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    O Inevitável Despertar - Apostila 19

    O Inevitável Despertar - Apostila 19

     

       

    A Importância do Orientador - II 


    Na última apostila vimos que Assagioli fez clara referência sobre a importância de um guia com pendores espirituais para tomar, sob seus cuidados, a direção orientadora  de uma pessoa vivenciando o processo de despertamento espiritual.  Pudemos, ainda, esclarecer naquela apostila que ao falar em guia Assagioli se referia aos terapeutas, e não ao que assim comumente denominamos citando os Mentores espirituais.

    Prosseguindo de onde interrompemos, e como fonte de informação, transcrevemos abaixo um roteiro no qual Assagioli sugere alguns cuidados que devem nortear o terapeuta em relação à problemática da pessoa em transformação.   Suas recomendações são: 

    “Esclarecer o indivíduo sobre o que de fato acontece dentro dele e ajudá-lo a encontrar a atitude correta.”

    Esclarecer é o primeiro passo, pois na possível confusão a que a pessoa se encontre, nada melhor do que lhe abrir o leque de informações que a norteie.  Por exemplo, este estudo intitulado por O Inevitável Despertar, é uma troca de informações nas quais se leva aos interessados alguns esclarecimentos em resposta às muitas dúvidas.   Cientificando-se disso, a pessoa fica mais segura e receptiva para adotar atitudes corretivas sobre si mesma.   Este estudo, portanto, é uma forma de ajudar a encontrar a “atitude correta”.   Servirá, este, para as muitas conversas assistenciais que se desdobrarão em reuniões grupais.

    “Ensiná-lo a controlar (...) os impulsos vindos do inconsciente, sem reprimi-los por meio do medo ou da condenação.”

    Após os esclarecimentos, compete ao terapeuta fazer o papel de professor.  Neste, o terapeuta ensinará ao paciente maneiras dele exercer controle sobre os impulsos inconscientes.  Naturalmente reconhecendo a dificuldade desse aprendizado que deverá se repetir diariamente.  Neste exercício a pessoa deve se analisar, procurando detectar em quais situações é mais vulnerável, e nas quais reage com impulsos incontroláveis.

    Em caráter inicial, esse exercício pode ser aquele treinamento mediúnico diário, sugerido em nossos estudos da série Mediunidade, apostilas 02, 52 e 53, pois os mesmos não tem só a característica de preparação para a faculdade mediúnica, mas, e principalmente, a de desinibir a pessoa como um todo.  Tanto a nível físico como a níveis Astral e Mental.   Com os exercícios sugeridos estará vencendo os fatores de medo oriundos de preconceitos e vícios religiosos.   Desta forma, não se auto condenará por estar sendo mais liberal e universalista.

    “Ajudá-lo no reconhecimento e na assimilação apropriados do influxo de energias do EU, e dos níveis Supraconscientes.”

     

     

    Como vimos ao longo deste es-tudo, e estamos ilustrando na figura 19A, o EU é uma potente usina fornece-dora de energia superior.  À proporção que essa energia, inicialmente pu-ra, vem “descen-do” e passando pelos corpos Mental e Astral, sofre contamina-ções.  Ao chegar ao nível Físico poderá já estar inteiramente deformada, e causar à personalidade humana sensações de mal estar.   Por isso, quando a pessoa estiver vivenciando os primeiros influxos dessas suas energias descendentes, deve receber orientação para iniciar os exercícios de controle.  A partir deles a pessoa desenvolverá seus poderes de meditação, e desta, aguçará atenciosa observação sobre suas reações.

    O caminho da harmonia final é o aceitar essas energias e seus efeitos, pois elas são espontâneas.   Além do que, usar da força de vontade, vista na apostila 5 da séria Reconstrução, e convertê-las em resultados práticos que podem ser:  trabalhos intelectuais, como leituras, pesquisas, escrituração;  trabalhos manuais, quais sejam montagens, construções, agricultura, artesanato.

