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    O Inevitável Despertar - Apostila 18

    O Inevitável Despertar - Apostila 18

     

       

    A  Importância  do  Orientador - I 


    Por essa trajetória que vimos percorrendo, per-passando por dezessete apostilas, podemos dizer que ficou bem explícito que o processo de Despertamento Es-piritual, por sua complexidade, atinge toda a estrutura físio-psíquica do Ser. 

     

     

    Por estrutura físio-psíquica esta-mos denominando o conjunto  composto pela Essência im-perecível do Ser, qual seja o Espírito, e os corpos que este anima e subsistem, respectivamente, nas variadas dimensões, como representadas na figura 18A .  Aos que desejarem maior detalhamento dessa peculiaridade existencial, queiram percorrer as apostilas da série A Criatura.  Nessa série os comentários abrangem desde a origem do Ser indo ao que chamamos de sua destinação, quando, então, sobrepassando o reino humano penetra no estágio que denominamos de Super-humano.

    Obviamente que as escolas psicoterápicas da ciência terrestre - psicologia, psicanálise, psiquiatria e neurologia - não abordam a mesma abrangência a que estamos nos referindo acima, pois que, com raríssimas exceções de alguns de seus profissionais, estas não incluem em sua formação e operacionalidade, o reconhecimento de que a pessoa humana é a extremidade inferior de um fio de vida, e que na extremidade superior está o que chamamos de Espírito e, intercalando estas duas extremidades, encontram-se cinco outros corpos que interagem entre si, formando o conjunto que denominamos de o Homem Integral.

    Não obstante essa diferenciação entre a visão das ciências psicoterápicas e a espiritualista, tem sido sobejamente constatado que o ser humano não é apenas uma máquina pensante que o acaso cósmico plantou neste  planeta.  Até porque, também sobejamente constatado, o acaso não existe.  E se teimarmos em admitir a existência do acaso estaremos negando a peculiaridade de que somos seres inteligentes.

    Desta forma, mesmo por enquanto ainda havendo essa diferenciação de enfoque sobre a pessoa humana, vai se tornando inegável a composição do que estamos chamando de Homem Integral.  Daí, compreende-se o porque da complexidade implícita no processo de Despertamento Espiritual.  Afinal, depois de uns bons longos anos vivendo apenas a condição de Ser físico terrestre a pessoa se vendo lançada num  espaço onde  não encontra apoio para seus pés, evidente que entrará em pânico.  Lançada numa espécie de quase imponderabilidade.  Quase uma perda de equilíbrio só poderá mesmo sentir-se amedrontada.

     

     

    Nesta figura 18B ilustramos esse efeito de arraste que a pessoa passa a sentir.   Sua “bolha de segurança”  que é o mundo físico, se rompe e algo, indefinido, a arrasta como que a tirando do chão costumeiro.  Leva-a para onde?  Não sabe dizer.  Só sabe sentir que já não tem mais o mesmo chão sob seus pés e isso a amedronta. Este é o estado emocional em que fica a pessoa nestes trâmites iniciais do Despertar Espiritual. 

    Esta  figura 18B é  complementação  para aquela outra, a 17D, apostila 17, em que a pessoa embarca num veículo sem que este pare para isso.  Portanto, na maior parte das  vezes é um acontecimento involuntário.  

    Dissemos “na maior parte das vezes é um acontecimento involuntário”, porque, como é sabido, o processo de Despertamento Espiritual também pode ser conscientemente provocado.   Esse procedimento não é recomendável.  E´ uma aventura que não deve ser percorrida sozinha.   O bom termo da mesma exige que saudáveis e sensatas orientações sejam dadas aos que se acham em tal estado.   Para isso é recomendável que sejam acompanhados por orientador.

    A este Assagioli chamou de guia espiritual.  Não tanto no sentido a que estamos habituados, ou seja, guia desencarnado, mas, seja quem for, possuidor de qualidades espiritualizantes.

    “(...) um guia de inclinação espiritual, ou que ao menos entenda as realidades e realizações superiores, (...) pode ser de grande ajuda ao indivíduo quando este, (...) ainda estiver no (...) estágio (...) da insatisfação, da agitação e da busca inconsciente.”

