O Inevitável Despertar - Apostila 3

O Inevitável Despertar - Apostila 3

 

  

Os Rótulos

Nesta apostila analisaremos uma das razões que fazem ocasionar incômodos psicológicos, e até físicos, durante o despertar da consciência.   É importante comentar sobre esse fato que diretamente se relaciona com o aparecimento das dificuldades que as pessoas encontram enquanto estão na fase do amadurecimento espiritual.

 

Acontece que antes, e durante a fase inicial do despertamento consciencial, a pessoa se vê a braços com energia pesadas e constrangedoras, como ficou demonstrado na apostila 02.

 

Esse efeito constrangedor sinaliza que tal pessoa precisa passar por algumas adaptações e ajustes, tanto física quanto psiquicamente, para, só assim, voltar ao equilíbrio funcional de si mesma.  Vejamos de onde tudo isso se origina.

 

O indivíduo reencarna reiniciando a vida terrestre regido pelo princípio da simplicidade infantil.  Isto é, na fase da infância é um campo inteiramente propício a todos e quaisquer sugestionamento.   Dependendo das influências gerais recebidas nos dois primeiros sete anos de vida, serão maiores, ou menores, os bloqueios com os quais defrontará no momento de seu despertamento consciencial.

 

Tudo isso vem de acontecer porque além dos fatores cármicos que o indivíduo traz de outra vida, nesta, concomitante ao tipo de educação moral, cívica e religiosa que tenha recebido nos seus primeiros quatorze anos de existência, serão, também os Rótulos psíquicos que o moldarão.

 

Exatamente esses rótulos é que facilitarão ou dificultarão o relacionamento do aspecto físico com o aspecto extrafísico do indivíduo.  Melhor dizendo, da personalidade com o inconsciente.  Desta forma, para que haja harmonia geral, é fundamental que esse relacionamento entre regiões de uma mesma pessoa seja constante e amistoso.

 

Entretanto, para vermos o lado negativo de um tal relacionamento, admitamos que num dado indivíduo sua educação infanto-juvenil tenha sido crivada de princípios amedrontadores.  Como por exemplo, crendices supersticiosas, radicalismos e intolerâncias religiosas.

 

Se assim for, contrariando a concretização da sua harmonia, nos passos seguintes de sua vida, para qualquer atitude que venha tomar, surgirá um daqueles horríveis rótulos antepondo-se à iniciativa.  Mesmo que intimamente se sinta atraído por uma atitude vivencial diferente das até então realizadas, embora que sabidamente seja construtiva, sentir-se-á de tal modo temeroso com o fato novo que preferirá dele desistir.

 

Essa decisão de desistência trará o primeiro conflito.  Algo, interiormente, lhe impulsiona para o fato novo, porém, um medo inaudito lhe tolhe a iniciativa que lhe permitiria se aproximar daquela novidade.   Esse estado conflituoso pode ser consciente ou inconsciente.  Em outras palavras, a pessoa, mesmo frustrada consigo mesma sabe, porém, que lhe faltam forças para encarar o inusitado, ou, repele de pronto o que lhe oferecem sem mesmo saber porque assim se comporta.

 

Não podemos deixar de considerar que se levando em conta os fatores cármicos, certos bloqueios, ou inibições, chegam até a ser benéficos.  Naqueles casos em que há a necessidade do indivíduo passar por uma correção espiritual.   Todavia, tratando-se, especificamente, do fato relacionado ao despertamento consciencial, os rótulos impostos pelas medidas educacionais extremamente severas, são totalmente contraproducentes.

 

Contudo, como se encontra na série A Criatura, sendo a força evolutiva superior a todos os imagináveis e inimagináveis bloqueios, um dia, sobre essa pessoa, desencadeará de forma irresistível o fenômeno transformador.   Mas, como por alguns anos essa força esteve reprimida pelos rótulos nas dimensões psíquicas, acabou avolumando-se, como acontece com um curso de água quando represado.

 

Todavia, as leis da física demonstram que um curso de água não poderá ser represado indefinidamente, pois o aumento de pressão com o acúmulo do líquido fatalmente romperá a barragem que tenta conter aquele fluxo. 

 

De igual forma, a pressão evolutiva quando represada, de alguma maneira, em algum dia, romperá o dique criado pelos rótulos oriundos da educação cerceadora que a pessoa tenha recebido.

