Mediunidade 2 - Apostila 57
ESTUDO DA MEDIUNIDADE
47ª Parte
“Nos processos de cura, como deveremos compreender o passe ? – Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.”
(Emmanuel – Livro - O Consolador – Pergunta 98)
PASSES E METODOLOGIA
Com as três últimas apostilas tecemos comentários a respeito da aplicação de energias na chamada terapia do passe. Agora, em seqüência, nos parece adequado falar sobre metodologia de utilização, pois é comum ver nos ambientes que se servem desse salutar recurso um aproveitamento inadequado, chegando mesmo ao que se poderia chamar de desperdício.
Esse desperdício se origina no fato de que o passe, em sua íntima estrutura, ser pouco conhecido, seja porque poucos se interessam em estudá-lo ou porque as instituições que dele fazem uso não se dedicam em aprofundar tais conhecimentos. No mais das vezes usam-no por costumes religiosos, vindo essa prática desde a mais longínqua antiguidade ou, simplesmente, porque se tornou quase um ritual nas práticas espiritualistas. Como acontece nos templos onde a prática religiosa tem seus padrões litúrgicos, também nas instituições espiritualistas se vê o passe como parte do cerimonial das reuniões. E assim vai seguindo, estando, nos dias atuais, confinado em duas categorias que podemos chamar de passe padronizado e passe espontâneo.
O passe padronizado é aquele em que os médiuns, num mesmo momento, fazem uniformemente os mesmos gestos e empregam, todos, um só tempo para fazê-los, indiferentemente a quem ali esteja sendo atendido.
O passe espontâneo é caracterizado pela maneira individual que cada médium utiliza para aplicá-lo, geralmente movido por orientações que a respeito tenha recebido.
Embora não nos mova nenhum sentido de crítica, e muito menos a pretensão de ditar regras, nos parece, porém, que as duas modalidades acima citadas não atendem ao aproveitamento integral que o passe possa oferecer, bem como não atendem à situação real que o paciente possa apresentar, pois partem do princípio da indiferença pela individualidade do caso.
Assim pensando, e como nas três apostilas precedentes comentamos a respeito desse valiosíssimo recurso da transfusão energética, nada mais justo que, embora somente na forma de sugestão, apresentemos nesta um roteiro. Estaremos com isso juntando dos recursos energéticos citados nas apostilas 54, 55 e 56, e dando à eles racional uso.
CONHECER O PASSE
1º - Basicamente o passe é a transfusão de energia ou, em outras palavras, é a transferência de energia de uma pessoa – o médium – para outra, o paciente. Semelhantemente a uma transfusão de sangue que só deve ser feita quando o doador é saudável, também assim deve ser o serviço de passe. Os doadores de passe devem se manter vigilantes em seus pensamentos e atos, pois estes, espiritualmente falando, são os agentes que modulam a energia do passe. Fizemos mais ampla exposição do tema na apostila 45.
2º - Todas as energias são dinâmicas, ou seja, estão em constante movimento. Em razão disso a aplicação do passe também deve ser dinâmica e nunca estática. Baseamos nossa sugestão no fato de que todos os elementos constitutivos dos diversos corpos utilizados pelo espírito, os respectivos átomos, se encontram em continuada movimentação. Aliás, pode-se dizer, utilizando-nos das informações da ciência nuclear, que o átomo é o próprio movimento, e não uma partícula definida e infinitésima de matéria. Portanto, se o médium, ao aplicar o passe, acompanhar com suas mãos a conformação anatômica do paciente, indiscutivelmente melhor redistribuirá o fluxo das energias sobre ele.
3º - Do médium para o paciente a energia é lançada pelas extremidades de seu corpo, principalmente pelas pontas dos dedos das mãos. Assim sendo, se o médium, ao fazer os movimentos apropriados, impuser as mãos sobre a região, ou regiões, do corpo do paciente que inspira cuidados, efetivamente estará melhor atendendo ao caso. Na apostila 58 comentaremos sobre esses movimentos.
4º - O dinamismo das energias pode ser acompanhado pela mente. E deve sê-lo. Foi exatamente isso que falamos nas apostilas 54 e 55 quanto ao uso das cores. A recomendação acima se torna dispensável naqueles casos em que o médium trabalha incorporado.
A figura 57A ilustra esse acontecimento.
Como hipótese de estudo, admitamos que o paciente apresente incômodos na região do fígado. O médium, além do movimento físico de suas mãos, deve mentalizar, se não for clarividente, os rumos que o fluxo de energia está tomando por entre os órgãos do paciente. Assim procedendo estará impondo maior vigor na ação reparadora que as energias poderão efetuar. Naturalmente tomando aqueles cuidados já referidos nas apostilas 54, 55 e 56.
5º - Conhecer a anatomia do corpo humano. Não queremos dizer que o médium deva entender do corpo humano tanto quanto o médico ou o enfermeiro. Porém, é desejável que possua noções, mesmo que básicas, pois estas facilitarão seu desempenho. Tanto para saber a que região dirigir o fluxo de energia como para mentalizar o órgão em questão. O conhecimento, qualquer que seja nunca é demais, e estas noções elementares de anatomia humana não são difíceis de serem apreendidas.