    Orientador que possua inclinação espiritual significa que este alguém conheça das qualidades superiores da vida e tenha por princípio a aceitação das demais dimensões existenciais.   Assagioli destaca essa característica porque o orientador poderá ter, ou não, essa específica qualificação.  Como vimos na apostila 16, poderá até ser um terapeuta, intelectualmente, bem versado mas que, contudo, dada a falta de vivência própria desse processo, não saberá compreender na íntegra o drama de seu paciente.

    Por outro lado, se o orientador possuir tais experiências saberá substituir as dúvidas e insatisfações daquele que o procura por definições que o ajudem a superar a crise.   Essas definições que outras não podem ser senão as de cunho espiritualista, farão o despertado voltar os olhos ao próprio inconsciente, e nele ver as causas ali impressas.

    Todavia, diante da delicadeza do momento, as atitudes do terapeuta não poderão ser mecânicas.  Frias, insensíveis.   Há que haver sentimento de compreensiva solidariedade.   U’a mãe ao dar a luz ao seu rebento, Figura 18C, quadro 1, mesmo com dor, o faz cheia de ternura e ansiosa pela compensação de tê-lo nos braços, quadro 2

     

     

     O terapeuta, o orientador, alentando o paciente em desarmonia, está atendendo aos imperiosos cuidados de um novo parto.   Aquele Ser vai nascer de novo.   Desta feita, em mãos do tratador.  Estará nascendo para uma nova vida psíquica.   Essa é a real extensão da responsabilidade.  Por isso, com muita ponderação, Assagioli especifica que o guia deve possuir pendores espirituais.

    Quanto a isso cabe aqui um outro esclarecimento.   Compreendemos que Assagioli ao usar o termo “guia” se referiu só aos seres encarnados.   O mesmo que chamamos de orientadores e terapeutas, como bem explicitamos acima.  Entretanto, para nós habituados aos trabalhos espiritualistas, cabe alongar essa designação de guias, entendendo-a à categoria dos seres desencarnados.   Mas assim fazendo esbarramos com uma inevitável dúvida:  Poderão  existir guias sem inclinações espiritualistas ?   A resposta é:  existem, sim.

    Para esclarecer a resposta, interrompamos por um pouco os comentários em torno do tema de Assagioli, e definamos em duas categorias:  Guias Encarnados  e  Guias Desencarnados.

     

    Guias Encarnados – Nem todos os orientadores espiritualista possuem a qualidade de serem espiritualizados.   Alguns, não poucos, ao contrário, apesar de lidarem com os assuntos do espírito, são bastante materialistas.   Abusam da credibilidade pública como meio de sustento financeiro.   Por toda parte, em todas as crenças, por todos os sistemas de orientações filosófico-doutrinário, elementos desse tipo são encontrados.   Por isso, a orientação dada por tais “guias” será duvidosa no que se refere a resultados benéficos futuros.   Até porque, para manter sua clientela, ele usará de uns poucos parâmetros espiritualistas, misturando-os a uma boa dose de marketing... – coisas do comércio.

      Talvez, de imediato, o consulente até consiga certa harmonia interior, julgando que a situação tenha se resolvido de todo.   Todavia, algum tempo mais tarde, comprovará, decepcionado, o fracasso do “aconselhamento” que foi alvo.   Nesse caso faltou o principal, o objetivo espiritualizante.   Não lhe foi dada a orientação completa elaboradora da harmonia entre seu Eu Maior e sua personalidade.   Isto é, não lhe foi transferida as instruções de como lidar sozinho com tudo isso.   Desta forma, tão logo tenha passado o efeito da influência da presença daquele “guia”, o consulente cai, novamente, no mesmo estado desanimador de antes.   Nele, como dissemos acima, não foram desenvolvidas e consolidadas as suas forças próprias que, estas sim, o sustentariam sob quaisquer circunstâncias.

     

    Guias Desencarnados – Com a figura 18D estamos prestando homenagem às falanges que postadas nas imediações de nossa terceira dimensão prestam inestimáveis serviços assistenciais tanto àquelas pessoas recém desencarnadas quanto a nós mesmos, que ainda estamos usando o corpo humano.  Todavia, o fato de estar desencarnado não é atestado de qualidade espiritualizante.   Pode até parecer um paradoxo, estar desencarnado e não ser espiritualizado.  Porém, isso não é de se estranhar.   Para comprovar o que estamos dizendo basta acompanhar algumas manifestações mediúnicas que logo se nota quando a entidade manifestante é, ou não, espiritualizada.  Isto é, voltada para ideais elevados.  

