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    O Inevitável Despertar - Apostila 16

    O Inevitável Despertar - Apostila 16

     

     

    As  Transformações - II 


    A apostila 15 mostrou que o período inicial da metamorfose é carregado de aparente caos. Mas na verdade é apenas a adaptação do indivíduo à nova maneira de viver.  E tudo isso tem de ser vivenciado no clima ardente de suas atividades sociais.  De nada valerão os recuos, ou fugas da realidade, pois o processo só se conclui por efeito de atos auto-realizados.

    Assim, embora o transformar possa ter a aparência de causas indefinidas, ou mesmo de desequilíbrio psíquico, na verdade, é a oportunidade que a vida dá para que a pessoa concretize seu projeto de existência.  Mas, esclareçamos, projeto de vida traçado muito antes de seu internamento na nova encarnação.  E pô-lo em prática¸ sem dúvida, traz compensações, como bem explicita Assagioli no trecho a seguir:

    “Apesar dos desafios desse empreendimento, a pessoa vai sentindo, em sua ação, um progresso gradual e crescente.  Sua vida fica impregnada de um sentido de significação e de propósitos, as tarefas corriqueiras são vitalizadas e elevadas pela sua crescente consciência do seu lugar num esquema mais amplo das coisas.”

    Portanto, ao longo  de  todas  as  apostilas apresentadas, já deu para notar que duas são as etapas nesse processo de despertamento.  A primeira é a fase das turbulências e, por conseqüência, das incompreensões.  A segunda é a fase do entender, que vai fazendo o processo tender para a nova normalidade.   Sendo assim, após esse período de maior turbulência, e depois que a pessoa, pelo esforço próprio, resolve submeter-se à inevitável contingência de manter o respeito espiritual pela vida, conscientizando-se que a mesma, a um só tempo, engloba várias dimensões, e não só a física, após tudo isso, inicia-se a descortinar para ela um sentido de doce harmonia.

    Esse novo período começa como descrito por Assagioli, acima.  Embora os acontecimentos da vida permaneçam com suas dificuldades naturais, todavia a pessoa sente que melhor os domina.  Sente-os menos agitados.  Como se, após um dia de sol abrasador, suave aragem refrescasse o crepúsculo.  Essa tranquilização inicial, a muito não sentida, amplia-lhe as motivações pela vida.  Começa a ver beleza mesmo nas pequenas coisas.

    Mas não fica só nisso.   “Com a passagem do tempo, o indivíduo reconhece com maior plenitude e de modo mais claro o caráter da realidade, do homem e de sua própria natureza superior.”

     

     

    Aquelas dúvidas que lhe dificultavam a escolha do caminho a seguir, como vimos na apostila 9, e que uma das figuras, 09D,  repetimos aqui, estão se dissipando.

    Isso significa que houve um salto qualitativo.  Daqueles traumas que quase a levaram a internamentos em sanatórios de clínicas mentais, transmuta-se para uma plenitude pessoal que ainda lhe é indescritível.

    Nesse salto já pode “ver” a sua “natureza superior”.  Isto é, sentir a intensidade de seu EU, dantes tão oculto, que através dos enlevos traduzidos em harmonia interior começa a mostrar a sua face.  Esse “ver” é que lhe proporciona definir o caminho a seguir, que agora lhe aparece como uma esteira radiante postada na imensidão da existência, incitando-lhe a caminhar por ela, indo em direção ao seu EU superior.    Percebe que agora não é só a dimensão física (3ª Dimensão), que lhe chama a atenção, mas que outras dimensões vão se tornando, digamos, palpável.  Figura 16A.

     

    Não mais se assusta com essas percepções que, dadas as repetitividades vão se tornando corriqueiras, portanto, vivenciáveis.

    A pessoa, então, “Começa a desenvolver um quadro conceitual mais corrente que lhe permite melhor entender o que observa e vive, e que lhe serve não apenas de meio de orientação para um conhecimento mais profundo, como também de fonte de serenidade e ordem em meio às circunstâncias mutantes da vida.”  (Grifo nosso)

     

    Este último parecer de Assagioli é deveras importante, principalmente quando ele se refere às “circunstâncias mutantes da vida”.  Importante porque, como se sabe, a vida é uma constante mutação.  Nada, nela, existe em processo de estagnação perpétua.   Até as montanhas, que aos nossos olhos parecem perenes em suas formas, são nisso desmentidas pela geologia que nos conta sobre o elevar dos continentes e o abaixar dos mares. 

    O ser humano, todavia, sempre cai na tendência da acomodação de atitudes, afastando-se, destarte, do natural processo mutante da vida, ou, às vezes, envereda-se por situações que mais o afastam da direção que deveria tomar, tendo-se em conta o inevitável Despertar Espiritual.  Por isso sofre, pois, de uma forma ou de outra, será empurrado pela inexorável correnteza do rio da vida. 