Reflexão e Método
Acima estão cinco questões para reflexão. O dever convoca todos os de boa vontade para acordarem em si o potencial adormecido, à espera de motivação. A motivação pode ser entendida como sendo o compreender que o passe é uma importante fenomenologia terapêutica, e não apenas o gesto de impor as mãos. Se, em tempos idos, durante as eras de obscurantismo religioso e científico, não foi possível à humanidade apreender do real alcance de tal fenomenologia, hoje, entretanto, o caminho do saber está livre. Só não o adquire quem não o quiser. Em virtude dessa liberdade hoje alcançada, e dela aproveitando, de experiência em experiência concluímos que a terapia do passe deva se constituir de uma metodologia cuja seqüência leve a atingir, gradativamente, etapa por etapa, a restauração da criatura. Da criatura como um todo, e não visar só a restauração do corpo físico.
Assim, a par com as recomendações de respeitáveis mentores espirituais, a experiência foi nos mostrando que a seqüência metodológica a ser oferecida ao paciente deve ter por alicerce a renovação de caráter do indivíduo. A renovação de seus padrões mentais, redirecionando-os para a linha da solidariedade, pois só compreendendo o semelhante expurga-se o negativismo, alavanca esta tão nefasta que destrói todos os sonhos de beleza e harmonia da vida.
Compreendendo-se o poder para o bem existente na força da solidariedade o indivíduo se renova e se cura. Se não de todo em seu corpo físico, pois é preciso lembrar que nem tudo é possível numa vida, o fará, sem dúvida, em sua alma. Curando-se esta, tudo o demais se torna harmônico. Importante recordar que todas as criaturas estão vinculadas à Lei de Causa e Efeito, em razão do que não adianta desesperar. O que programado estiver, assim será.
Dentro dessa premissa, e como planejamento preliminar para o atendimento, sugerimos que as etapas sejam as seguintes:
A – Uma sessão de entrevista antes de realizar o passe;
B – O atendente da entrevista deve estar capacitado para conversar e prestar os primeiros esclarecimentos ao visitante;
C – Essa conversa preliminar visa tranquilizar o visitante. Apenas inquirir sobre o que o levou ali. Depois, em linhas gerais, esclarecê-lo no que consiste o atendimento espiritual e dos rumos reparadores que os ensinamentos espiritualistas podem lhe oferecer;
D – Após a entrevista encaminhá-lo ao passe. O médium que o atenderá deverá ser informado sobre o que aflige aquele paciente, pois assim poderá melhor atendê-lo;
E – O médium, por sua vez, dará ao paciente as seguintes orientações:
– Postura Física: sentado, deitado ou de pé, conforme cada caso requerer
– Como será o passe: explicar ao paciente como o passe vai ser aplicado. Essa informação acalma o paciente, tirando dele a ansiedade gerada pela expectativa de não saber o que vai acontecer. Essa ansiedade é tão mais intensa naqueles pacientes que estão ali pela primeira vez.
– Comportamento Mental: sugerir o objetivo em que o paciente deve se concentrar. Geralmente fazendo uma prece;
F – Ao final do passe prestar esclarecimentos ao paciente, além de colher do mesmo informe sobre as sensações que registrou durante o passe. Mediante essas informações o médium continuará com o método usado ou fará correções que melhor se apliquem àquele caso;
G – Uma palavra amiga, ao final, acompanhada de recomendações espiritualizantes, será o melhor arremate para a assistência que foi dispensada. O paciente sairá confiante, pois jamais poderá ser deixado entregue, ou perdido, em suas conjecturas, em suas dúvidas ou em suas curiosidades.
O dever básico de uma instituição espiritualista, seja de que modalidade ela for, é o de seriamente esclarecer. Preencher os vazios existentes na alma de cada um que a procurar.
Algumas sugestões se complementarão com a próxima apostila.
Bibliografia:
Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – questões 175 e 176 – Livraria Allan Kardec Editora
André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Mecanismos da Mediunidade – capítulo 22 – Federação Espírita Brasileira
Miramez/João Nunes Maia – Segurança Mediúnica – págs. 14, 61, 77, 110, 119, 147 – Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Miramez/João Nunes Maia – Médiuns – págs. 16, 49, 87, 110, 141, 263 – Editora Espírita Cristã Fonte Viva
Ramatis/Hercílio Maes – A Vida Humana e o Espírito Imortal – Livraria Freitas Bastos
Ramatis/Hercílio Maes – A Sobrevivência do Espírito – Livraria Freitas Bastos
Edgard Armond – Curas Espirituais – Editora Aliança
Edgard Armond – Passes e Radiações – Editora Aliança
Edgard Armond – Trabalhos Práticos de Espiritismo – Editora Aliança
Bárbara Brennan – Mãos de Luz – Editora Pensamento
Choa Kok Sui – Cura Prânica – Editora Ground
Choa Kok Sui – Psicoterapia Prânica – Editora Ground
Hiroshi Motoyama – Teoria dos Chacras – Editora Pensamento
Wenefledo de Toledo - Passes e Curas Espirituais - Editora Pensamento.
Zulma Reyo – Alquimia Interior – Editora Ground
Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Agosto de 1997 – Revisão em Maio de 2008