    Desta forma, se o atendente desencarnado não for espiritualizado, e se o médium que o canaliza for pouco versado nessa peculiaridade, ou se for um médium interesseiro, nestes casos o consulente estará sujeito a cair na mesma situação embaraçosa citada no comentário sobre guia encarnado.   Ao final a frustração será a mesma.

    Reconhecemos, porém, que apesar de todo o comentário acima, nossa resposta ainda não está bem definida.   Para torná-la mais compreensível falta definir o que seja Guia Espiritualizado, seja ele encarnado ou desencarnado, o que veremos a seguir.

    O motivo fundamental da vida é a evolução do Ser.   Evolução que se dá em todos os sentidos.  A matéria evolui, e nesse processo se transforma em energia.   Se no princípio da formação deste universo houve condensação das energias quintessenciadas, no seguir da evolução geral haverá a dissolução, retornando as moléculas às cadeias energéticas.

    A evolução do Ser pensante, além de outras transformações em si, implica, também, a desmaterialização definitiva de seus corpos de manifestação.   Isto é, não ser mais necessário voltar a internar-se nas dimensões  mais densas.   Assim, a cada nível de superioridade consciencial que alcança, o corpo de manifestação correspondente será mais sutil que o anterior.

    Reportem-se à figura 18A.  Nela fizemos representar os corpos que o Espírito usa para manifestar-se nos vários planos existenciais.  Escalonadamente, portanto, o corpo Astral é menos denso que o corpo Físico.  O corpo Mental, por sua vez, é menos denso que o corpo Astral, e assim, sucessivamente nessa escala ascendente de planos. 

    Mas para desenvolver essa potencialidade de usar corpos mais energéticos, o Eu Maior deverá, concomitantemente, desenvolver-se como um todo.  Isto significa dizer:  desenvolver seus potenciais de amor e intelectualidade.   Significa dizer, ainda, que, como ele é a essência da pura sensibilidade do Criador, ao evoluir suas potencialidades relacionadas ao uso de corpos das camadas densas para as mais sutis, estará realizando a viagem de volta à Fonte.

    Estará deixando as incertezas da matéria e ingressando na certeza das energias superiores.  Em resumo, estará deixando a vivência nos tempos finitos e internando-se na realidade da imutável espiritualização cósmica.  Isto significa estar espiritualizando-se, tornando-se mais puro, amorável, verdadeiramente fraterno.

    Obviamente que encontrar um guia que possua essas qualidades em seu todo, em nosso mundo, ainda é muito difícil.   Contudo, encontramos solícitos e sinceros amigos de muito boa vontade, movidos por nobres ideais, e que perfeitamente nos guiam naqueles momentos difíceis de uma transformação pessoal.   A estes, que os reconhecemos pelos bons frutos produzidos no relacionamento que deles gozarmos durante largos anos de convivência, podemos, seguramente, considerá-los e respeitá-los como guias espiritualizados, que verdadeiramente o são.  

    Mas voltemos ao tema e aos comentários de dr. Roberto Assagioli que, como referencial aos cuidados a serem tomados, começa dizendo que os casos de despertamento consciencial, dadas suas complexidades e particularismos, como já dissemos, não devem ser tratados mediante padronização de métodos.

    E adverte:  “Em primeiro lugar, não devemos perder de vista o fato central de que, embora possam ter bastante semelhança exterior, (...) os problemas que podem acompanhar as várias fases da Auto-Realização (...) têm causas e significações muito distintas, devendo ser tratados de maneiras (...) diferentes.”  (Grifos nossos)

    Essa advertência toca de perto à Lei de Causa e Efeito.   Por conseguinte, nos fatores determinantes de uma encarnação.   Logo, embora externamente as manifestações possam se assemelhar a vários outros casos, todavia, as razões que as determinam são, absolutamente, diferentes umas das outras.   Isso, pela simples razão de que cada  indivíduo é único.  Portanto, como bem pondera Assagioli, cada caso deve ser analisado isoladamente.