 

E, deve-se deixar bem claro, o rompimento dessa barragem preconceitual se dá independentemente da vontade consciente do individuo.  Por conseguinte, quando menos espera, explode-lhe sobre seu campo emocional.  É um enorme susto.  Um profundo abalo.

 

 

Coisas jamais sentidas, ou vividas, despedaçam suas resistências, e as transformações se iniciam. (Rever apostila 01 desta série). 

A partir de um dado momento o indivíduo se vê, simultaneamente, co-participante da vida extrafísica estando, entretanto, consciente na física, como ilustra a figura 03A. 

Com os pés na Terra mas com a mente voando por outras dimensões. 

E o que é pior, sem entender nada do que lhe está acontecendo.

 

Como é de se esperar, essa inusitada situação revoluciona todo seu equilíbrio emocional. 

Passa, mesmo, a se achar a criatura mais esquisita em relação à vida. 

Por extensão, não mais consegue situar-se bem com os amigos de antes.  

As diversões que tanto atraiam vão perdendo seu interesse. 

Os familiares observam as mudanças e acham que ele está se tornando uma pessoa chata.

 

Se até em família o relacionamento diferencia-se de antes, então, por causa disso tudo seus conflitos se avolumam e a torrente de energias despejada pela represa rompida também se intensifica.

 

Estágio em  que  as  coisas se complicam.  Além dos conflitos emocionais, situação puramente psíquica, também começam a aparecer incômodos fisiológicos. (Ver trechos de Manoel Philomeno de Miranda, na apostila 02). 

Dores aqui, dores ali. 

E como se já não bastassem os infortúnios de visitas a psicólogos e psiquiatras, também, agora, se recorre a médicos clínicos gerais.

 

Os exames clínicos para esses casos de despertamento da consciência sempre dão como infrutíferas as buscas de focos contaminados no corpo físico.  Especialmente no cérebro.  Mais uma indefinição que só lhe faz aumentar o estado de angústia.

 

Mas, como ficou dito acima, a própria conjunção evolutiva, fazendo uso da atração entre os semelhantes, e além do que, beneficiando-se da abertura social hoje existente, onde tanto se divulga sobre o contexto espiritualista sem dogmatismos, o indivíduo, sem saber até porque, vai se aproximando de algum núcleo de estudos e assistências espirituais.

 

Nesse ambiente recebe as ferramentas contributivas para reorganizar o quadro de sua vida.  É o oásis que lhe faltava, diante do deserto de informações que atravessava.  Naquele ambiente, inteiramente novo para ele, encontra a sombra refazente da compreensão  que dispensam à sua situação.  Encontra, ainda, a fonte de límpida e refrescante água que lhe aplaca a sede de saber o que consigo se passa.

 

Recebe, ali, as ferramentas principais para, por si mesmo, direcionar-se para a verdadeira liberdade.  As ferramentas do conhecimento.  As respostas do por quê ?, daquilo que tanto o atormentava.

 

Conhecereis a verdade e ela vos libertará

 Jesus – (João 8:32)

 

Desse momento em diante, o protagonista daquele estado alterado de consciência, (EAC), encontrou, em definitivo, o seu caminho.   Agora é, conscientemente, segui-lo.

 

Tentar ignorar alguns de seus aspectos é decretar o ressurgimento daqueles mesmos conflitos de antes.  Não se pode ignorar que a harmonia tem seu preço.

 

Esse preço, para que não seja tão alto, como vimos na apostila 02,  exige que se compreenda que o Estado Alterado de Consciência (EAC), que pode ser vivido de forma harmônica, é uma vivência com dosagens sutis, porém, potencialmente mais fortes de energia.   Ignorar esse fato, ou desprezá-lo, repetimos, é reativar a causação dos desequilíbrios de antes, pois o despertar é irreversível.

 

Como exemplo demonstrativo de um despertamento consciencial, comentaremos com mais minúcias os fatos que se deram com a pesquisadora Christina Grof quando de sua experiência pessoal.  Apresentamos alguns trechos na apostila 01, mas nesta voltamos com mais detalhes.

 

Assim faremos para evidenciar que, como se já não fosse bastante forte a pressão psicológica exercida pelos rótulos, também ocorre, ao mesmo tempo, um ciclo crescente de energia a percorrer a coluna espinhal de baixo para cima.  Essa corrente de energia, nos círculos de estudos esotéricos, é denominada de Kundalini.