    Figura 16B e, quando menos esperar, será surpreendido numa “queda dágua”.   Então, quando assim acontecer, de nada adiantarão seus gritos. 

     

     

    Se, contudo, aprender a seguir essa corrente, ao invés de ser por ela arrastado, descobrirá recursos formidáveis nessa força controladora da existência.  Vejam o exemplo de uma usina hidrelétrica.  Represa-se, controladamente, o fluxo dágua, para daquele empuxo da correnteza extrair energia que gera progresso e conforto.  Mas eu disse: represa-se con-tro-la-da-men-te.

    Assim também acontece com a energia consciencial.  Uma vez controlada, sem se opor à sua natural correnteza, ela será uma geradora de substancial progresso.  Observar, respeitar e aceitar a mutabilidade natural da vida, é sinal de conscientização superior.  Assim posto, os recursos advindos disso logo se fazem notar, os quais enumera Assagioli no trecho a seguir:

    “Como resultado, começa a dominar cada vez mais tarefas que antes pareciam além da sua capacidade.  Atuando cada vez mais a partir de um centro superior de unificação da personalidade, ele harmoniza os seus diversos elementos da personalidade numa progressiva unidade; e essa integração mais completa dá-lhe maior eficácia e mais alegria.”  (Grifos nosso)

    Repetimos a figura 10B para ficar mais bem compreendido o que grifamos como centro superior.  Já numa situação dessas a pessoa sente que não pensa e planeja só pelos interesses comuns do cotidiano.  Um influxo inspirativo mostra-lhe alternativas de ação mais condizentes com o Todo.

    Outra observação que merece destaque: “Diversos elementos da personalidade numa progressiva unidade”.  Se lembrarem das figuras 05A  da apostila 05 e da figura 11A , apostila 11, (repetimos abaixo as duas), verão que naquelas oportunidades falamos dessa problemática, qual seja, a dissociação psíquica que a pessoa vive, quando em estados consciencialmente traumáticos.  Suas várias dimensões dissociam-se umas das outras, produzindo as alterações comportamentais que tanto lhe infelicitam.

     

    Nos trabalhos assistenciais temos observado que os mentores espirituais tomam como medida reparadora, e comum a todos esses casos, os cuidados de fazer o indivíduo reintegrar-se em seu todo.  Os vários veículos, corpo Astral, Mental, etc, vão sendo trazidos de suas profundezas para, novamente, se justaporem ao corpo Físico. 

    A figura 11C que aqui repetimos, em seus quadros 2 e 3 mostra as duas situações. 

     

     

    Quadro 2, corpos dissociados; quadro 3, corpos justapostos.

    Além disso, como parte complementar das instruções dadas pelos Mentores, as pessoas são reeducadas na arte de conduzir o conjunto de seus corpos. 

    Curioso isso, e pode parecer inverossímil, mas existem casos em que o corpo Astral afasta-se muito, e por um tempo tão longo que, ao ser coagido a retornar, sente-se incapaz para a tarefa de conduzir eficazmente o Físico.  Terá de ser reeducado, o que é feito nas muitas sessões assistenciais a que a pessoa se submete.  Em cada uma delas o corpo Astral, sob sugestão, é atraído e anexado ao Físico, e assim permanece durante aquele período em que a pessoa está sendo submetida ao tratamento.   Concomitantemente à aproximação dele, os quadros mentais – revoltas, medos – que realimentavam seu distanciamento, vão sendo dissolvidos, deixando o campo psíquico limpo, e desobstruído para se estabelecer a recuperação associativa entre os vários corpos.

    Atingido esse grau  de  harmonia,  todos os elementos constitutivos do SER, ou sejam, seus vários corpos, passam a compor uma unidade.  Não existirá mais a dissociação e seus efeitos perniciosos.  Deixam de existir as distonias psíquicas apesar das diferentes dimensões em que cada parte subsiste.   O que é natural, afinal, o SER é um só !

    Voltemos, porém, às oportunas notas de Assagioli, pois ele ainda tem muito a contar.

    “Esses são os resultados geralmente observados no curso de um longo período de tempo, como decorrência do processo de transmutação da personalidade sob o impulso de energias supraconscientes.”

    Ele está falando daquelas sensações de arroubo, de indômita coragem, de decisões inequívocas, a respeito da aceitação quanto à vivência espiritual.  Todavia, e apesar da ação das energias supraconscientes estarem mais dominadoras sobre a personalidade, contudo “(...) o processo nem sempre tem fluidez absoluta.”  Ou seja, mesmo assim ainda está sujeito a sofrer intermitências dissociativas.  Porém, diz Assagioli,  “Isso não causa surpresas, dada a complexidade da tarefa de refazer a personalidade em meio às circunstância da vida diária.”

