Mediunidade 1 - Apostila 17
MEDIUNIDADE - TEORIA E PRÁTICA
8ª Parte
Corpo Mental
OS MESTRES
Embora esse tema de Os Mestres melhor se enquadre no estudo do tema A Criatura, uma outra série onde abordamos o surgimento do SER no contexto de nosso sistema planetário, todavia, dado a sua importância instrutiva que muito vem de encontro à preparação de médiuns, não poderemos nos furtar de analisá-lo nesta apostila.
Falar da vinculação de um aprendiz com os Mestres significa lembrar o resultado óbvio do que disso advém. Isto é, se o saber dignifica a pessoa, entretanto, em todas as áreas de seu relacionamento acrescenta-lhe a responsabilidade intransferível de usá-lo pelo bem coletivo. Esse é o dever de cada aprendiz, na proporção dos valores maiores que os Mestres lhe transmitem.
Assim, pois, nas apostilas 14, 15 e 16 quando tratamos de o Corpo Mental, ficou demonstrada a importância desse corpo no conjunto geral da Criatura. Sendo ele a sede da mente, fica claramente evidente que todo trabalho do encarnado deve ser visando despertá-lo e robustecê-lo ainda mais. Este resultado trará benefícios diretos a todo o conjunto do SER, tanto nesta existência quanto nas futuras.
São estes cuidados que veremos a seguir.
Na vida de uma pessoa, em seu cotidiano, quando ela não está com a faculdade mediúnica em pleno desenvolvimento, seu relacionamento com o mundo espiritual é o representado na figura ao lado. Nela vemos um encarnado cuja consciência está voltada apenas para os interesses do ambiente físico. Em vista disso seu corpo Astral fica insensível às vibrações daquele plano. Essa insensibilidade torna-se o obstáculo que impede a percepção de qualquer manifestação ali acontecendo. Na figura, representamos esse obstáculo pela linha sinuosa indicada pela letra “A”. Devido a isso, todos os sinais que de seu corpo Astral se aproximam são rebatidos. Portanto, o corpo Astral desse encarnado não registra os sinais que lhe chegam. Por outro lado, a comunicação do mundo espiritual com o encarnado, via corpo físico se torna impossível, pois que, dos comunicantes, um fala a linguagem do Astral e o outro a linguagem do Físico. Total incompatibilidade que figuramos pelo obstáculo “B”.
Quanto a essa incompatibilidade de linguagem, na apostila 30 demonstraremos o mecanismo que permite a dois seres se entenderem verbalmente quando eles são de diferentes nacionalidades e idiomas.
Entretanto, no caso da mediunidade, não podemos deixar de esclarecer que esse isolamento imposto pelo obstáculo é apenas aparente. Muito mais do que se pensa e se sabe, acontece uma constante interferência de lá para cá, como daqui para lá. Os obstáculos “A” e “B” não existem efetivamente. Os encarnados, mergulhados nas preocupações e ilusões da vida Física é que não distinguem das suas as sensações que lhes são magnetizadas pelos viventes dos demais planos. Portanto, baseados nisso até podemos dizer que mediunidade é o ato de educar a sensibilidade.
Vejamos agora à situação de um ser humano cuja sensibilidade paranormal tenha sido despertada. A figura 17B, mostra o caso do médium comum, destes que mais comumente vemos nos Centros Espíritas, nos terreiros de Umbanda e Candomblé, nos templos Pentecostais e nas igrejas católicas Carismáticas. Neste segundo caso consideramos o encarnado portador de um razoável, ou bom, controle das emoções e, por conseguinte, sabendo interpretar o significado das reações de sua sensibilidade.
Quando ele se põe em estado de concentração os sinais seguem do Físico para a consciência. No desenho esse fluxo está indicado pela seta “1”. Assim acontecendo rompe-se o anterior obstáculo representado pela letra “A” na figura 17A, e que impedia o contato mediúnico via corpo Astral. Iguala-se, portanto, o nível de linguagem, e os sinais indicados pelo algarismo “2”, da entidade comunicante são por ele registrados. Nessa circunstância fala-se Astral com Astral. Por reflexo os sinais chegam até o corpo Físico do médium, fluxo “3”, que se mantém passivo. Além disso, com o corpo Astral devidamente educado para o funcionamento da comunicação, faz com que os mesmos sinais do fluxo “2” também sigam no rumo ascendente, representado pela seta “1-A”. Este fluxo atinge a consciência do médium.