 

 

Para os que da Kundalini ainda não ouviram falar, oferecemos a figura 03B com dois quadros.  No quadro 1 vemos uma pessoa sentada em posição de meditação.  Em linha na cor vermelha temos uma espiral situada na base da espinha.  Essa espiral é a energia Kundalini em estado de repouso.  Em algumas pessoas ela permanece assim durante toda a vida.  Eu outras, entretanto, ela se desperta.  Esse despertamento pode se dar por espontaneidade ou por acontecimento, ou processos que forçam seu desencadeamento.  Sobre os efeitos de tudo isso não iremos falar neste momento.

 

No quadro 2 vemos a pessoa na mesma situação anterior, agora, porém, com a energia Kundalini ascendendo por toda sua coluna espinhal.  É esta etapa que nos interessa na presente apostila, para comentarmos os acontecimentos de despertamento consciencial com Christina Grof.  Prossigamos.

 

Relembramos que tais fatos foram relatados no livro Emergência Espiritual, editado pela Editora Cultrix, cujos autores são Stanislav Grof e a protagonista dos acontecimentos, Christina Grof.

 

Ela narra que durante o momento de um parto, pelo qual se tornava mãe, dado a emoção que o ato nela desencadeou, viu-se presa por aquilo que se chama de despertar espiritual.  Tudo, evidentemente, completamente inesperado. 

 

Seu processo de despertamento, a partir daquele momento, segundo ela conta, perdurou por alguns anos, durante os quais viveu “experiências dramáticas que variaram do infernal ao extático”.

 

Todavia, enquanto durava seu drama pessoal, e por falta de informações, ela não se dava conta dos fundamentos da  nova realidade a que ia sendo arremessada.   Muito mais tarde, quando então já refeita dos abalos, e depois de algumas pesquisas, foi que veio a descobrir que o que lhe acontecera em muito se igualava ao que os místicos chamam de o despertar da Kundalini.  (Ver apostila 44 da série Mediunidade).

 

Isto é, Christina Grof havia passado pelo processo de rompimento do dique que continha suas energias conscienciais.

 

Como se vê do exemplo citado, quando menos se espera, até nas situações as mais importantes da vida, pode vir a eclodir o despertar.  A inconveniência de se suportar esses momentos está unicamente no fato da falta de conhecimento a respeito,  fazendo com que a pessoa atingida padeça período longo de um martirológio quase insuportável.  E com a grande maioria das pessoas é assim que o transcurso se dá.  Por desconhecerem o que está acontecendo, vêm-se presas de desesperos quase incontroláveis.

 

É bem verdade que as místicas escrituras da antiga Índia, Tibet e China, estão repletas de referências sobre o acordar da Kundalini, e tecem instruções de como lidar com essa delicada questão.  Entretanto, no ocidente, devido a duas fortes viciações – ceticismo científico e dogmatismo religioso – ficam as pessoas afastadas de tão sábios ensinamentos.

 

Quanto a nós, espiritualistas e reencarnacionistas confessos, cabe uma grande parcela nesse trabalho de informar, com o fito de minorar as aflições dos que se encontram nessa fase do despertar.

 

Mais detalhes na apostila seguinte.

 Bibliografia:    
 André Luiz/Francisco Cândido Xavier  Evolução em Dois Mundos – página 39   Federação Espírita Brasileira
 André Luiz/Francisco Cândido Xavier   No Mundo Maior  -  páginas 45, 54 e 58  Federação Espírita Brasileira
 Edith Fiore       Possessão Espiritual    Editora Pensamento
 Eliezer C. Mendes         Psicotranse      Editora Pensamento
 Emmanuel/Francisco Cândido Xavier   Pão Nosso – capítulo 111    Federação Espírita Brasileira
 Enciclopédia Barsa     Volume 15, página 73     Encyclopaedia Britannica
 Itzhak Bentov      À Espreita do Pêndulo Cósmico  Editora Cultrix
Leopoldo Balduino Psiquiatria e Mediunismo – página 201 Federação Espírita Brasileira
Manoel Ph. Miranda/Divaldo P Franco Painéis da Obsessão – Prefácio Livraria Espírita Alvorada Editora
Roberto Assagioli     Psicossíntese   Editora Cultrix
Stanislav Grof e Christina Grof   Emergência Espiritual  Editora Cultrix
Vivências  Apostila 13 da série Reconstrução e 37 e 52 da série Mediunidade  

   

Apostila escrita por

LUIZ ANTONIO BRASIL

Julho de 1997

Revisão em Novembro de 2005

Distribuição gratuita citando a fonte

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