestido de divino.  Atos de maldade.  De negativismo.  Enquanto que se sabe que era, justamente, nos porões dos conventos medievais onde mais se praticava o ocultismo.

    Portanto, uma falácia movida pelo puro interesse de dominar as massas.  E o conseguiram, à força de perseguições, torturas e mortes.

    Mas o tempo passou e demonstra que as forças da natureza não são governáveis pelos homens.  Embora tenham tentado fazer desaparecer da face da Terra o conhecimento, e a prática do Oculto, essa força ressurge nesta era moderna.  Disseminada que vai entre tantos povos toma novo alento.  Com as decisões de mais Alto, não há quem possa.

    O nome genérico dessa potência é Força da Natureza.  Essas palavras resumem um fato incontestável que podemos assim desdobrar:

    Força – significa poder, determinação, ordem;

    da – pertencente;

    Natureza – nome que generaliza tudo aquilo que existe, mas que não tenha sido feito pelo homem.

    Este desdobrar das palavras acima revela que tais forças se movem, e produzem efeitos, como resultado de uma vontade superior e independente à vontade do homem.   Superior, porque tudo que se refere à natureza obedece a um equilíbrio de interação que o homem sequer conseguiria jamais imaginar.  Basta lembrar o movimento dos planetas.  E independente porque muito antes do homem existir tudo que o cerca já estava feito.

    Todavia, mesmo assim sendo, há o corolário que vem beneficiar o próprio homem quando ele utiliza de todos esses bens da natureza, visíveis e ocultos, com reverência e conhecimento.

    É que o homem sendo produto e irmão de toda essa mesma e única natureza, possui em si as condições de se sentir, como de fato assim o é, inserido nessa mesma natureza.  Isto é, estar concorde com ela.  Vibrar com ela.  Sintonizar-se com ela.  Ser Um com Ela !

    Ao homem isso é possível e permitido.  É a isso que chamamos de conhecer e viver o Oculto, e a razão da irresistível atração.

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    Iniciar-se nesses princípios exige do pretendente um mínimo de respeito pela própria Natureza.  Depois, muita perseverança e estudos, pois essas forças são arredias para com aqueles que nelas vê apenas uma fonte de brincadeiras e distrações.  Porém se tornam fortes aliadas daqueles que as tratam com a devida reverência.

    Vejam o exemplo do que aconteceu a Allan Kardec, para só citar esse pioneiro, enquanto que muitos outros – também outras – percorreram trilhas semelhantes.   Atraído que foi para conhecer as diversões sociais da época, as chamadas mesas girantes, não se deixou iludir pelo que viu.  Notou que o que se observava era fruto de forças inteligentes, conquanto invisíveis. 

    Ficou tão impressionado que não titubeou em arregaçar as mangas, minuciosamente pesquisar o quê por detrás das brincadeiras se escondia, e uma vez convicto da subjacente realidade de um mundo paralelo ao nosso, tratou de formular o mapeamento dos fenômenos, concedendo ao mundo a sistemática que desmistificou o ciclo das superstições criadas pelos medievais interesses das religiões em torno do espiritualismo.

    Trabalho realmente digno de admiração e reverência, porque de seu feito veio à Terra o instrumental que tem livrado incontáveis pessoas das agonias dos distúrbios mentais.  Isto é, o conhecimento do que seja Mediunidade.  Ou interação psíquica entre “vivos daqui” e “vivos de lá”.

    Portanto, se a irresistível e irreverente atração pelo oculto pode culminar com desarranjos emocionais, todavia, sua abordagem pautada em termos disciplinares, perseverantes e movidos por alto ideal altruístico, como preceituam o Espiritismo e a Teosofia, são forças em tudo benéficas e coerentes com a existência da própria vida, pois dela são partes integrantes.

    Cabe, então, aos núcleos espiritualistas se especializarem nas profundezas desse conhecimento, para bem orientar os interessados e necessitados que aportarem em seus endereços.

     

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    Bibliografia:

    Ângelo Inácio/Robson Pinheiro – Legião – Casa dos Espíritos Editora

    Arthur E. Powell – O Corpo Mental – páginas 83 e 254 – Editora Pensamento

    Áureo/ Hernani T. Sant’Anna – Universo e Vida – páginas 110 – Federação Espírita Brasileira

    Bob Toben e Fred Allan Wolf – Espaço-Tempo e Além – Editora Cultrix

    Edith Fiore – Possessão Espiritual – Editora Pensamento

    Elieser C. Mendes – Psicotranse – Editora Pensamento

    Hermínio Correa de Miranda – A Memória e o Tempo  – Publicações Lachâtre

    Hermínio Correa de Miranda – Alquimia da Mente – Publicações Lachâtre

    Itzhak Bentov – À Espreita do Pêndulo Cósmico – Editora Cultrix

    Ken Wilber – O Espectro da Consciência – Editora Cultrix

    Larry Dossey – Encontro com a Alma – Editora Cultrix

    Lancellin/João Nunes Maia – Iniciação – Viagem Astral – Editora Espírita Cristã Fonte Viva

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Loucura e Obsessão – Federação Espírita Brasileira

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Painéis da Obsessão – Livraria Espírita Alvorada Ltda

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Nas Fronteiras da Loucura – Livraria Espírita Alvorada Ltda

    Miramez/João Nunez Maia – Horizontes da Mente – págs. 14, 22, 23, 28, 31, 45 – Editora  Espírita Cristã Fonte Viva.

    Miramez/João Nunez Maia – Segurança Mediúnica – Editora  Espírita Cristã Fonte Viva.

    Miramez/João Nunez Maia – Médiuns – Editora  Espírita Cristã Fonte Viva.

    Yvonne A. Pereira – Memórias de Um Suicida – Federação Espírita Brasileira

    Waldo Vieira – Projeciologia – capítulos 319 e 320 – Edição do autor.

    Zalmino Zimmermann – Perispírito – Editora Allan Kardec

     

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Março de 1998

    Revisão em Novembro de 2008

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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