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    Reconstrução - Apostila 3

    Reconstrução - Apostila 3

     

      

                                            

    Deste tema já temos duas apostilas nas quais traçamos um panorama geral do que podemos chamar de “assim tem sido o transcurso da vida na sociedade humana da Terra”.

    Sendo bem isso o que desejávamos saber, ficamos, entretanto, presos num meio termo, pois a curiosidade nos impele a conhecer detalhes.   A visão panorâmica está boa, mas... queremos saber um pouco mais.   É o que procuraremos fazer a seguir.

    Todavia, para bem compreendermos todo o encadeamento de acontecimentos e conseqüências precisaremos, antes, definir alguns pontos de referência, deixando bem claro o que significam.   Esses pontos de referência são as balizas da vida na Terra.  As Leis divinas e inderrogáveis.  Por eles todas as criaturas, sem exceção, são regidas, e o percurso evolutivo que fazem tende, cada vez mais, para o equilíbrio entre estes referenciais.   Eles são a Reencarnação, o Carma e o Dever.

    Reencarnação – São os ciclos de vivências na Terra onde o espírito usa, para cada vez que aqui vem, um novo corpo humano.   Estes ciclos são intercalados por períodos existenciais em planos extra-físicos.  A função primordial da reencarnação é propiciar ao indivíduo uma seqüência de estágios.  Nesses estágios ele aprenderá sobre controle das emoções e manuseio das energias nesta dimensão em que elas se encontram no mais compacto adensamento.  Este ciclo que é chamado de evolução Humana que, cosmicamente falando ainda é uma sociedade primitiva, capacita-o a ser promovido aos níveis da evolução Super-Humana, onde as sociedades vivem ambientes harmoniosos.  Uma vez merecida a promoção cessa a obrigatoriedade de retornar a planos como os nossos.  Reencarnação, portanto, é a viagem evolutiva através do tempo.

    Carma – Também conhecido por Lei de Causa e Efeito.  O carma é a inevitável impulsão que leva o Ser à reconstrução dos atos passados impensados, ou ao desfrute compensador pelos atos bons realizados.   Também pode ser entendido como sendo a construção do futuro tendo como base os efeitos de antigos atos vividos no agora que, por sua vez, se tornam as novas causas.   Portanto, a preparação do futuro.  O carma não é fatalista e sobre isso falaremos mais à frente.

    As religiões orientais, especialmente as da Índia, desmembram o significado da palavra Carma em três ramos, a saber:

    - Pralabh Karma – é o que devemos viver numa encarnação.  É o programa de vida, dos objetivos que trouxeram o indivíduo a este novo renascimento.   Se este programa for muito austero, e como não é fatalista, pode ser aliviado através do uso da paciência e da sabedoria.

    - Kriyaman Karma – é aquele que, por nossa própria vontade e nossa liberdade de escolha, construímos nesta vida.  Isto é, nossos atos de agora.  Logo, se nossas atitudes forem de descaso para com a justiça e o amor, evidentemente, que estaremos criando dívidas para as vidas seguintes.

    - Sinchit Karma – São os resíduos de programas de vida não resolvidos no todo e que por isso vão se acumulando.   Afinal, compreende-se que seja quase impossível, numa só vida encarnada, liquidar todas as dívidas pretéritas.   Assim, numa vida na Terra, temos a confrontar com o Pralabh Karma somado com alguns resíduos de vidas mal resolvidas no passado.  Portanto, podemos chamá-lo de carma de reserva, ou carma adiado.  Apenas, adiado.  Nos depararemos com ele em vidas seqüentes.

    Dever – São as responsabilidades intransferíveis.  Responsabilidades que cumpre serem atendidas em cada nova encarnação.  Contudo, apesar da obrigatoriedade, ressalva-se o livre-arbítrio do indivíduo, com o qual ele decide por cumprir ou não seus deveres.

    Esses três pontos, como toda e qualquer forma de energia no cosmo, interagem dentro de uma estrutura de forças cuja resultante final, extraída de cada ato, direciona ao equilíbrio do conjunto.   Esse equilíbrio do conjunto pode ser no sentido de harmonia ou de desarmonia.   Quanto a isso, cosmicamente, não importa.  Importa que tenha de haver o equilíbrio estrutural e, por essa razão quando os atos são desastrados a resultante é a dor.   Vejamos isso em exemplos e figuras, considerando casos em que o indivíduo encarna para resgatar carma negativo.

