Reconstrução - Apostila 5
Dos três tópicos, Pensamento, Desejo e Vontade, determinantes das realizações dos atos, os dois primeiros já foram analisados nas apostilas 03 e 04. Ao findar a apostila 04 dissemos que só pensar e desejar não concretiza resoluções para as tantas decisões que se toma na vida. Para consolidar uma decisão é preciso juntar às anteriores uma terceira força, a Vontade, que veremos a seguir.
VONTADE
Para falar da Vontade voltemos um pouco em nossas anotações. Dizíamos, também, ao final da apostila 04, da necessidade de, às vezes, reforçar um pouco mais os cuidados paternos sobre os filhos, no intuito de educar as crianças. Esses cuidados orientativos em instruí-los nas diversas ciências e na moral não visam apenas transformá-los em adultos com cultura intelectual, ou grandes profissionais ambiciosos. Embora assim possa parecer, todavia o sentido oculto da educação paterna visa direcioná-los, pelo saber, em seus primeiros passos ao reino Angélico ao qual, como seres espirituais que são, estão destinados.
Entretanto, convenhamos, sugestionar ordeiramente os filhos é tarefa complexa, mormente na atualidade quando os gigantescos poderes destrutivos da mídia confrontam-se com os modestos cuidados paternos. Além disso, como também ficou comentado, ao nível do corpo Astral, a cada nova encarnação, trava-se ferrenha luta, intentando derrubar os velhos valores já não aceitos pela evolução atingida, em substituição por uma compreensão mais ampla.
Essa luta é ferrenha porque os estímulos inferiores gravados na consciência, por força da longa acomodação que receberam no corpo Astral passaram a ter para ele sabor agradável. E, pela repetitividade ocorrida em vidas anteriores, se transformaram em DESEJOS dominantes.
Isso nos leva a deduzir que DESEJO é o impulso, de dentro para fora, que leva o Ser a repetir, através de seus corpos, aquele ato que tanto o agradou. Mesmo que condenáveis pelo sistema social a que se pertença. Todavia, como as diretivas de padrões éticos, nestes nossos tempos, mesmo que imperceptivelmente, vão se abeirando dos conceitos que prevalecem no reino Angélico, a criatura não poderia continuar, embora goste, repetindo os feitos condenáveis.
Daí, trava-se a luta. Como adversários tem-se, de um lado o DESEJO, forte e viciado, impondo repetições e, de outro lado, a VONTADE, porém ainda fraca, debilmente recusando a velha sugestão. Está claro que nesta luta entre facções tão desiguais vencerá o Desejo.
Para contrabalançar essa desigualdade e fustigar a Criatura sempre na direção da elevação espiritual, se juntam os cuidados dos pais, a vigilância das leis da sociedade e da ética cósmica, representada pelas várias orientações religiosas. Esse elo ajuda o indivíduo na tomada das decisões acertadas mesmo que exijam as renúncias mais difíceis. Sem esses amparos venceria sempre o Desejo e o Ser continuaria animalizado.
Portanto, para fortalecer nossa Vontade à luta incessante contra os Desejos corruptores, existem esses recursos citados acima, que vêm a ser: Cuidado paternal é a educação a ser dada aos filhos. Leis da sociedade humana, ou do país, são as normas para coibir a violência e os crimes de toda ordem. Ética Cósmica são os preceitos de conduta solidária veiculados pelas religiões que, embora sejam estas de variadas denominações e doutrinas, têm, contudo, um só fundamento: educar o Ser para um viver espiritualizante.
Sob a pressão dessas diretrizes a Consciência, embora que vagarosamente, começa a vencer as pequenas batalhas como preparativo para as lutas maiores que acontecerão quando ela se sentir mais forte e em condições de conduzir a si mesma e a outras Consciências.
Nesse estágio os desejos inferiores serão derrotados, e a força consciencial aproveitada unicamente para gerir Desejos superiores, evitando-se a tomada de decisões desastrosas como a que vimos na figura 04D, apostila 04. A da bomba.
Essa mudança evidencia que o indivíduo passou a direcionar sua força de vontade só para as realizações nobres. Também evidencia que qualquer mudança pessoal na maneira de pensar e agir fica na dependência exclusiva dessa força de vontade.
