Amigos, no estudo sobre a espiritualidade de nossos irmãos animais, não é sempre que se encontra bons materiais.
Na minha concepção, material bom é aquele que possui informações com bons argumentos, ou seja, justificativas lógicas.
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Quando o assunto em pauta é a alimentação sem carne, a divergência, mesmo no meio espírita, é grande.
Há alguns dias, deparei-me com um vídeo sobre a espiritualidade dos animais. Gostei.
Entretanto, quando o palestrante começou a abordar sobre vegetarianismo, os argumentos foram fracos e diversas vezes equivocados.
Diante disto, gostaria de abordar o tema de maneira saudável e dividi-lo com vocês.
A matéria abaixo foi publicada na revista Animais Doutrina e Espiritualidade – nº7 (Editora Mythos).
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Assunto muito polêmico e de pouca reflexão no meio espírita é o vegetarianismo.
Quando digitado “vegetarianismo e espiritismo” em sites de busca, são dezenas de milhares de resultados encontrados.
Por outro lado, contam-se nos dedos das mãos os centros espíritas que trazem esta reflexão ao público.
É interessante saber que o vegetarianismo é dividido em 4 grupos, sendo que nenhum desses consomem carne:
1) Ovo-lacto vegetariano: não consome nenhum tipo de carne, consome ovos e leite;
2) Lacto-vegetariano: não consome nenhum tipo de carne e ovos, consome leite;
3) Vegetariano restrito ou puro: não consome carne, leite, ovos, mel e derivados;
4) Vegano (do inglês vegan): não consome carne, ovos, leite, mel e derivados; não utilizam vestuários com material de origem animal e nem produtos testados em animais.
Moqueca vegetariana no Jantar Vegetariano Beneficente promovido pela UNAVEG |
Diante da procura por este assunto, pode-se concluir que muitos são os interessados nesta reflexão, mas poucos são os coordenadores espíritas que se submetem a estudar profundamente o assunto e levar a posição do ESPIRITISMO aos espíritas.
Muitos questionariam: o espírita é obrigado a seguir o vegetarianismo?
A resposta, obviamente, é não.
O Espiritismo nada obriga e é, acima de tudo, uma filosofia de vida, não aplica o dogma como base religiosa.
Talvez, a pergunta mais sensata seria: o espírita deve refletir sobre a possibilidade de tornar-se vegetariano?
A resposta, logicamente, é sim.
O Espiritismo muito nos instrui sobre esta possibilidade desde Kardec:
“Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação?
Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros” (questão 724 do Livro dos Espíritos – LE).
Hoje, a maioria dos espíritas é onívora (consome tanto seres do reino animal como do vegetal), ou por falta de oportunidade de reflexão, ou por apoiar-se na famosa máxima “a carne nutre a carne” (questão 723 do LE).
A pergunta é simples e direta: por quanto tempo mais o espírita apoiar-se-á apenas nesta frase, e quanto tempo mais levará para tirar conclusões sensatas sobre o tema diante de tantas obras espíritas que revelam a realidade sobre o assunto?
Claramente, a frase citada serve aos espíritas que se colocam a favor de uma alimentação em que a carne tenha lugar garantido, e só!
Não se leva em conta a época em que foi escrito, qual era a situação do homem em termos de conhecimentos nutricionais em comparação aos dias de hoje.
Declaração do Conselho Regional de Nutrição. Por Vista-se |
Tanto esta frase de 1857, quanto a participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, extinta TV Tupi, em 1971, em que ele parecia instruir uma alimentação com carne para a maioria das pessoas, são justificáveis para a época - 1857.
Seria leviano da parte dos Espíritos afirmar que o Espiritismo condenava o consumo de carne, pois eram escassas as informações sobre as alternativas nutricionais em substituição à carne; o que não mais se aplica nos dias de hoje.
Nos dois exemplos citados, está fortemente evidenciada a NECESSIDADE do consumo de carne para a manutenção da vida saudável, o que não é mais justificado, pois existem diversas pesquisas científicas provando ser possível uma vida saudável sem o consumo de animais.
São diversos exemplos de pessoas, atletas, crianças e idosos vegetarianos e saudáveis.
Então, por que ainda comer carne?
Camiseta da União dos Atletas Vegetarianos (UNAVEG) - saúde e vegetarianismo! |
Kardec sempre nos instruiu ao estudo científico, filosófico e doutrinário, e ainda citou que fé inabalável é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (KARDEC, citado por Nardi).