    Essa conversão é o que Assagioli chama de assimilação.   A pessoa ao perceber a pressão dessas energias deve extravasá-las de forma metódica, utilitária, criativa e educativa.   Esses influxos são os sinais claros daqueles momentos em que o EU está inteiramente predisposto a expandir-se.   A evoluir-se.   São os momentos favoráveis para as mudanças.   Para isso o EU precisa das experiências que a vivência física pode lhe proporcionar.

    Algumas pessoas, quando nessa fase, tentam exaurir essas forças, inconscientemente, só através de atos violentos, ou da ginástica e das lutas corporais.   Entretanto, como se trata de converter o fluxo em propulsão evolutiva do EU, não é aconselhável queimar essas energias apenas em exercícios que só estimulem o corpo físico.

    As energias devem ser canalizadas, também, para aquelas outras atividades citadas acima, pois as mesmas tocam de perto os corpos Astral e Mental.  Em resumo, usando de atividades como as sugeridas, a pessoa desenvolver-se-á com o uso de suas próprias energias, aprendendo a identificá-las.

    “Ajudá-lo a expressar e usar essas energias no amor e no serviço altruístico.   Isso tem especial validade no combate à tendência de introversão e da auto-centração excessivas (...)”

    Essa observação de Assagioli é assaz importante.   Nenhum valor terá todo o aprendizado do controle psíquico se a pessoa não souber convertê-lo ao bem comum.   Evoluir significa expandir, descontrair que, por sua vez significa ir de encontro à vida.  E, na escala evolutiva humana, como vimos na série A Criatura, uma das maneiras mais adequadas de romper o isolacionismo que o egoísmo traz, é dedicar-se, voluntária, e gratuitamente, ao atendimento assistencial daqueles que de nós possam precisar.

     

     

    Na figura 19B ilustramos os dois pólos vivenciais.   O do egoísmo no qual as forças do EU são concentradoras, e o Altruísmo onde as forças são expansivas.

    Esse contato com as insuficiências do próximo desperta o sentimento de solidariedade, ao mesmo tempo que  não dá, à pessoa, tempo de pensar só em si mesma.   Ao ver a dor alheia, a dor própria perde em intensidade, pois dela se esquece.   O amor impulsiona ir de encontro ao próximo, não deixando espaço para introversão, que é a preocupação excessiva, doentia, consigo mesmo.

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    Estes são, em resumida análise, os pontos básicos que um guia espiritualizado deverá orientar ao seu discípulo.   São os pontos mínimos necessários para fazê-lo liberto das algemas dos preconceitos e torná-lo confiante em si mesmo.

    Até porque, fazer a pessoa tornar-se confiante em si mesma é a razão principal do aconselhamento de um verdadeiro guia espiritualizado.   A própria razão demonstra que ninguém poderá sentir-se verdadeiramente liberto se não possuir confiança em si mesmo.   E esse sentimento de liberdade não pode ser apenas uma simples substituição de dependência.

    Ou seja, ter hoje uma  forma  de crença e amanhã trocá-la por outra, só porque nessa outra as novidades lhe agradam mais.  Não, não é só assim.  O verdadeiro liberto não tem nenhuma crença em particular, ao mesmo tempo em que tudo para ele tem sentido de sacralidade.   O verdadeiro liberto sabe que qualquer crença, por mais abrangente que seja, é apenas um fragmento da Universalidade de que todas as demais também tentam ilustrar.   Logo, ser liberto, é estar expandido nessa Universalidade.   Totalmente livre de rótulos.

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    Com  esta  apostila  completamos  nosso    acompanhamento às anotações de dr. Roberto Assagioli.    Sem dúvida alguma, apontamentos de excelente qualidade, oriundos de sua vivência e pesquisa no campo da problemática mental do ser humano.   Das anotações de tão competente pesquisador ficou, para nós, a visão clara do quadro processual que transcorre com todos aqueles que tramitam pelo chamamento espiritual de seu EU.

    A grande luta interior que se trava na arena da alma do indivíduo, e da qual ele não consegue se eximir.   Poderá, por algum tempo, ignorá-la, quando, então, seus reflexos se tornarão mais pungentes.   Tentará, ainda assim, rebelar-se contra ela, todavia, nesse caso, sentirá  a somatização de inúmeros efeitos sobre a matéria de seu corpo.

