Além da Meditação - Apostila 1

Além da Meditação - Apostila 1

Iniciando

 

Se escrever sobre meditação já foi difícil, desenvolver o tema “Além da Meditação” muito mais será.

 

A dificuldade se encontra na linguagem.  É quase querer fazer omelete sem quebrar os ovos.   Acontece que nossa linguagem é apropriada ao espaço-tempo onde vivemos, chamado de terceira dimensão.  E, do que iremos tratar está além dela.  Portanto, para nossa mente, uma dimensão abstrata.

 

Como, então, utilizando da linguagem concreta da terceira dimensão poderemos descrever, e dar sentido, a abstrações as mais complexas?

 

De nossa parte empregaremos esforços para que o tema fique o mais assimilável possível, todavia, se torna indispensável que o leitor, vivamente interessado, também dê sua cota de colaboração no sentido de aprofundar o raciocínio.

 

Associando estas duas partes, nosso esclarecimento, o mais lúcido possível, e o raciocínio do leitor, por certo, ao final, chegaremos ao entendimento do que nos propomos.

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A Mente Suprema

 

Da série Meditação ficou claro que o Cosmos é a Grande Ideação, o pensamento manifesto do Criador. O Grande Plano da Criação. A este Criador, em linguagem comum, dá-se o nome Deus.  Contudo, esta palavra no vocabulário de nosso mundo passou a designar muitas outras atribuições, e não a Real, aquela que nos interessa neste estudo.

 

Criador, para nós, é o Ser Supremo a que estaremos designando por Divindade Suprema.  Numa linguagem mais ampla, adentrando áreas de estudos ocultos, descobrimos que em Deus estão sintetizados os dois princípios que regem as vidas nos universos manifestados.  Os princípios masculino e feminino.  Não, evidentemente, em termos de sexualidade, mas na questão das fusões energéticas: “De dois se faz Um”.  Figura 01A abaixo.  Portanto, deste ponto em diante, ao lerem a palavra Deus, ou a designação Divindade Suprema, interpretem-na como um Deus masculino/feminino: Ele/Ela.  O Ser completo em Si mesmo.

 

 

Embora a figura 01A represente o UNO numa forma delimitada e separada dos demais conteúdos figurados, tenham em mente que ELE abarca todas elas.   A ilustração quer, apenas, facilitar a compreensão de um  imaginário fluxo de deslocamento.  Na verdade não há este fluxo.  Ocorre, tão só, um transcender dimensional.

 

Definindo:  Ser Supremo – Aquele que nenhum outro ser está acima dele.  Aquele que está acima de todos e de tudo.

 Em se tratando da questão sideral, Ser Supremo se vê acrescido do adjetivo Eterno.

 

Divindade Suprema – Ou divindade infinita. O Ser que não teve princípio e nem terá fim.  O Ser que É antes de tudo e permanecerá sendo depois de tudo.  A Fonte de onde tudo o que É proveio, e de tudo o que será.

 

Sendo assim, e assim o é, a Divindade Suprema, através da expressão de Seu excelso pensamento elaborou o Grande Plano da Criação.

 

Aqui cabe um esclarecimento.  Em se tratando de Eternidade, nenhum verbo deveria estar no tempo passado ou no futuro, contudo, como mencionamos, nos é impossível expressar acontecimentos sem que façamos referência tempo espaço.   Nesta conjuntura, cabe ao leitor, em seu raciocínio, trazer todos os verbos para o continuum presente, de forma que parte da frase do parágrafo anterior seria assim compreendido: Seu excelso pensamento elabora o Grande Plano da Criação.”

 

Desta forma, tudo que já existiu – relativamente para nós – tudo que existe e tudo que existirá – sempre relativamente para nós – encontra-se definido neste único Grande Plano.

 

Podemos até imaginar uma figura que ilustre este fato, dizendo que, passado, presente e futuro, estão sintetizados neste Grande Plano.