    Não é de se surpreender mesmo, afinal, como analisamos na apostila 15, a pessoa não tem o direito, e, às vezes, até possibilidades, de esconder-se num casulo, aguardando ali a passagem desse período de transmutação.  Tem de vivê-lo na tumultuada girândola dos acontecimentos.   Essa dualidade de emoções e sensações, quais sejam, a percepção da sublimidade oculta e a crueza das atividades terrestres, ocasiona oscilações no humor e no temperamento da pessoa.

    Numa situação ela pode se sentir bem e disposta, noutra mostra-se desanimada.   São os esbarrões da inexperiência.  São as naturais oscilações que continuam ocorrendo até que alcance a espiral perfeita. (Figura 15D quadro 2). Essas intermitências, entretanto, não devem causar alardes, e sim serem encaradas como fatos naturais, porque, “A aprendizagem da habilidade de usar as próprias energias dessa forma, em geral demora algum tempo e pode durar o tempo que antecede a implementação equilibrada das duas tarefas e sua eventual compreensão como uma única atividade.”

     

    Novamente outra importante observação a ser ressaltada:  “das duas tarefas e sua eventual compreensão como uma única atividade”.  O rompimento do círculo vicioso das dúvidas, transformando-o na espiral ascensional das certezas, depende dessa compreensão.  Vejamos o que vem a ser duas tarefas que significam uma única atividade.

    Duas tarefas, ou tantas outras que possam se apresentar, são as atribuições e obrigações inerentes à criatura, contudo, divididas em duas dimensões.  Uma, na dimensão física; a outra, na dimensão espiritual.  Duas tarefas resumidas, porém, numa só atividade porque um único SER delas se encarrega de executar.  O Espírito, ou o EU Maior, pois este é o regente dos corpos, portanto, o único executor possível.

    E a harmonia vem do fato de que mesmo tendo a consciência de vivenciar momentos diferentes, em diferentes dimensões, estará sempre seguro de que é UNO.   Para o espírito harmonizado, o transcorrer das vivências nas diferentes dimensões e épocas é, simplesmente, como o substituir de cenários de uma peça teatral.   Mudam-se as feições do palco e das vestimentas com que os atores se apresentam, todavia o local e os artistas são os mesmos.   Só a exterioridade do espetáculo se transmuta.  A essência permanece inalterada.

    Para o Eu Maior o palco é o universo, os cenários são as suas vivências, as feições com que comparece em cada uma delas são as vestimentas que, como ator, se utiliza para representar a real peça cármica de uma dita época.  Portanto, por milhares que sejam suas apresentações no palco cósmico, ainda assim será sempre uma só e única atividade.  Atividade de engrandecer-se.  Assim como o versátil ator que se esmera por desempenhar, brilhantemente, os mais variados papéis, com o fito de valorizar-se artística e profissionalmente.  Entretanto, estamos falando de engrandecer-se universalmente, que significa dizer:  Evoluir.

    Essa compreensão, portanto, encerra o fato de se dar igual valor a todas as fases da vida.  Seja vivendo a dimensão física ou a espiritual.  Uma não é superior à outra.  São diferentes nos aspectos exteriores, mas igualmente existem para produzir uma só atividade.  A ininterrupta evolução do SER.  Esta é a Lei.

    Mas, quando mergulhado numa das dimensões o SER, por olvidar a existência de outros campos de vida, ou subestimar uma pela outra, a si mesmo causará o que podemos chamar de distonia social.  Quer dizer, negligenciar uma das tarefas e superestimar outra, como se fossem atividades isoladas.  Como se ele fosse um SER dividido.

    Quando assim acontece, “não espanta encontrarmos estágios em que a pessoa fica tão envolvida com a autotransformação que a sua capacidade de lidar (...) com os problemas e atividades da vida normal pode ser prejudicada.  (...) Nesse estágio transitório, a pessoa pode não escapar de julgamentos injustos por parte de amigos ou de terapeutas bem-intencionados mas sem iluminação (...)”  que lhe criticam os ideais espirituais, chegando a ridicularizá-los, e dizendo que eles a tornam improdutiva para a sociedade.  “Esse tipo de crítica é muito doloroso e sua influência pode gerar dúvidas e desânimos.”

    Como vemos, é grande a complexidade que envolve a transformação espiritual e, embora este último apontamento de Assagioli seja de real importância, façamos uma pausa por aqui.  O comentário desse trecho fica para a próxima apostila.

    (Nota:  Os trechos de Assagioli citados nesta apostila estão contidos na página 61 do livro Emergência Espiritual)

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    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Agosto de 1997

    Revisão em Fevereiro de 2006

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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