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    O Inevitável Despertar - Apostila 10

    O Inevitável Despertar - Apostila 10

     

     

     Intranqüilidades  do  Despertar - I

     

    Vimos, pelas duas últimas apostilas, que as desarrumações psíquicas de um indivíduo estão anunciando que delas está um novo Ser a nascer, quando nele não se constata qualquer obliteração fisiológica de seu sistema neuro-cerebral.

     

     

    Todavia, como se sabe, o nascimento de um Ser é um acontecimento sempre trauma-tico.   Regressão de memória levada até ao momento que antecedeu ao parto, figura 10A - quadro “1” – e aos momentos que se seguiram deste, - quadro “2” – revelam que o indivíduo no quadro “1” se sente perfeitamente aconchegado em ambiente de muita proteção e de temperatura tépida.

    De repente, uma força independente de sua vontade expulsa-o daquele ninho.   Começa o tempo visto no quadro “2”.  Alijado num ambiente totalmente estranho, cheio de ruídos incomodatícios e com uma temperatura “gélida”, se comparada com a do ambiente onde estava, perde o aconchego da mãe.   Mãos apressadas reviram-nos daqui para ali.

    Que diferença de tratamento, estranha o nascituro.   Que saudades do tépido ventre de mamãe.  Assustado, põe-se a gritar.   É o primeiro trauma que todos os seres humanos sofrem ao ingressar neste mundo fisiológico.

    Analogamente, é assim que se transcorre com o nascituro para a vida do mundo espiritual, através de seu processo de Despertamento Consciencial.  Embora, invariavelmente, nos queixemos de que este mundo fisiológico é exaustivo, e que tanto nos faz sofrer, entretanto, quando dele começamos a nos desapegar, um  temor  inaudito se apossa de nosso consciente.  Verificamos que uma força invencível, independente de nossa vontade consciente, vem de nos  expulsar deste ninho “espinhoso”.   Que paradoxo !, achamos espinhoso este mundo, não obstante, tememos deixá-lo.   Mas nosso temor não detém tal força, e, num dado momento “2” nos vemos alijados, psiquicamente, em outra dimensão, em outro ambiente.

    Assustados, nos pomos a gritar:  -  “Estarei ficando louco?!”   É o primeiro trauma que todos os indivíduos, invariavelmente, sofrem ao se ver compelidos a dar esse passo.

    São esses traumas que analisaremos nesta apostila, tomando como historiografia os apontamentos do dr. Roberto Assagioli, como vimos fazendo, contidos no livro Emergência Espiritual, cujos organizadores são Stanislav Grof e Christina Grof.

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    Assagioli começa por dizer que a ação da consciência sobre sua personalidade humana faz com que entre as duas se estabeleça um livre canal.  Figura 10B.   Por este canal libera-se intensa força espiritualizante, que ele chama de LUZ.   Em razão dessa profusão de novas energias, “Os conflitos e sofrimentos precedentes, bem como os sintomas físicos e psicológicos que geraram, por vezes desaparece (...), confirmando o fato de não se deverem a causas físicas (...)”  (Grifo nosso) (Página 54)

    Como esclarecimento, e para nossa lembrança, informamos que os conflitos e sofrimentos referidos acima por Assagioli são as crises comentadas nas apostilas anteriores.   Desta forma, não sendo elas de causas físicas, assim como apareceram também se foram, diz o autor.  

    Isso comprova que se tratava de uma interação direta entre consciente e inconsciente.  Isto é, por alguma razão interrompe-se o fluxo causador dos conflitos.   Cessando este desaparecem seus efeitos e a pessoa é tomada de renovado bem estar acrescentado de um mais amplo potencial mental.

    Raciocina melhor, suas intuições são mais constantes e de maior clareza.   No entanto, nem sempre é assim que se finalizam esses períodos incomodatícios.   Assagioli informa que “Em outros casos, não muito comuns, a personalidade não consegue assimilar direito o influxo de luz e  de energia”  (Página 55)

    Essa situação pode ser explicada da seguinte forma:  o indivíduo não sabe interpretar o que com ele está acontecendo, evidentemente por força do desconhecimento  espiritual e pelos rótulos preconceituais com que se acha investido.  Neste caso, naturalmente, sentir-se-á desorientado, porque lhe faltam recursos nos quais possa se apoiar para readquirir seu equilíbrio.

