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    Reconstrução - Apostila 6

    Reconstrução - Apostila 6

     

      

    Para completar as informações preliminares desse tema veremos neste sobre

     

    LEI  DE  CAUSA  E  EFEITO  -  CARMA

    Falar sobre o Carma é uma tarefa difícil, pois que ele, no conceito popular, está cercado de fantasias e crendices.  Todavia, sigamos passo-a-passo, e aos poucos edifiquemos nossa visão sem as contaminações citadas acima.

    Comecemos por analisar as duas palavras chave que o designam:  Lei e Carma.

    Lei: é toda norma que dinama de uma autoridade legítima.  Neste caso, considerando-se a universalidade desta lei, uma só poderia ser a autoridade, isto é o Criador, Deus.

    Carma: palavra do idioma sânscrito que significa ação. 

    Juntando as duas temos o ponto fundamental que gera a determinação da maneira de vida de todas as criaturas:  Normas de Ação.

    Uma outra informação básica que de passagem falamos na apostila 03, foi dizer que o Carma não é fatalista.   Até citamos o desmembramento de definições que as religiões orientais fazem sobre o Carma.   Esse ponto é dos mais importantes, pois o conhecendo bem o indivíduo entenderá que embora seja uma Lei Suprema, digamos Divina, portanto irretocável pelo homem, é, contudo, posta em suas mãos para dar destino à própria vida.   Isto é, dentro dos parâmetros cármicos são permitidos os reacertos.

    No Carma há uma flexibilidade cuja variação está na proporção da intensidade de cada uma daquelas forças anteriormente analisadas: Pensamento, Desejo e Vontade.  É isso que reflete os gráficos da apostila 03, figura 03A.

    Mas não confundamos flexibilidade com apadrinhamentos protecionistas, circunstância que, cosmicamente falando, não existe.  Todos os Seres são, inderrogavelmente, iguais perante a lei e, de forma concomitante à ela respondem segundo seus atos.   Seja em vida presente ou em vidas futuras.

    Usando de outras palavras, e de forma figurativa, podemos dizer que o Carma é um cercado que não tem porta de saída.   Embora intransponível, é confeccionado com material muito elástico.   Assim, mesmo não podendo sair  de seu interior pode-se, contudo, pressionar a cerca numa determinada direção qualquer, alterando-se-lhe a conformação.

     

    Entretanto, como a cerca é feita de material elástico – quadro A – figura 06A, isso significa que ao se fazer pressão – quadro B -  numa direção, ao menor descuido a elasticidade do material pressionará a cerca de volta para a posição anterior, - quadro C – arremes-sando o intentador ao chão.

    Destarte, como bem ensinam as leis de estática e dinâmica das ciências físicas, é de bom senso, antecipadamente, avaliar as forças que se pretende aplicar sobre o “material da cerca”, para não ser surpreendido por seus limites de tolerância.

     

    A figura 06B – aqui em tamanho pequeno – e maior na folha 2 – demonstra o que seja limite de tolerância.  No quadro A vemos um veículo transportando carga de 3 toneladas, e transitando por uma ponte cuja capacidade de resistência é de 4 toneladas.

    Nessa situação tudo transcorre normal-mente porque está dentro dos limites de tolerância.

    No quadro B, temos a mesma ponte, porém, desta vez, o veículo que por ela passa está com carga superior às 4 toneladas suporta-das.

    Quadro C, seja por descuido ou impru-dência, o desastre é inevitável.   A ponte se rompe e o veículo despenca junto com ela.

    Assim é o Carma.  Elástico, mas possui um rígido limite de tolerância, no que se pode resumir pela célebre frase de autoria de Paulo, o apóstolo: “Do que plantar, disso também colherá.” (Gálatas 6:7).

    Essa definição além de concordar com a característica de flexibilidade do Carma, pois claramente indica que o indivíduo receberá conforme o que tenha feito, também nos remete a uma reflexão intrincada.

    É a seguinte:  André Luiz, espírito, citado na apostila 03, diz que para as questões de causa e efeito, as potências orientadoras da vida usam de cálculos pertencentes à mais alta matemática.  Essa informação, inicialmente nos arrepia ao nos lembrar das notas escolares, as que marcavam o aproveitamento em matemática.  Estas eram sempre desanimadoras.  Provocavam, até, alguns puxões de orelha de nossos pais e mestras.  -  Naqueles tempos era assim, e como respeitávamos pais e mestres.

    Pois é, mas deixemos os arrepios de lado porque aqui não vamos fazer cálculos.   Vamos somente nos utilizar dessa analogia para montar a nossa reflexão.

    A natureza, com todas as suas sábias leis, nos ensina sempre algo de harmonioso dentro da matemática cósmica, equilibradora da vida.

    Assim que na  Lei  das  Multiplicações  nos exemplifica o poder gerador contido nas formas físicas.  Por exemplo:  semeamos, ou plantamos, UM GRÃO de milho, (figura 06C), e colhemos, desse mesmo grão, três ou quatro espigas, contendo, no total, CENTENAS de grãos iguais.