Nós, espíritas, não podemos mais justificar o consumo da carne dos animais, porque “a carne nutre a carne”, pois segundo a ciência e o próprio Espiritismo, isto não serve mais como argumento nesta discussão.
Se em 1971 Chico Xavier parecia aconselhar o consumo dos outros animais, em 1943, André Luiz em Missionários da Luz já dava indícios de que a nossa inteligência podia trabalhar em prol de uma alimentação vegetariana e esclarecia:
“(…) esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.”
Esquecemos que em O Consolador em 1941 (antes mesmo da participação de Chico Xavier, juntamente com Emmanuel no programa Pinga Fogo em 1971), Emmanuel foi incisivo ao CONDENAR o consumo de carne:
“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana.
É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade ABSOLUTA dos matadouros e frigoríficos.”
Sob justificativas antigas, em que os conhecimentos eram quase nulos sobre a nutrição vegetariana, muitos espíritas ignoram os mais recentes relatos mediúnicos que apontam o atraso espiritual da humanidade em comer carne de irmãos “menores”.
Parece que a maioria dos espíritas lendo obras como as citadas, consideram e guardam em seus corações o que lhe é útil; o que não é, como a causa dos animais para grande parte, é como se descartasse imediatamente após sua leitura.
Afinal, não lhe interessa.
É como aquele que se diz espírita, buscando o Centro apenas para tomar o passe e não participa dos estudos, palestras, ações de solidariedade.
Vive-se superficialmente o Espiritismo, utilizando-se apenas do que lhe parece agradável.
O vegetarianismo entre os espíritas é uma semente que até pouco tempo atrás não possuía a terra fofa e preparada para seu cultivo, mas que agora começa a encontrar condições para ser semeada.
Como disse o sábio Chico Xavier no programa Pinga Fogo, há aproximadamente 40 anos:
“Se nós estamos ainda subordinados à necessidade de valores protéicos que recebemos da carne, nós não devemos entrar em regimes vegetarianos de um dia para outro e sim educar o nosso organismo para realizarmos essa adaptação (…). Para dispensarmos este tipo de concurso dos animais, precisamos tempo (…)”
E ainda sugeriu o auxílio de um profissional para aqueles que gostariam de abster-se da carne, sinalizando que, já naquela época, era possível a alimentação sem o massacre que, ainda hoje, acontece nos matadouros e frigoríficos, por vontade do ser humano.
Deixemos bem claro que ser vegetariano não implica em ser bom, e não ser, não implica em ser ruim.
Entretanto, sem dúvidas, quando se deixa de comer nossos irmãos, a sintonia com energias elevadas se dá mais facilmente.
Lembrando uma citação de Babajiananda, um sábio irmão:
"Não é deixando de comer carnes que o ser se espiritualiza, é se espiritualizando que ele deixa de comer carnes.”
Tudo na vida é adaptação.
Segundo A Gênese em 1868, “(…) à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; termina mesmo por se extinguir e por tornar-se odiosa; então, o homem passa a ter horror ao sangue.”
Já temos muita informação sobre o assunto em epígrafe, sendo cada um capaz de discernir o certo do errado, o bom do ruim.
Cada ser é único e responde a novas revelações de maneiras diferentes.
Muitos estão preparados, muitos ainda não.
Segundo Jesus Cristo, “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, aqueles que ainda não, certamente um dia terão. Aí está o que chamamos de progresso e evolução espiritual.
Segundo o Irmão X, psicografado por Chico Xavier:
“Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia.
Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais.
O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição.
O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.”
Fernanda
Referência Bibliográficas
Allan Kardec. A Gênese. Federação Espírita Brasileira, 1987.
Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Instituto de Difusão Espírita, 1992.
Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Irmão X. Cartas e Crônicas. Federação Espírita Brasileira, 1967.
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pelo espírito André Luiz. Missionários da Luz. Federação Espírita Brasileira, 1945.Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. O Consolador. Federação Espírita Brasileira, 1941.
[Animais e o Espiritismo] Vegetarianismo: Mitos e Verdades. Disponível em:http://animaiseoespiritismo.blogspot.com/2011/09/vegetarianismo-mitos-e-verdades.html.
Fonte: http://animaiseoespiritismo.blogspot.com.br/2013/02/o-espirita-deve-ser-vegetariano.html