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    A burrice da Paloma

    A burrice da Paloma

    Preciso recorrer, mais uma vez, a um tema de novela, considerando o número inquestionável de mais de cem milhões de brasileiros que a assistem, para falar de um assunto que traz conseqüências muito danosas às vidas das pessoas:

    A terrível mania da pessoa ficar calada diante de determinados fatos, tirando conclusões precipitadas sobre eles, com base no achismo.

    É horrível, é lamentável e é burrice de elevado grau.

    O que acontece com a personagem Paula, da novela “Amor à vida”, das 21 horas da Globo, é reflexo do que acontece com milhões de pessoas e, por isto, muitas desgraças ocorrem nas suas vidas e nas vidas dos outros.

    Infelizmente existe muita gente preconceituosa e insensata em relação às novelas, por considerá-las, todas, inúteis, cem por cento inúteis, generalizando-as até mesmo qualificando-as como programas prejudiciais à família, como coisa que deseduca e algo maléfico.

    Eu não as considero assim; pelo contrário, vejo como alta utilidade pública a disposição dos autores em levantar para discussão problemas seríssimos da população, como a discriminação a deficientes auditivos, idosos, negros, homossexuais, o tráfico de drogas, o alcoolismo, a agressão a idosos no lar, a roubalheira política, ao tráfico de pessoas, etc... Claro que tem bobagens, também, mas quando eu me preocupo apenas com uma ou outra bobagem em algo ou em alguém e fecho os meus olhos para os inúmeros aspectos bons, termino por comprometer a minha inteligência, pelo radicalismo e o extremismo.

    Queiramos ou não, as agressões mostradas nas novelas, inclusive agressões de filhos aos pais, nada mais é do que o retrato daquilo que acontece na maioria dos lares, em que pese a estúpida hipocrisia da sociedade em querer sempre esconder, no ridículo fingimento de que a família é uma instituição sagrada, quando não é mesmo.

    Vamos ao fato, então:



    Para quem não assiste, o resumo é o seguinte:


    A jovem Paloma, filha de família rica mas bastante complicada, no seu desequilíbrio terminou por ter uma filha no banheiro de um bar, tendo a recém nascida sido roubada do local pelo seu próprio irmão marginal, que, ambiciosamente, por não querer mais uma herdeira do patrimônio da família, simplesmente resolveu dar um sumiço na criança, jogando-a numa caçamba de lixo, na via pública.


    O Bruno, um homem de bem, que acabara de ver a sua esposa falecer com o filho que estaria para nascer, andando desorientadamente pela rua, terminou por encontrar a criança no lixo, a salvou, levou para casa, criou e a adotou como filha, numa convivência de muito amor e carinho durante anos.


    Por circunstâncias da vida, anos depois Paloma e Bruno se encontram, namoram, passam a ter um relacionamento saudável, amorável, sadio e muito agradável, felicidade essa proporcionada pela existência da Paulinha, a criança adotada, com a qual Paloma estabelece uma sintonia enorme de amor, correspondido, o que transforma o novo lar num verdadeiro paraíso.


    Em determinado momento a Paloma, já formada em Medicina, acreditando que aquela menina poderia ser a sua filha, sumida assim que nasceu, resolve fazer um exame de DNA e comprova que de fato é sua filha.


    Pronto, a partir daí, resolve transformar o paraíso em que vivia num verdadeiro inferno.

     


    Este é o tema desta matéria.

    A que ponto chega a burrice das pessoas

    Eu sempre disse em minhas palestras, seminários, livros, colunas de jornal e escritos em geral: Muita gente sofre porque é burra mesmo.

    Cada dia que passa me convenço mais disto:

    A maioria dos problemas que ocorre em nossas vidas é de responsabilidade nossa mesmo e conseqüência da nossa burrice.

    A novela está dando demonstração de como as pessoas agem, com o exemplo da Paloma.

    1) A imbecil começou a perceber a afinidade forte com a menina, mas não disse para o amável e carinhoso homem, com quem estava vivendo.

    2) A idiota começou a achar que a menina era a sua filha desparecida, mas não disse isto para o homem com quem estava vivendo.

    3) A burra optou por fazer um exame de DNA, comprovou que de fato a menina era a sua filha, mas, novamente, não dissepara o equilibrado companheiro.

    Mas o festival de burrices não parou por aí, ela simplesmente ACHOU que o Bruno era o ladrão da sua filha, que fora ele quem a retirou do seu lado, assim que a menina nasceu, e determinou esse seu achismo como VERDADE.

    É terrível a mania que muitas pessoas têm em conceber os seus achismos como verdades.

    Em decorrência disto, Paloma passou a tratar o companheiro com indiferença, frieza, descaso e desprezo, chegando a um processo de ódio que fazia questão de deixar crescer, sem que ele soubesse do estava acontecendo.