    Isso acontece às pessoas nas quais  “(...) o intelecto não é bem coordenado e desenvolvido; quando as emoções e a imaginação são descontroladas;  quando o sistema nervoso é demasiado sensível;  ou quando a entrada de energia espiritual, dado o seu caráter súbito e a sua intensidade, é insuportável.”  (página 55)

    Citados por Assagioli, acima estão alguns tópicos que fazem desencadear os traumas a que temos nos referido.   Comentemos cada um deles separadamente.

    Intelecto não é bem coordenado e desenvolvido  -  Pessoas cujo raciocínio é lento e que têm dificuldade de criar, ou ver, relação de um fato com outro.   Isto é, têm dificuldade de lidar com o abstrato.  Para elas tem de ser sempre o concreto do aqui, e do agora.

    Emoções e imaginação descontroladas  -  Pessoas fantasiosas, ou que estão sempre à cata de emoções violentas.   As chamadas “emoções fortes”.  Como hoje se diz:  “É adrenalina pura !”

    Sistema nervoso demasiado sensível – Não precisamos ter nervos de aço, mas também não podem ser de manteiga.   A sensibilidade excessiva pode gerar constante medo pois a todo instante a pessoa se sente sobressaltada.  Total insegurança.  Qualquer pequena mudança no ritmo de sua vida é suficiente para ser considerado como um episódio insuperável.

    Energia insuportável – essa circunstância provém de desenvolvimentos psíquicos ocorridos em outras vidas, o que predispõe a pessoa a reencontrar, nesta, o caminho já percorrido.   Outra causa, são os desenvolvimentos mal direcionados, e mal intencionados, com que o indivíduo se envolve na ânsia de penetrar no mundo oculto. (Vide apostila 01, trecho da abertura).   Em ambas as circunstâncias, porém, prevalece o fato de o indivíduo estar com seus canais desobstruídos, e que, por isso, oferecem livre trânsito ao influxo energético.

     

     

    Esse influxo não é o representado na figura 10B visto na folha 1, mas o que é ilustrado na figura 07F, estudado na apostila 07, que repetimos aqui.   É o jato de energia emanado do EU e direcionado aos seus veículos, com o propósito de despertá-los.  No caso da pessoa ser portadora de alguma deficiência, tal qual as enunciadas acima, sejam a nível Físico, Astral ou Mental, ocorrerá uma daquelas dificuldades que a impedirão de assimilar esse jato que deveria  revigorá-la.   Essas dificuldades se ilustram nesta figura 07F pela representação da tesoura.  São os obstáculos que impedem o livre curso dessa energia renovadora da criatura.

    Mas, além daquelas, outras conseqüências impedem à pessoa perceber o sentido enobrecedor que aquelas forças propõem.  Estes outros fatores impeditivos se evidenciam quando a pessoa se enche de pretensões salvacionista ou possuidora de lideranças intoleráveis.

    É interessante ver isso através das palavras de Assagioli:  “A incapacidade mental de suportar a iluminação, ou uma tendência de autocentração ou vaidade, podem levar à interpretação errônea, disso resultando, por assim dizer, uma ‘confusão de níveis’.  A distinção entre verdades absolutas e relativas, entre o EU e o ‘eu’ fica imprecisa e as energias espirituais que entram podem ter o efeito infeliz de alimentar ou de inflar o ego pessoal.”  (Grifo nosso)  Acompanhem a figura 10C para analisarmos esse trecho.

     

    Quadro 1 – É a pessoa em condições de equilíbrio psíquico. Todo seu Ser comporta-se na forma dos padrões sociais a que pertence.

     

    Quadro 2 – Inicia-se o “descenso” do  fluxo  de energia da consciência, que vai perpassando por todos os corpos.  Ao atingir o nível da consciência física provoca tensões no corpo físico que, como vimos na apostila 9, figura 09F, a pessoa passa a se sentir como dividida em muitas outras.

    Quadro 3 – Aqui vemos a pessoa  que não tem capacidade mental para suportar o fluxo de energia.  Devido a isso, forma-se a confusão de níveis, citada por Assagioli.  Não há mais a distinção do “quê é o quê”, e de “onde estou onde”.  Ou seja, se sente perdida, sem referencial de localização para seu apoio.  Está em toda parte e em lugar nenhum.  Esse paradoxo é assustador.  Como o quadro mostra, desaparecem as linhas de fronteira entre os planos existenciais.

    Quadro 4 – Com a confusão formada durante o período ilustrado pelo quadro 3, veio, também, a imprecisão de distinguir o que seja abstrato do que seja concreto.  Isto é, as realidades espirituais da realidade física.   Em razão disso a pessoa poderá se sentir um Ser superior, algo como inflar o ego pessoal, como expressou Assagioli. O indivíduo se sente mais “cheeeio”.  Imaginativamente com maiores capacidades realizadoras.  Mas só imaginativamente.