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Até aqui, entretanto, nossa análise sobre a Vontade se ateve ao nível filosófico. Embora mesmo dentro desse limite possa ter ficado compreendida a repercussão da ação conjunta do Pensamento, do Desejo e da Vontade, abramos espaço para visualizar essa mecânica interativa. Sim, porque a vida obedece a um esquema, e este é composto por atos sucessivos, em movimentos como de engrenagens que se tocam. Daí termos falado em mecânica interativa.
Queremos nos referir ao fato de como as formas pensamento, como aquela mostrada na figura 03C, apostila 03, podem continuar imantadas à pessoa e influenciá-la em seus desejos, enfraquecendo ou fortalecendo sua vontade, conforme for o caso.
A figura 05A esquematiza o fenômeno do pensamento. Usamos dessa nova figura para tornar mais compreensível o comentário que virá a seguir.
No plano Físico a pessoa pensa, lembrando-se de um livro. Neste plano seu pensamento é abstrato, por isso intangível. No plano Astral, porém, o mesmo pensamento se tornou objetivo e tangível. Além de imagem pode também ser tocado. Isso significa que a imagem tem durabilidade e consistência.
Em razão dessa durabilidade e consistência a imagem/pensamento ficará orbitando em torno da pessoa que a gerou. – Figura 05B - Além disso, por orbitando podemos entender como influenciando.
Vejamos um outro exemplo na figura a seguir.
Na figura 05C, Quadro A, a Consciência em estado físico pensa e deseja estar na cidade do Rio de Janeiro. Esse pensamento passa a se constituir em imagem. “Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou formas, e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.” (Emmanuel, livro Roteiro, psicografia de Francisco Cândido Xavier, editado pela Federação Espírita Brasileira – página 120).
Quadro B – Sendo intenso o desejo que alimenta esse pensamento, a pessoa passa a sentir como se estivesse naquela paisagem. Com isso desperta sua força de vontade, até então desinteressada a respeito da presente sugestão. (Princípio da Ideoplastia que veremos em apostila futura, e da Meditação comentada nas apostilas 51 à 53 desta série).
Como esse estímulo causa sensação agradável naquela pessoa, sua consciência continua realimentando o desejo, e o desejo continua forçando a realização da viagem ao Rio de Janeiro. Isto é, dando vigor à Vontade. Como reflexo direto desse encadeamento a imagem no Astral persiste em sua influência, descarregando sobre o Físico sua força de impulsão para que ele, o físico, lute por concretizar o desejo.
Se os obstáculos a serem superados para tal desiderato forem resistentes, impedindo a realização da viagem, a pessoa ficará frustrada por se ver contrariada. Todavia, se a pessoa entender e aceitar as limitações do momento que a impedem de realizar a viagem, equilibrará as duas forças, pensamento e desejo, e neutralizará a influência que a imagem Astral exercia. Deixando de pensar naquele atrativo a imagem irá enfraquecendo e se extinguirá de todo.
Mas, para efeito desse estudo, com o fito de visualizar no acontecimento os atos que levam a comprometimentos cármicos negativos, vamos admitir que a pessoa em questão NÃO DESISTA de fazer a viagem ao Rio de Janeiro, apesar de sábios conselhos terem-na advertido de que o momento não seria oportuno.
A figura 05D mostra o que acontece nesses casos de teimosia. Por persistir, insistentemente, na idéia, a força agregadora do pensamento vai juntando mais matéria Astral, fazendo com isso que a imagem/pensamento fique cada vez mais “viva”.
Consequentemente cresce, também, a influênciação da imagem, e esta acaba por atrair ao campo magnético daquela pessoa, para sua Aura, outras mentes que vibram pensamento de igual propósito.
Na figura duas entidades do Astral inferior, com seus fluxos de energia, magnetizam a forma-pensamento idealizada pelo encarnado. Forma-se, então, o fenômeno da simbiose. “Atraímos companheiros e recursos de conformidade com a natureza de nossas idéias, (...)” – (Emmanuel, livro Roteiro, página 120). Isto é, forma-se a associação entre criaturas voltadas para a mesma idealização.