     

    Milagre ?  Não !  Apenas um acontecimento natural que se realizou, e deste, processualmente, deu-se o fenômeno da conjunção de forças cuja destinação certa e inequívoca é a construção, ou materialização, de outras entidades, ou formas idênticas à que desencadeou o processo.

    Essa lei multiplicativa das formas, implícita no contexto cósmico e, portanto, o homem à ela está submetido, é uma das componentes da Lei de Causa e Efeito.   O homem encarnado não a distingue das demais porque perdeu a sensibilidade para perceber as Leis naturais, tão abstraído está pelas formas materiais.

    Essas observações nos levam a defrontar com o fenômeno natural que em linguagem matemática é chamado de progressão.   Isto é, partindo de UM obtém-se INCONTÁVEIS.

    Mas para entender toda essa analogia da semente no contexto da vida da criatura inteligente, compreendendo, também, da flexibilização do Carma que é posta na mão de todos os indivíduos, é preciso fazer um recuo no tempo, e recapitular o que pode ser visto na série A Criatura.

    Nesse mergulho aos primórdios conhecidos da vida das criaturas, vamos encontrar no reino Mineral a primeira incursão daquela porção da LUZ coagulada que viria a ser chamada de Centelha Divina.  O Espírito.  Ali deu os primeiros passos no aprendizado das formas.  Consolidou estatura para a sensibilidade e passou ao reino Vegetal.  Naquele estágio sentiu e aprendeu da lei das multiplicações: tirar de sua forma outras tantas.   Transferiu-se, após, ao reino Animal.  Neste, além da sensibilização que lhe incluía prazer e dor, passou a conhecer os fragmentos do psiquismo.   E esse psiquismo proporcionava-lhe a faculdade motora.  Movimentar a forma física de que se servia.

    Agigantava-se a Centelha peregrina, e dava o grande salto.  Deixava os campos do instinto e ingressava no palco da razão.  O Ser se tornava inteligente.   Doravante estava apto à posição de co-criador.  Senhor de seus pensamentos, desejos e vontades.  A partir de então tornava-se o semeador e multiplicador de si mesmo.  Conquanto livre para semear, não o é, porém, para a escolha da colheita.  Esta será feita, inevitavelmente, daquilo que semeou.

    Mas deixar um reino e ascender a outro não significa que o anterior esvaiu-se do Ser sem deixar rastros.   Muito pelo contrário.  Observa-se na sociedade seres humanos enrijecidos em suas atitudes como se empedrados ainda estivessem no reino Mineral.  Insensíveis.   Outros, vegetando na existência corpórea hominal, deixam-se levar pelas circunstâncias, não esboçando um mínimo de ação que os faça merecer o lugar de homens que ocupam.  Outros, ainda, prisioneiros dos instintos, se movem apenas para satisfazer as sensações que a organização física impõe: fome e sexo.

    Agora, sim, compreendemos como a semente do hoje foi plantada ontem na terra chamada Lei de Causa e Efeito.   Compreendemos, ainda, como todos os Seres se enquadraram na Lei das Multiplicações, pois verificamos, do que acima está dito, que as tendências que amoldam a personalidade do presente são frutos das sementes do passado.

    Olhando por esse prisma aguça-nos o interesse e nos perguntamos:  Afinal, quem somos ?

    Como resposta lembramos a sementinha primeira do milho, que germinou, proliferou e hoje enche de alimentos os celeiros do mundo.   Isso, talvez, nos faça enxergar quem, ou o quê, enche os celeiros de nossa Consciência, alimentando o estágio da vida atual.

    Por exemplo, o que fomos a três mil anos passados ?   Não nos lembramos e, por isso, determinadas reações que vemos em nós mesmos, ou em outras pessoas, são tão incompreensíveis.  É, todavia, a personagem velha refletindo-se pela nova.

    Todas as afirmativas acima abrem um só horizonte de compreensão.   Os acontecimentos de  hoje representam no cenário novo o script da “peça teatral” que a pessoa escreveu com seus atos passados.

    A lógica, portanto, indica que se o enredo atual é dramático e infelicitador é porque o autor assim o redigiu praticando atos de prevaricação e prejuízos a outros; e, por outro lado, se o enredo faz vivenciar alegrias é porque as ações só representaram o respeito ao direito do semelhante, indo à culminância de não só respeitar, mas, também, ajudar aos decaídos.   Exemplo este dado por todos os grandes Mestres que por essa Terra já passaram.

    Pois bem, podemos, então, voltar à base da temática desta apostila e enfrentar o intrincado de nossa reflexão.   A semente multiplicadora e o Carma.

    No entendimento popular se diz que a reprodutividade causada pelo Carma é de Um para Um.  Isto é, planta-se um e colhe-se um.   Entretanto a natureza não dá saltos.   Assim como é no macrocosmo também o é no microcosmo, dizem os Mestres.   A lei que regulamenta um reino é a mesma que igualmente regulamenta a todos os demais.