A figura 01B expressa que, para nós, espíritos vivendo na terceira dimensão, passado, presente e futuro são unidades de tempo, que chamaremos de extrínsecas, tal como se entende os algarismos 1, 2 e 3 quando os vemos isolados uns dos outros, cada um possuindo seu valor intrínseco, porém, extrínseco quando formando o conjunto do número 123.

 

Destarte, passado, presente e futuro, só têm sentido para nossa visão espaço-tempo, pois que o cérebro humano não consegue concatenar eventos sem esses referenciais.  Contudo, no Grande Plano, ou a Eternidade do pensamento da Divindade Suprema, estes três elementos se resumem num só, o Eterno Presente.

 

A figura 01C propõe demonstrar essa abstração da relatividade espaço-tempo dentro da Eternidade. 

 

 

Vejamos:  Para nós, “Passado” é um tempo que se foi.  “Presente” é o tempo do Agora.  “Futuro” é um tempo que está por vir.  É assim que funciona em nosso cérebro.  Compartimentamos isso que chamamos tempo.  Mas isso só existe, mesmo que ilusoriamente, em razão do aprisionamento gravitacional que vivemos na Terra.  Saindo da Terra, esses parâmetros não contam mais.    Transpondo-nos à Eternidade, nosso “passado” é um AGORA.   Igualmente, lançando-nos ao “futuro” ali nos vemos num AGORA.

 

Isso leva-nos a dois princípios:

 

1 – Em nosso existir há uma correlação de nosso passado com nosso presente, bem como de nosso presente com nosso futuro.  Portanto, passado, presente e futuro de qualquer pessoa sempre é um Agora.

 

2 – Essa correlação é evidenciada pelos fenômenos da retrocognição, da clarividência e das premonições.  Retrocognitivamente podemos “ver” ou “rever” nosso passado; premonitóriamente podemos “ver” nosso futuro.   Não fosse assim não existiriam os chamados fenômenos proféticos.

 

Outra evidência disso, e incontestável, é, por exemplo, estudar uma distante estrela, ou galáxia.  A imagem que delas nos chega, neste AGORA, é de um “passado” ocorrido a milhões, e mesmo bilhões de anos terrestres, e, no entanto, as vemos como uma realidade do AGORA.  Na verdade, é bem possível que a estrela visualizada, ou a galáxia, não mais existam no contexto cósmico.  No entanto, repito, as vemos como existentes. Vejam figura 01D.

 

 

De igual e invariável forma está nosso “passado” e nosso “futuro” em relação à Eternidade.  Continuamos existindo no Agora do “passado”; existimos no Agora do “presente”; e já lá estamos no Agora do “futuro”.

 

Portanto, voltando ao que dizíamos sobre o Grande Plano, tudo o que já houve, que está havendo e que ainda haverá, na mente da Divindade Suprema, tudo acontece AGORA.

 

“ – Se tudo é o agora, por que temos o ontem, o hoje e teremos o amanhã ?, questiona um leitor atento.

 

Raciocinemos:

A Divindade Suprema é a própria imutabilidade.  Ele/Ela sempre, e invariavelmente, É.

 

Nós somos a mutabilidade.  Como humanos nunca podemos dizer:  Eu Sou.  Estaremos sempre vindo a ser.

 

Nessa grande diferença entre imutabilidade e mutabilidade, reside o nosso modo de ser e de viver.

 

O que é ensinado nas religiões de culto exterior, de que Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança, causa as mais inconsistentes interpretações.  Leva a entender, em sentido inverso, que, então, Deus possui as mesmas feições – morfologia – e atributos os de caráter que nós possuímos. Figura 01E.

 

 

Dessa conceituação vem a interpretação, inclusive bíblica, - quando lida ao pé da letra – de Deus como um pai vingativo, por um lado, e de privilegiador, por outro lado.  Exatamente como tem sido o modo do ser humano de tratar os seus relacionamentos e coisas.