Essa modalidade de comunicação permite a ele, médium, permanecer consciente do que faz, podendo, portanto, manter controle de gestos e palavras manifestados pela entidade incorporada. Essa situação é benéfica quando se trata de entidades pouco esclarecidas ou mal comportadas, para não deixá-las conturbar o ambiente. O controle exercido pela vontade do médium está representado no desenho pelo fluxo “4”.
Existe, porém, uma outra modalidade de mediunidade que em si encerra um caráter mais elevado, mais sublimado. É a que trata dos contatos com os Mestres.
Essas entidades, por suas evoluções, têm por habitação o plano Mental, quando não os superiores a este. São os seres maiores, sob cuja responsabilidade estão vastas camadas de núcleos residenciais, religiosos ou produtivos, aqui da Terra. Portanto, o acesso a esses Seres não está disponível ao vulgar dos encarnados. A comunicação Discípulo/Mestre ocorre na seguinte modalidade, que pode ser visualizada na figura acima.
Vemos o Mestre no plano Mental. Já não possui o corpo Astral e nem dele necessita. Na outra coluna do desenho está o encarnado. Com o corpo Físico na Terra mantém-se no estado de meditação, ou em ligação com os níveis profundos de sua consciência. Ficam sob total controle as ações físicas. Como o corpo Astral é apropriado às sensações, deve o mesmo ser mantido sob total domínio. Se assim não ocorrer as influências do plano Astral interferirão na comunicação, dificultando-as. Esse domínio sobre o corpo Astral é adquirido depois de um período mais ou menos longo de treinamentos. Estando assim sob domínio, durante a meditação, poderíamos entendê-lo como encerrado em uma caixa protetora, que rebateria as vibrações indesejáveis, como representamos na figura pela seta curva.
Assim estabelecido, podemos dizer que está formado o circuito propício para a comunicação, pois a linguagem se iguala; fala-se mental com mental. Por reflexo os sinais chegam até o corpo Astral e ao corpo Físico do médium que se mantém passivos.
Observem na figura que nesta circunstância de comunicação, devido ao grau mais elevado de educação paranormal, não ocorre o fluxo ascendente “1”, indicado na figura 17B. Só temos o fluxo do comando mental do Mestre. O médium, embora consciente, fica, porém, sob o inteiro domínio e cuidados do Mestre. Quanto ao Mestre, esteja à distância ou próximo, tem o fiel e confiante discípulo auxiliando-o nas metas do trabalho.
Essa modalidade pode ser classificada como comunicação intuitiva, e tão perfeita se torna que os presentes a uma reunião imaginam que o comunicante está incorporado no corpo Físico do médium. Na realidade isso não está acontecendo. O médium é que, por seu esforço, disciplina e dedicação, se tornou digno desse grau comunicativo.
Para tanto, é exigível no período de adestramento paranormal, o cuidado com o desenvolvimento do corpo Mental, como tanto se comentou nas duas últimas apostilas.
Falemos dessas condições que são: Primeiro, o discípulo deve sentir-se atraído pelo estudo. A palavra Mestre é sinônimo de saber e, se desejamos contatos com tão categorizados Seres é para apreender-lhes as lições. Logo, é preciso, sinceramente, buscar o Conhecer. Essa abertura das portas da mente leva a uma Segunda conseqüência. A mudança dos sentimentos. Sabemos que o que nos rege na vida são os impulsos de nossos desejos. Fazemos o que eles nos impõem, às vezes cegamente. Assim, se hoje não são tão dignos quanto aos das criaturas com as quais queremos nos acercar, teremos de mudá-los.
As figuras desta apostila dão bem essa idéia. Podemos viver apenas na Terra e pelas ilusões da Terra, figura 17A; podemos ter algum assomo de elevação, vivendo na Terra e já pensando nos planos espirituais, figura 17B; ou, inteiramente objetivando o cosmo, mesmo ainda estando na Terra, figura 17C. A escolha é de cada um.