    Vem disso a grande implicação que espicaça nossa curiosidade:  a reprodutividade impulsionada pela lei do Carma não seria análoga à multiplicação das sementes?  Ou seja, de UM bem que se faça colhe-se MUITAS alegrias?  Como de UM mau que se produza serão, também, MUITAS as dores a serem colhidas?

    Entendemos que assim como a sementinha, que de UMA proliferam MUITAS, a partir de UMA única intenção, PREMEDITADA, se desdobrariam, conforme o caso, incontáveis felicidades, ou desgraças, balizadas pela Lei de Causa e Efeito.

    E agora chegamos ao ponto máximo deste tema:  programar o Carma.  Assim se resume tudo o que está escrito acima.   Ou seja, o Ser poder programar seu Carma, o modo vivencial de suas futuras encarnações.  Em suma, aproveitar da flexibilização que o Carma permite e, pressionando corretamente daqui ou dali, ir dando direção concomitante com a construção da felicidade que deseja.

    Como? É preciso ser perito em matemática?

    Não!

    E a simbologia da figura 06B o exemplifica.  Acima está dito que nosso caminho se esboroa quando o sobrecarregamos com atos descompassados com a ética cósmica, mas que se mantém intacto e produtivo quando nos contemos em seus limites naturais.   Portanto, não é preciso ser perito em matemática, é só consultar a razão do Mundo e ver o que a vida espera de cada um.

    Feito isso, manter-se em seus limites de tolerância e executar somente os atos que os mesmos permitem.

    Ao adquirir a inteligência o Ser adquiriu, também, o poder de escolher entre os atos lícitos e os ilícitos.   Vejam na alegoria esotérica da vida de Adão e Eva a consumação desse fato.  “Comer do fruto da árvore da sabedoria e se tornar igual a Deus.”

    O equívoco – pecado no dizer popular – não está no “comer do fruto da árvore da sabedoria”, está na forma de como usar da sabedoria para alimentar seus desejos e vontades.   Daí vem a responsabilidade, pois, a forma de se alimentar vem do uso da inteligência, e esta é atributo pessoal e intransferível.  Qual seja, cada um faz de si o que assim deseja.

    Ser saudável, ou deficiente, é questão de assim se ter feito.

    Conclusão:  para estar enquadrado nos limites do Carma, e flexibilizá-lo, amoldando-o para a felicidade, bastam duas atitudes:  tolerância e paciência.  Destas, o produto de todas as multiplicações será sempre no sentido do bem, pois as sementes plantadas serão as da concórdia.

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    As notas acima, além de uma reflexão, são também medidas matemáticas.  Por isso, líquidas e certas, que regimentam a vida de todos os indivíduos.   Não basta, portanto, apenas pensar nelas, é preciso executá-las.


    Bibliografia

    Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –  pergs. 166/196, 614/648, 674/957 - Livraria Allan Kardec Editora

    Allan Kardec – Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. 8 item 5/7 – cap. 17 item 7 – Livraria Allan Kardec Editora

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Ação e Reação – capítulo 19 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – No Mundo Maior – capítulo 3 e 4 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Evolução em Dois Mundos – capítulos 1, 3, 4, 5, 12, 16, 19 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Libertação – págs. 17, 18 e 86 – Federação Espírita Brasileira

    André Luiz/Francisco Cândido Xavier – Entre a Terra e o Céu – págs. 132 e 133 - Federação Espírita Brasileira

    Annie Besant – A Vida do Homem em Três Mundos – Editora Pensamento

    Annie Besant – Karma – Editora Pensamento

    Annie Besant – Dharma – Editora Pensamento

    Annie Besant – O Poder do Pensamento – Editora Pensamento

    Annie Besant – Reencarnação – Editora Pensamento

    Bezerra de Menezes – A Loucura sob novo Prisma – Federação Espírita do Estado de São Paulo

    Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – Roteiro – capítulos 4, 25, 27 e 28 – Federação Espírita Brasileira

    Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – A Caminho da Luz – capítulos 1 e 2 - Federação Espírita Brasileira

    Fritjof Capra – O Ponto de Mutação – Editora Pensamento

    Hermínio Correa de Miranda – A Memória e o Tempo – Editora Lachâtre

    Hernani Guimarães Andrade – Espírito, Perispírito e Alma – Editora Pensamento

    Hernani Guimarães Andrade – Morte, Renascimento, Evolução – Editora Pensamento

    Leon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Federação Espírita Brasileira

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Obsessão e Loucura – Federação Espírita Brasileira

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Painéis da obsessão – Livraria Espírita Alvorada Editora

    Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Nas Fronteiras da Loucura - Livraria Espírita Alvorada Editora

    Pietro Ubaldi – A Grande Síntese – Livraria Allan Kardec Editora

    Pietro Ubaldi – A Lei de Deus – Fundação Pietro Ubaldi Editora

    Virgínia Hanson/Rosemarie Stewart – Karma – A Lei Universal da Harmonia – Editora Pensamento.

    Zalmino Zimmermann – Perispírito – Editora Allan Kardec

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Junho de 1997

    Revisão em Junho de 2008

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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