 

Mas essa interpretação, “imagem e semelhança”, merece ser esclarecida melhor.

 

Retornemos à expressão do pensamento da Divindade Suprema, na formulação do Grande Plano. À formulação do Grande Plano poderemos chamar de menção Divina em dar o primeiro passo.  Isto é, imaginemos que Ele esteja parado, mas na iminência de dar o primeiro passo.  Só imaginemos.  A realidade não é bem essa, não esqueçam da dificuldade que a linguagem nos impõe.  O primeiro passo dado é a eclosão de o Grande Plano da Criação.

 

Implícito neste Grande Plano, além de tantos outros eventos, está o surgimento de seres que num porvir venham de se tornar Inteligentes.

 

Ah !!!  Inteligentes !

 

Inteligência: capacidade elaborativa de raciocínios – deduções – conclusões, planejamentos e realizações.

 

Huuum !!! – Então, aqui encontramos um atributo por nós muito conhecido que é igualzinho ao da Divindade Suprema.   Bom... deduzindo... tendo tudo partido Dele, então, só pode ter sido Ele que nos dotou desse atributo.

 

Prossigamos.  Falando em inteligência, raciocínio, planejamento, logo nos vem à imaginação a figura de um engenheiro, de um matemático, de um físico nuclear.   Será a Divindade Suprema um Engenheiro, um matemático ou um físico nuclear ?  É, também é.  Mas não fica só nisso.  Também É Arquiteto, um artista, um poeta, pois a todas as Suas exatidões criativas reveste do Belo.

 

Ah !, Belo !

 

Aqui encontramos outro atributo do Criador.  Tudo fazer estruturalmente certo, mas sem deixar faltar a Beleza.  E notamos que Ele também nos dotou deste atributo, de pendermos para o Belo em tudo que fizermos.

 

E aqui alcançamos a explicação para melhor ilustrar o “à imagem e semelhança”, que se traduz em Inteligência e Beleza.   Resumindo: capacidade de aprimoramento, capacidade de evoluir, de aperfeiçoar.

 

Esse imagem e semelhança não é uma cópia Xerox, uma multiplicação em série como os automóveis quando saem da linha de produção.

 

Ele concedeu-nos a Inteligência como capacidade de diferenciação entre cada um dos seres segundo o senso de Beleza que – cada um de Seus seres criados – desenvolver, ou evoluir.

 

Inteligência – já explicitamos acima.

 

Beleza – Agradável aos olhos - Inspiração de harmonia – Atração e admiração – O que nos faz bem.

Não sei se notaram, mas ficou implícito o verbo “desenvolver”, ou o outro, “evoluir”.

 

Verbo:  posições que se transformam no tempo e no espaço, significando ação.

É aqui, com esta definição de verbo que encontramos a resposta para nosso leitor atento que perguntou:  “Se tudo é o Agora, porque temos o ontem, o hoje e teremos o amanhã ?”

A resposta é: - Porque implícito no Grande Plano, à toda criação, está a designação de Desenvolver – de Evoluir – de Vir-a-Ser.

 

Vir-a-Ser:  O que ainda não é, mas que se tornará.  Este tópico será comentado mais amplamente na apostila 02.

 

Para que se possa empregar os atributos de Inteligência e Beleza, também do Grande Plano, são formados os espaços-tempo.  Os muitos universos com suas galáxias, seus sistemas estelares e planetários.  Estes são os campos onde eles, os atributos, passam a ser empregados.  E para que as inteligências nascentes possam ir se adestrando com as magnificências da Criação, o Grande Plano inclui o recurso da dimensionalidade e da temporalidade: o ontem, o hoje e o amanhã. 

 

Mas, atentem, são recursos próprios apenas aos universos matéria, e à experimentação evolutiva dos seres criados.