    A idiota não se comunicava.

    Ele, desesperado com aquela situação, procurava perguntar a ela o que estava acontecendo para ela estar daquele jeito, mas a besta quadrada permanecia calada, não dizia nada e o deixava mais desesperado ainda.

    Mesmo amando-o intensamente, a inconseqüente não deu ouvidos ao amor, não levou em consideração os elevados valores morais, espirituais e de dignidade que ela mesma comprovou que ele tem, para optar pelo ódio.

    Muitas pessoas agem assim

    É exatamente por isto que insisto em reafirmar que a maioria dos sofrimentos da vida de todos nós acontece por burrice.

    - “É melhor você ficar calada, minha amiga. Não diga nada


    - “A melhor coisa que você deve fazer é manter-se na sua. Não fale nada. Ele tem que se mancar”.


    - “Acho bom não falar nada, porque ele vai dizer que é tudo mentira”.


    Vários são os idiotas outros, que aparecem como “amigos”, e adoram dar esse tipo de conselho, para agravar ainda mais a incoerência das nossas mentes.

    Uma das maiores agressões que o homem faz consigo mesmo é a opção por não se comunicar com o seu semelhante.

    Pela falta de comunicação muitas tragédias já ocorreram na vida de muita gente e continuam a ocorrer pelo mundo inteiro.

    O velho Chacrinha já dizia: “Quem não se comunica se trumbica”, e eu digo: Quem não se comunica, se lasca, pra não dizer se f...

    - “Ah, mas tem certas coisas que se a gente disser, termina piorando tudo”.


    Ainda que piore alguma coisa naquele momento, é preferível uma piora já, do que uma desgraça que poderá acontecer depois.

    É preferível a dor da injeção Benzetacil do que as conseqüências da infecção não curada no começo.

    Quando a gente omite a comunicação, evitando falar o que está acontecendo, terminamos por promover injustiças, inversões de valores e maldades na vida das pessoas.

    Está sofrendo chantagens de alguém?

    Diga para outro alguém. Se a chantagem lhe ameaçar de algo que possa lhe ser muito prejudicial, mesmo assim diga para várias pessoas da sua confiança, de forma cuidadosa e criteriosa, porque elas entenderão o seu drama diante da chantagem e serão mais cabeças a pensar na melhor forma de neutralizar o chantagista. Jamais se cale!

    Está desconfiando que alguém é alguma coisa?

    Fale para a pessoa, ora.

    - Ah, mas pode ser que essa pessoa seja um perigoso bandido, um traficante, um político ladrão ou qualquer tipo de bandido que, ao saber que eu desconfio ou que já sei quem ele é, pode agir contra mim e até me matar.


    Aí, nesse caso, o falar deve ser diferente. Avise por carta anônima para os mais próximos, até mesmo para a polícia, mas não diga a ninguém que é você quem está avisando.

    Jamais vá a uma delegacia de polícia denunciar um bandido qualquer, principalmente se for traficante de drogas, pois é muito grande a possibilidade de você estar denunciando para um policial que é também envolvido no tráfico, talvez em parceria com o outro bandido em questão. Muitas pessoas já morreram, ingenuamente, por causa disto. Jamais saia espalhando pra todo o mundo que você denunciou alguém.

    - Mas Alamar, como você sugere para alguém mandar carta anônima? Carta anônima é coisa de gente baixa, não é legal. Ninguém dá credibilidade para carta anônima.


    Depende da circunstância. A polícia saberá discernir muito bem em cima dos conteúdos das cartas anônimas, assim como o pessoal do “disque denúncia” saberá. As pessoas mais inteligentes também saberão discernir se a carta tem procedência e fundamento ou não. Na pior das hipóteses, muitos ficarão de olho no acusado. Eu também não dou credibilidade a carta anônima e jamais julgo ninguém com base em carta anônima, mas dependendo do assunto, usarei, sim, a informação para observações.

    Tá gostando de alguém?

    Diga pra pessoa, ora bolas!!!!

    - Ah, mas aí a coisa complica mais. Também não é assim não.


    Inúmeros são os casos de BONS relacionamentos que não se concretizam porque um não tem coragem de dizer para o outro. Tem a praga da timidez que bloqueia muita gente, mas isto é problema a ser trabalhado.

    A pior coisa que pode acontecer, quando alguém diz a uma pessoa que gosta dela (no sentido de querer namorar) é a outra dizer um não ou sair pela tangente.

    Uai, e daí? Qual o problema? Alguém dizer um não pra gente, tira algum pedaço do nosso corpo ou nos causa algum problema de ordem moral?