    Figura 03A

    Quadro A – A pessoa, durante todo seu trajeto de vida, não dá atenção aos compromissos, ou ao Dever.  Para ela, compromissos são circunstâncias que não lhe ocupam as preocupações.  Seu gráfico existencial indica que muito pouco da linha cármica se cumpriu, e o fator Dever foi abandonado logo nos primeiros anos de vida.  Nessa característica tem-se o agravamento do Carma, acumulando-o para outra existência, e uma sobrecarga do Dever que se mostrará mais contundente noutra encarnação.

    Quadro B – Neste exemplo o gráfico mostra que a pessoa demonstrou certo interesse pelas questões da vida.  Atendeu solicitações cármicas ultrapassando a média de seu programa de vida.  Porém, por algum tempo depois, deixou-se levar por algum tipo de relaxamento e os esforços anteriores foram substituídos pelo descaso.   Sendo assim, também ficou incompleto o atendimentos aos Deveres relacionados àquela existência.

    Quadro C – Aqui já temos um exemplo em que a pessoa bem cedo em sua existência direciona atos e atitudes dentro de seu programa cármico, demonstrando a aceitação com o cumprimento de uma larga faixa de seus Deveres.  Este exemplo demonstra que quanto mais cedo a pessoa começar o cumprimento, ou aceitação, de sua programática cármica, menores serão ao agravamentos para futuras encarnações, pois que muito de seu Pralabh Karma foi cumprido nessa vida. 

    Quadro D – Este é o exemplo  de  grande equilíbrio para com a vida.   O entendimento de que o viver não é só o passar do tempo, mas o seguir de um programa existencial previamente traçado que, em seu bojo, traz Deveres a serem atendidos.  Ao final da existência vê-se que todo o programa cármico foi cumprido, bem como os Deveres atendidos.  Casos excepcionais estes ?   Talvez.   Entretanto, muitos são os exemplos que a história da humanidade nos conta, de Seres que legaram ao mundo suas sacrificiais dedicações à harmonia geral.   E os encontramos nos ramos das religiões e das ciências, onde pugnaram pelo bem da sociedade.

    André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Evolução em Dois Mundos, à página 58, classifica os cálculos que determinam esses gráficos programáticos de cada encarnação como sendo a Geometria Transcendente, onde para defini-los é “aplicada aos cálculos diferenciais e integrais das questões de causa e efeito.”

    Isso quer dizer que cada um dos pontos enumerados acima, qual sejam, duração da encarnação, o que o indivíduo carmicamente vai encontrar no cenário da vida, e suas obrigações para com a existência, são definidos através de cálculos efetuados pela mais alta matemática, onde se mensuram as circunstâncias que interagem ao caso.

    Dessa forma, esses pontos referenciais, que em verdade são Leis imutáveis, não exercem suas pressões aleatoriamente sobre o indivíduo.   A incidência dessas pressões, agradáveis algumas e desagradáveis outras, dependendo das circunstâncias de cada momento da vida, como se viu pelos gráficos acima, fica na dependência dos atos que o espírito, seja em vida na Terra ou no ambiente extra-físico, tenha praticado.

    Como determinante dos atos, ou seja, para que estes venham a acontecer, três poderosíssimas forças interagem num só momento.   Dessa ação conjugada dão ensejo às pressões que as citadas leis fazem incidir sobre as criaturas.

    Essas forças são:  Pensamento, Desejo e Vontade.  É de substancial importância compreender dessas forças, pois são elas que, num dado momento da viagem cósmica, por descuido, fazem o indivíduo mergulhar no obscurecimento das decisões.   É o passo 3, figura 02A, da apostila 2.  Também estender um pouco mais nossa reflexão sobre aquela primeira pergunta, e que já fizemos uma sucinta análise na apostila 2.   A pergunta é: “Sendo filha da Perfeição por que a Criatura se perdeu no Dédalo da vida humana?”   Vejamos cada uma dessas forças separadamente.

     

    Pensamento

    Na figura 03B vemos o centro consciencial e os corpos que este utiliza.  Esta representação nos é velha conhecida, pois repetidamente a temos usado nas outras séries de apostilas, principalmente na séria Mediunidade. 