    Olhando-se, como a mirar frente a um espelho, verá a expressão do desespero estampada em si.  Embora corra de um lado para o outro numa tentativa infrutífera de fuga, sabe que está encurralada num círculo vicioso que a todo dia se repete igual e tormentoso.  E convenhamos, olhar a si mesmo e não ver outra imagem que não seja de desolação e indefinição pela vida, causa irrefreável desespero.

     

     

    - Para onde ir, então?   A quem recorrer?!, grita, no auge da dor e do medo.   Enlouqueci?!!!

    Entretanto, como ninguém está  só  nesse imensurável universo, as beatíficas entidades orientadoras da humanidade encaminham, por algum meio, aquela pessoa semi-desajustada a algum centro de recomposição espiritual.  Inicia-se, para ela, o estágio de reavaliação da vida e o descobrir de valores até então ocultos em si mesma.

    Recompõe as forças e reorganiza a casa mental.  Somatiza, agora, os efeitos benéficos das novas descobertas e seu corpo, por isso, se torna orquestrado em todos os seus órgãos.  Volta o bem estar.

    Todavia, a nova visão de mundo despertada pela força da experiência vivida, dela jamais se apagará.   Acordada está para o sentido de plena responsabilidade que lhe cabe na vida.   Atingir esse ápice, coroamento e premiação de uma luta da qual saiu vitoriosa, foi pelo decurso de interseções de amigos, muitos dos quais nunca tinha ouvido falar, ou deles teve conhecimento, associados aqueles que visivelmente lhe orientaram durante as crises.

    Seu grande passo, agora, será o de igualar-se aos Mestres que a ampararam, fazendo como eles.   Ou seja, amparando outros, que lhe vierem ao encontro.

    Assim é a vida.  Engrenagens que se movem porque se tocam.

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    Dissemos acima que nossa pesquisa encerrava ali o acompanhamento dos apontamentos de Assagioli.  Isso não quer dizer que a estamos dando por finalizada.  Não, ela ainda não pode ser dada por concluída.   Embora já tenhamos analisado uma seqüência de pontos extremamente vastos e objetivos, sabemos que ela está incompleta.   Dentro de nossa experiência pessoal verificamos que alguns outros aspectos intercorrentes a este mesmo processo de despertamento consciencial precisam ser comentados.

    Afinal, pelas experiências pessoais vividas, repetimos, não podemos tratar da questão como se ela fosse mero produto de exclusivo individualismo.   Há que concordar que as pessoas  vivem  inter-relacionadas entre si, bem como com entidades desencarnadas.  E todo esse amálgama psíquico, que se estende por todo o cosmo, interfere, também, com o processo do Inevitável Despertar.

    Com Assagioli e Laing verificamos o aspecto individualístico da questão.  Esses autores quase nada referiram quanto ao encadeamento psíquico entre os seres, pelo menos nos livros referidos.

    De nossa parte, e dando prosseguimento ao estudo, veremos o outro lado que complementa o anterior, quanto este complementa aquele.  Isto é, o indivíduo e o Universo, o Universo e o indivíduo.

    Faremos a partir da próxima apostila.

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    Nota:  Os trechos de Assagioli citados nesta apostila se encontram às páginas 65 e 66 do livro Emergência Espiritual.

     

    Bibliografia:

    Allan Kardec                                                - O Livro dos Espíritos

    – questões 674 a 685, 695 a 699, 718 a 727, 728 a 736, 738, 766 a  772                           - Livraria Allan Kardec Editora

    Léon Denis                                                  - O Problema do Ser, do Destino e da Dor páginas

                                                                             12, 72, 120 e 359                                                     - Federação Espírita Brasileira

    Lancellin/João Nunes Maia                       - Iniciação – Viagem Astral                                        - Editora Espírita Cristã Fonte Viva

    Roberto Assagioli                                       - Psicossíntese                                                           - Editora Cultrix

    Stanislav Grof e Christina Grof                 - Emergência Espiritual                                             - Editora Cultrix

             

     

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Setembro de 1997

    Revisão em Março de 2006

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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