    - Mas tem certas pessoas que, quando a gente está gostando, e diz, termina ficando com raiva e se afasta da gente.


    Neste caso dê graças à Deus, porque gente com cabeça desse jeito tem mesmo é que afastar para evitar problemas futuros. Na pior das hipóteses você ficou sabendo quem a pessoa é.

    Uma criatura que se afasta de outra, porque essa outra diz que está gostando, é uma idiota de marca maior.


    Mas cuidado com o que diz!!!

    Não é porque devemos sempre nos comunicar que temos que sair por aí abrindo a boca dizendo o que vem na cabeça, porque a conversa não é bem esta.

    Tudo deve ser muito bem pensado, para evitar expormos, precipitadamente, palavras concluídas por achismos, por disse-me-disse e por mal entendidos. Observemos a responsabilidade em tudo o que dizemos ou escrevemos.

    Quando falamos ou escrevemos, sobretudo quando se trata de críticas e denúncias, devemos estar munidos de embasamento, argumentos e provas daquilo que está sendo levantado, a fim de ter condições de enfrentar qualquer contraditor e também qualquer problema de ordem jurídica.

    Existem aquelas informações “bombas” que alguém solta. Eu, por exemplo, só solto uma bombinha de São João, quando me asseguro de estar munido de algumas dúzias de dinamites, para utilizar na demolição das pedreiras que poderão advir.


    Voltando ao tema:

    O que a Paloma faz na novela é exatamente aquilo que muita gente faz na vida real, ou seja, uma burrice sem tamanho.

    Quem é telespectador e vê do lado de cá da televisão, sabe qual é a verdade dos fatos e até se incomoda:

    - Mas que mulher mais burra. Como é que pode tratar o Bruno daquele jeito, um cara digno e honesto, tão carinhoso com a Paulinha.

    Você vê, porque está do lado de fora, mas quem está inserido no problema não vê.

    É o que acontece, também, na vida real. Muita gente sabe que uma pessoa é digna, mas quando a outra bota minhocas e venenos na cabeça, a respeito dela, não tem santo que dê jeito.

    O ser humano é assim.

    Tem gente que convive com uma pessoa, conhece bem o seu caráter, a sua dignidade, a sua honestidade, o seu estilo e os seus princípios de vida, mas, se, de repente, aparecer um desgraçado qualquer para falar qualquer coisa ruim daquela pessoa, o abestado dá credibilidade e, em vez de partir para a defesa de quem conhece, com os seus próprios olhos, fica indiferente e joga por águas abaixo todo o conceito que formou durante anos.

    Ora, droga, a sua inteligência não vale nada?

    A sua capacidade de observar e discernir é tão frágil assim que não resiste à primeira fofoca que aparece?

    Conclusão

    O ser humano precisa se comunicar mais.

    Muitas pessoas, porque não disseram para os entes de dentro de casa, que estavam sentindo uma dor aqui e ali, tiveram os seus quadros patológicos agravados e até transformados em doenças terminais.

    É quando o médico diz:

    - Se tivesse procurado atendimento médico com um pouco mais de antecedência, teria sido curado.

    Uma amiga minha, muito querida, procurou-me recentemente para conversar pelo Facebook, sabendo da experiência que tenho na questão do relacionamento a dois, sobretudo nas deficiências das mulheres.

    Ela, que é divorciada, está gostando do seu médico, também divorciado, e sabe que é correspondida.

    Só que ele não diz, e ela, por não querer se apresentar como “oferecida”, também não diz. Agora, pasmem: Esse “chove e não molha” já se enrola por três anos!

    Dois bobões, não é verdade?

    Ele vai terminar caindo nas mãos de outra, mais “atirada”, e ela vai ficar chupando os dedos.

    Muitas mulheres têm essa frescura de não falar das suas vontades, em relação a um homem, sob a cultura idiota de achar que ele vai considerá-la oferecida.

    E daí? Qual o mal que existe em uma mulher dizer a verdade sobre o que está sentindo?

    Qual o homem de nível que vai desvalorizar uma mulher, só pelo fato dela ser determinada, verdadeira, corajosa, decidida e partir para cima mesmo? Só se for um imbecil de marca maior, como muitos preconceituosos que, lamentavelmente, ainda existe por essa sociedade a fora.

    A falta de comunicação faz um mal terrível. Espero que esta estória da Paloma, do Bruno e da Paulinha sirva de alerta para muita gente.

    Tá com vontade de dizer alguma coisa para alguém?

    Diga logo, hoje.

    Se tiver cara-a-cara, diga, ou fale pelo telefone, pelo facebook ou por qualquer meio.


    Abração.

    Alamar Régis Carvalho

    Analista de sistemas, escritor e ANTARES Dinastia

    alamarregis@redevisao.net

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