    Antes, porém, de nos aprofundarmos em comentários pertinentes e necessários sobre o individualismo dos efeitos cármicos, que o faremos na apostila seguinte, continuemos com as explicações do competente médico, quando ele chama a atenção para um aspecto muito relevante.

    “As dificuldades psicológicas da pessoa comum costumam ter um caráter regressivo.  (...)  Por outro lado, as dificuldades advindas da tensão e do esforço nos vários estágios da auto-realização, têm um caráter especificamente progressivo  (Grifos nossos)   -  Merece destaque essa aparente ambigüidade entre caráter regressivo e caráter progressivo, citados pelo autor.  Analisemos seu raciocínio.

    Nos acontecimentos desagradáveis da vida, mesmo de fatos comuns a todas as pessoas, a primeira reação psicológica generalizada é a da fuga.   Intenta-se fugir do obstáculo ao invés de enfrentá-lo.  Isto é, intenta-se burlar o fato, quando o correto seria resolvê-lo sem provocar nenhum prejuízo a si mesmo quanto a outrem. 

    Pois bem, mas ao invés disso, muitas pessoas deixam-se anular, como se fosse possível dissipar, cosmicamente, sua individualidade.  Nisso está o caráter regressivo.  Neste caso, espiritualmente falando, a pessoa se enclausura numa posição de indiferença.

    Por outro lado, na condição de auto-realização, como explicamos na apostila 16, “auto-realizar-se”, ou realizar por si mesmo, essa condição exige da pessoa o emprenho e esforços próprios.  Aqui está, então, o caráter progressivo.  Neste caso, e mesmo diante das situações mais conflitantes, a pessoa não se deixa abater.  Não se deixa anular.  Luta por superar o momento tormentoso, e atingir o estágio de calmaria que, intuitivamente, vislumbra por detrás do acontecimento infelicitador.

    Essa atitude, mesmo que carregada de tensões, é sem dúvida progressiva, no sentido de que, como individualidade imortal, emprega seus esforços por retificar-se na atual encarnação.

     

     

    Portanto, duas situações não só distintas mas conflitantes.  Como a de estar diante de uma encruzilhada, figura 18E, sem saber onde os caminhos levarão, mas, mesmo assim, tendo de fazer uma escolha.  Ou, como as duas faces de uma mesma moeda.  Diferentes, cada uma exprimindo um significado, mas pertencentes a um só objeto e para o mesmo valor.    De igual maneira, embora o indivíduo possa apresentar uma face de acovardamento perante  os acontecimentos, seu lado oculto reclamar-lhe-á posição de firmeza.   Essa luta que se trava em seu interior imporá que nenhuma burla seja intentada, mas que, ao contrário, tudo se resolva satisfatoriamente.

    Daí, a inegável importância da presença de um orientador espiritualizado ao lado dessa pessoa para guiá-la na direção certa.  Mas atento, porque equacionar  esse  problema  exigirá  muito discernimento de quem se dispõe ajudar aos que se encontram nessa encruzilhada.  A começar pela argumentação que deverá ser cunhada na lógica da vida, sem esquecer, contudo, de bafejá-la com orientações de solidariedade.   Afinal, a pessoa que procurou auxílio, encontra-se, interiormente, em destroços, e diante disso, a força da compreensiva solidariedade é o melhor lenitivo.   Por isso, acima, se falou em guias espiritualizados.

    Mas hoje ficamos por aqui.

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    Nota:  Os trechos de Assagioli citados nesta apostila se encontram nas páginas 63, 64 e 65 do livro Emergência Espiritual.

     

    Bibliografia:

    Allan Kardec                                                - O Livro dos Espíritos – questões 674 a 685, 695 a 699, 718 a 727, 728 a 736, 738,

                                                                                                                  766 a  772                           - Livraria Allan Kardec Editora

    Léon Denis                                                  - O Problema do Ser, do Destino e da Dor páginas

                                                                             12, 72, 120 e 359                                                     - Federação Espírita Brasileira

    Lancellin/João Nunes Maia                       - Iniciação – Viagem Astral                                        - Editora Espírita Cristã Fonte Viva

    Roberto Assagioli                                       - Psicossíntese                                                           - Editora Cultrix

    Stanislav Grof e Christina Grof                 - Emergência Espiritual                                             - Editora Cultrix

                   

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Setembro de 1997

    Revisão em Março de 2006

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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