Segundo: o requisito para atingir metas mais elevadas eqüivaleria a dizer que os nossos sentimentos devem ir se aprimorando. Isso tem uma séria implicação. Na apostila 10, em seu início, assim nos expressamos: “Qualquer trabalho espiritualista implica acesso a, e manipulação de, energias potencialmente perigosas. O manuseio destas, de forma irreverente, quase sempre se converte em complicações irreversíveis aos que assim procedem.” Essa abertura, nesta nova etapa de estudos, não foi uma retórica. É a realidade. O desenvolvimento dos poderes psíquicos sem a equivalente mudança dos sentimentos, direcionando-os pela rota da Ética Cósmica, torna seu possuidor um ser perigoso. Tanto para si como para os outros.
Aliás, como diz Arthur E. Powell, eminente personalidade que foi da Sociedade Teosófica, diz ele que seria menos perigoso entregar explosivos a crianças do que desenvolver os poderes da mente em pessoas maldosas.
É preciso ainda lembrar que esse desenvolvimento não se faz de forma isolada e aleatória. Durante longo período o pretendente estará sob permanente e rigorosa observação. No ambiente residencial do Mestre que o assistirá, cria-se uma imagem viva do candidato em prova. Essa fiel duplicata reproduzirá, às vistas do Mestre, as reações
do candidato frente a todas as situações que lhe ocorrem na vida, servindo-lhe para ajuizar dos resultados. Diariamente o Mestre examina os resultados, com que vai formando o conceito das reais intenções do candidato. Portanto, qualquer ocorrência a nível físico ou astral, na vida do candidato, se retratará na sua duplicata demonstradora, criada pelo mesmo, no plano Mental.
Infere-se disso a alta responsabilidade de quem a isso se dispõe atingir. Movimentará planos e energias que ainda lhe são inconcebíveis. É quando lhe vem de encontro uma terceira situação: O quê fazer de tudo isso ? Para quê serve tudo isso ? Pergunta o candidato.
Compreender o mérito de todo esse processo renovador da criatura, aproximando-a do Criador, exige vivenciar o que se vai aprendendo, Como as lições dos Mestres visam a coletividade, a Universalidade, o discípulo, também, terá que se esforçar por igualá-los. Deixar seu estreito mundo particular, moldado com as formas de seu egoísmo, e alargar-
se, indo de encontro aos seus semelhantes. É o caminho da Doação. Agora ele começa a descobrir para que tudo isso serve. E vai além, começa a entender para que serve a Vida.
Contudo, ressaltamos, entendimento acessível apenas aos que sinceramente se dispõem a contatar seus Mestres, e viver-lhes os exemplos. Daí para frente, mestre e discípulo serão um só.
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Bibliografia:
Autor |
Livro |
Editora |
Allan Kardec |
O Livro dos Espíritos, questão 245 |
Livraria Allan Kardec Editora |
André Luiz/Francisco C. Xavier |
Nosso Lar páginas 182, 262 e 265 |
Federação Espírita Brasileira |
André Luiz/Francisco C. Xavier |
Obreiros da Vida Eterna |
Federação Espírita Brasileira |
André Luiz/Francisco C. Xavier |
Entre a Terra e o Céu, página 132 |
Federação Espírita Brasileira |
André Luiz/Francisco C. Xavier |
Nos Domínios da Mediunidade capítulos 9 e 12, e páginas 101 e 139 |
Federação Espírita Brasileira |
André Luiz/Francisco C. Xavier |
Mecanismos da Mediunidade págs. 45, 47, 48, 52, 76, 77, 135 e capítulo 20 |
Federação Espírita Brasileira |
André Luiz/Francisco C. Xavier |
Evolução em Dois Mundos, capítulos II e XV e páginas 116 e 117 |
Federação Espírita Brasileira |
Annie Besant |
O Poder do Pensamento |
Editora Pensamento |
Annie Besant |
O Homem e seus Corpos |
Editora Pensamento |
Arthur E. Powell |
O Corpo Mental |
Editora Pensamento |
Helena Petrovna Blavatsky |
A Doutrina Secreta, volume I págs. 218 e 219 |
Editora Pensamento |
Charles W. Leadbeater |
O Plano Mental e A Clarividência |
Editora Pensamento |
Lancellin/João Nunes Maia |
Iniciação Viagem Astral, página 389 |
Editora Espírita Cristã Fonte Viva |
Ramatis/Hercílio Maes |
Mensagens do Astral, página 270 |
Livraria Freitas Bastos |
Waldo Vieira |
Projeciologia, capítulos 29, 43, 44, 45, 116, 117 e 127 |
Edição do Autor |
Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Maio de 1995
Distribuição gratuita citando a fonte