    Relembrando a série A Criatura, e acompanhando a figura, vemos o seguinte:  quando a Mônada, ou o Eu Verdadeiro, ingressou no reino Humano observou que nas variadas modalidades de vivências que ia passando, ora corpo físico, ora corpo Astral, ou ainda no corpo Mental, observou que existia um elo interligando todas aquelas fases. 

    Notou que em sua interação com os ambientes exteriores, quando abandonava um corpo e utilizava-se de outro, não ocorria interrupção de percepção.  Notava que a percepção consciencial continuava ativa e interligada à fase anterior.  Mormente quando passava de nível inferior a nível superior.

    Esse elo tomou o nome de pensamento.  Na figura 03B está representado por setas passando de um plano a outro.

    Seguindo o rastro desse elo descobriu-se que o pensamento é um fluxo contínuo de vibrações da mente e que, onde quer que o Ser esteja esse fluxo estará sempre ativo.

    A respeito disso cabe aqui um esclarecimento.   Ao contrário do que muito gente imagina, o pensamento não é uma secreção do cérebro físico.  Algo parecido à secreção biliar da vesícula, ou o muco pulmonar.   Se o fosse, por ocasião da morte do corpo Físico e sua desintegração no túmulo, também as lembranças e pensamentos ali se findariam.   Todavia, temos constatado em inúmeras reuniões espiritualistas que as entidades comunicantes não só se expressam com muita inteligência como, também, recordando acontecimentos dos dias em que aqui estiveram encarnadas.

    Em razão disso deduzimos:  como o pensamento é contínuo, apesar das mudanças de estado vivencial, ele só pode ter como fonte de origem a Consciência, pois só ela é contínua.   Os corpos são perecíveis.   Ela não.   A Consciência, pois, se serve desse fluxo para interligar-se aos seus diversos corpos para, com isso, comanda-los e fazer-se inteligível.   São, portanto, os corpos, instrumentos utilizados pela Consciência com o fito de manifestar-se nos mundos exteriores, e evoluir.

    Uma outra particularidade do pensamento precisa ser descrita.   Ao dizermos que o pensamento não é uma secreção do cérebro físico, devemos esclarecer, também que nos planos Astral e Mental ele tem a propriedade de moldar as matérias daquelas regiões, tornando-se forma ou em imagem sobre o que se pensou.

    A figura 03C ilustra essa peculiaridade.  Uma pessoa no plano físico, através da voz expressa o que consciencialmente pensa.   Simultânea-mente, no plano Astral ou Mental seu pensamento plasma a imagem.  “(...) os nossos pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual.”  (Emmanuel, livro: Roteiro, página 120)  Quanto mais forte for a emissão mental em torno daquele pensamento, mais duradoura será a forma criada.   Essa durabilidade poderá ser de fugazes segundos quanto de milênios.  Depende dos poderes de quem e porque o pensou.

    Em decorrência desse instrumental, concluímos que a consciência, considerando-se o seu atual estágio evolutivo dentro de reino humano, para fazer-se sensível frente às outras consciências, necessita dos dois elementos acima citados.  Isto é, o pensamento e seus corpos.

    Possuindo só o pensamento, sem que houvesse a existência dos corpos, seria como um sopro a passar, sem deixar marcas.  Quase não perceptível.   Por outro lado, possuindo só os corpos mas sem a ocorrência do pensamento, as ações iriam ser reflexos de meros automatismos instintivos.   Alguma coisa semelhante ao que se transcorre no reino Animal.

    Entretanto, juntando os dois elementos, pensamentos e corpos, num uso simultâneo, os atos tomam a característica de individualidade, tanto quanto, ao mesmo tempo, de auto-evolução.

    Prosseguiremos na próxima apostila analisando, também, Desejo e Vontade.

    Bibliografia:

    Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – perguntas 893 a 957 – Livraria Allan Kardec Editora

    Annie Besant – A vida do Homem em Três Mundos – Editora Pensamento

    Annie Besant – Karma – Editora Pensamento

    Annie Besant – Dharma – Editora Pensamento

    Hernani Guimarães Andrade – Espírito, Perispírito e Alma – Editora Pensamento

    Leon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Federação Espírita Brasileira

    Pietro Ubaldi – A Grande Síntese – Livraria Allan Kardec Editora

    Pietro Ubaldi – A Lei de Deus – Fundação Pietro Ubaldi

    Virginia Hanson-Rosemarie Stewart – A Lei Universal da Harmonia – Editora Pensamento


    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Maio de 1997

    Revisão em Maio de 2008

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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