Esse quadro resultante da teimosia do encarnado leva ao seguinte desfecho: Se antes, só pela força de seu desejo a pessoa já se via compelida a rejeitar os conselhos de moderação, agora, com mais esse reforço oriundo das mentes exteriores é que ela não resistirá à influênciação. Sua força de vontade, seduzida pelo desejo, ignorará qualquer conselho de ponderação. Cega, não perceberá o abismo à frente, e só depois da queda voltará à razão. Nesse caso a força de vontade da pessoa visou apenas realizar o irrealizável. Portanto, mal dirigida.
Para corrigir, temos os preceitos advindos da educação paterna, das leis sociais e das leis cósmicas, citadas acima, interagindo nessas anomalias reencarnatórias, para forçar o indivíduo a empregar sua Vontade apenas para os atos sensatos, como rota corretiva de seu passado.
Para ilustrar esse balizamento corretivo, inserido no Carma, a figura 05E demonstra um exemplo.
Quadro 1 – No ano de 1810 o indivíduo abandona o lar, relegando ao desamparo aqueles a quem deveria proteger;
Quadro 2 – De 1880 a 1967, após a morte, e agora no plano Astral, junto a Mentores, avaliou suas ações e lá mesmo iniciou estágios reparadores;
Quadro 3 – Estamos encontrando o mesmo indivíduo daqueles atos de 1810, reencarnado, e já adulto, em 2008, pondo em prática os estágios que vivenciou no Astral. Desta feita se empenha como protetor de muitos, e não de uma só família. Fundou uma creche.
Por outro lado, nesta mesma figura 05E, vemos:
Quadro 1 – Revela a força de vontade direcionada por desejos insensatos.
Quadro 2 – Indica o tempo de reflexão, que pode se dar de variadas formas, inclusive até no mesmo período em que as desconformidades aconteceram.
Quadro 3 – Demonstra o verso da medalha da vida. Usando da força de vontade, agora, porém, sob a influência de desejos sensatos, temos o mesmo indivíduo, numa outra situação, reconstruindo seu trajeto cósmico.
Portanto, o Pensamento, o Desejo e a Vontade, sem sombra de dúvida, precisam das balizas contidas na Reencarnação, no Carma e no Dever. O pensamento idealizará; o Desejo construirá a base e a Vontade erguerá o edifício que, tanto poderá ruir desastrosamente, quanto intentar o mal, quanto terá durabilidade eterna, quando se destinar só ao bem. Assim sendo, nesta ultima figura temos também representada a simbologia das três inderrogáveis leis: Reencarnação, Carma e Dever.
Bibliografia:
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Livraria Allan Kardec Editora
Annie Besant – A Vida do Homem em Três Mundos – Editora Pensamento
Annie Besant – Karma – Editora Pensamento
Annie Besant – Dharma – Editora Pensamento
Annie Besant – O Poder do Pensamento – Editora Pensamento
Annie Besant – Reencarnação – Editora Pensamento
Bezerra de Menezes – A Loucura sob novo Prisma – Federação Espírita do Estado de São Paulo
Emmanuel/Francisco Cândido Xavier – Roteiro – páginas 36, 108 e 120 – Federação Espírita Brasileira
Fritjof Capra – O Ponto de Mutação – Editora Pensamento
Hermínio Correa de Miranda – A Memória e o Tempo – Editora Lachâtre
Hernani Guimarães Andrade – Espírito, Perispírito e Alma – Editora Pensamento
Leon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Federação Espírita Brasileira
Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Obsessão e Loucura – Federação Espírita Brasileira
Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Painéis da obsessão – Livraria Espírita Alvorada Editora
Manoel Ph. Miranda/Divaldo P. Franco – Nas Fronteiras da Loucura - Livraria Espírita Alvorada Editora
Pietro Ubaldi – A Grande Síntese – Livraria Allan Kardec Editora
Pietro Ubaldi – A Lei de Deus – Fundação Pietro Ubaldi Editora
Virgínia Hanson/Rosemarie Stewart – Karma – A Lei Universal da Harmonia – Editora Pensamento.
Zalmino Zimmermann – Perispírito – Editora Allan Kardec
Apostila escrita por
LUIZ ANTONIO BRASIL
Junho de 1997
Distribuição gratuita citando a fonte