 

Ao emprega-los o ser se vê frente à escalada da evolução.  O ser pequenininho de ontem, cresce um tanto mais a cada hoje, agigantando-se no amanhã.   Mas isso só acontece na utilização, simultânea, dos dois atributos: Inteligência e Beleza.   A cada ato inteligentemente pensado, associado à beleza, ele, o ser que o pensou, cresce um pouco mais.

Crescer:  Aqui o verbo não explicita estatura corporal.  Defini-se como evolução, aprimoramento espiritual.

Dito isso, podemos concluir esta primeira parte acrescentando que os espaços-tempo, que compararemos como se ilhas fossem no oceano da Eternidade, têm por objetivo, como dito acima, serem os campos de evolução de todos os seres orgânicos e não orgânicos, pois tudo, cosmicamente falando, está fadado à evolução.

Todavia, tenham em mente que na proporção que forem expandindo suas individuais capacidades de Inteligência e do conceito de Beleza, também irão se transladando para outros espaços-tempo que se situam além de nossa acanhada, porém, indesprezível terceira dimensão.  E quanto mais “subirdes” mais encolhidos serão o passado e o futuro.

Como demonstrado pela figura 01F, em nosso mundo espaço-tempo, o que chamamos de presente se resume numa fração de segundo, enquanto que o passado vai formando um rastro imenso, e o futuro demonstra a eternidade do porvir.   Subindo um degrau na escala das dimensões vivenciais, o presente se alarga, absorvendo parte do passado e do futuro.  Indo um pouco mais alto o presente passa a ter maior duração quase encobrindo o passado e o futuro.  Seguindo nessa sucessividade ascensional quase desaparecem o passado e o futuro, restando, somente, o presente.  Neste ponto é o limiar da Eternidade, o Agora do Agora, e tudo está em toda parte, e toda parte está em tudo.  É o reino integral da mente.

 

 

É a isso que estamos chamando de evolução Inteligente em que, cada vez menos, o ser conceituará eventos como situados no passado, ou no presente, ou no futuro, porque sua percepção não mais necessitará desses parâmetros para entender causas e efeitos.  Percepcionará que tudo acontece AGORA !

Porém, digamos algo mais.  Acima mencionamos “o reino integral da mente”.  Essa citação poderá suscitar a impressão de que deste ponto em diante desaparecem os universos espaços-tempo e que só a Eternidade permaneça, numa espécie de vazio material.  Um vazio onde não exista o que chamamos de matéria.   Bem, com matéria ou sem ela, a Eternidade é permanente, como a própria palavra designa.  Contudo, o reino integral da mente, que para melhor compreensão podemos chamar de o âmago do Pensamento Divino, continua comportando os universos espaços-tempo, e estes, em seus ciclos de criação, aperfeiçoamento e dissolução, continuam pela infinidade. Uns sendo criados e outros sendo dissolvidos.  São eles, para os atuais universos, como serão, para os futuros, berços experimentais ou experienciais.  Experimentais no sentido de:

1 – Para os espíritos evoluídos desenvolverem, ainda mais, seus potenciais criativos.  Onde se tornam criadores de mundos.  Pois estes podem ser compreendidos como os feitores e comandatários da Vontade Suprema.  Como os vimos na série A Criatura, lá estavam formando o Colegiado da Galáxia, os portentosos Seres que dão vida à nossa Via Láctea e, mais perto de nós, os Logos que deram vida ao sistema planetário solar.

2 – Para os espíritos recém elevados ao reino da inteligência engajar-se na esteira do despertamento consciencial e iniciarem, por vontade própria, a aplicação dos potenciais latentes, ao invés de ficarem ad-infinitum – por toda a eternidade futura – presos à roda das encarnações e vivendo a ilusão da separatividade, como ilustra a figura 01G.

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Apostila Escrita por

Luiz Antonio Brasil

Poços de Caldas – Minas Gerais – Brasil

02 de Fevereiro de 2011

 

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