    Em outras  palavras, a pessoa se enche de incontida vaidade, ou, em outros casos, se torna um ser despótico e intratável.  Seu relacionamento com as demais pessoas é sempre difícil.   Ela não sabe distinguir entre a pureza do espírito – o EU Maior – e o relativismo da matéria – o eu menor – sua personalidade humana.  Mistura causas com efeitos e passa a se julgar a maior de todas as criaturas.

    Evidentemente que apontar esses fatos não se trata de fazermos críticas condenatórias, pois, compreendemos muito bem que para uma pessoa enredada nos acontecimentos que leva ao despertar consciencial, torna-se difícil, se não impossível, distinguir o quê com ela transcorre.

    Todavia, se para ela é difícil compreender o transcurso dos traumas, é dever daquelas outras pessoas que a cercam, e principalmente dos terapeutas que são consultados, é dever estarem atentos ao desenrolar dos fatos subjacentes.  Isto é, dos fatos ocultos ao físico.

    Alertando para essas providências assistenciais Assagioli aconselha o seguinte:  “Como quer que concebamos o relacionamento entre o eu individual, ou “eu”, e o Eu Universal, consideremo-los semelhantes ou diferentes, distintos ou únicos, o mais importante é reconhecer com clareza, e manter sempre presente, na teoria e na prática, a diferença entre o Eu em sua natureza essencial – aquilo que tem sido chamado de “Fonte”, “Centro”, “o Ser Supremo”, o “Ápice” de nós mesmos – e o pequeno eu, ou “eu”, identificado com a personalidade comum (...)   A desconsideração dessa distinção tem conseqüências absurdas e perigosas.”  (Grifo nosso)  (Página 56)

     

    Está, pois, acima, uma grave e justa advertência.  Não importa que nome se dê às partes, ou ao “euzinho” e ao “Euzão”.  Relevante é distinguir o que são causas exclusivamente intrínsecas à personalidade, daquelas outras cuja origem é a “Fonte” mais oculta do Ser.   Desinteressar-se de semelhante cuidado é condenar o consulente a situações perigosas.

    Conforme comentamos na apostila 08, não mais se justifica ter em mente que o Homem seja um Ser unicamente fisiológico.  Pesquisas na área da parapsicologia, para só falar de ciência, sem nos referir à avalanche de fatos bem comprovados dentro da área distinta da metafísica e do misticismo, têm demonstrado, sobejamente, que o Homem não é só carne e ossos.

    Se os olhos acadêmicos continuam fechados a tais comprovações isso só pode ser causa de duas condicionantes:  medo e vaidade.  Medo de deparar-se com a verdadeira realidade.  Vaidade da posição que desfruta no meio acadêmico.  Entretanto, nada mais justifica que o homem de ciência, pesquisador por natureza, volte as costas a tais assuntos e não queira dar atenção à questão espiritualismo, simplesmente porque não a pode tocar com as mãos, e rotulando-a de inexistente.

    Para demonstrar a importância que os resultados de uma tal pesquisa possa trazer à realidade humana, isto é, ver no Homem não só seu lado físico, mas também o que possui de oculto, o professor Assagioli ensina a relevância de saber separar uma coisa de outra.

    ”A distinção fornece a chave para a compreensão do estado mental do paciente e de outras formas extremas de auto-exautação e autoglorificação.”   Refere-se, ainda ao ilustrado no quadro 4 da figura 10C.  “O erro fatal de quantos são vitimados por essas ilusões é atribuir ao seu eu pessoal, ou “eu”, as qualidades e poderes do Eu Superior ou Transpessoal.”  (Página 56)

     

    Essa confusão a que se refere Assagioli se dá porque a pessoa não conhecendo sua constituição integral, ou seja, não sabendo que é composta de corpo Físico, Astral e Mental, e atributos conscienciais, imagina que o potencial que lhe alimenta a vida é apenas de expressão física.  Esse desconhecimento também perpassa por consultórios de terapeutas que não pesquisam o campo metafísico, instrumental que lhes seria precioso para análises e tratamento de seus pacientes.  Daí as confusões.

    “Exemplos dessa confusão não são incomuns entre pessoas que ficam perturbadas ao terem contato com verdades grandes demais ou com energias demasiado potentes. (...)  O leitor  sem dúvida se lembrará de exemplos de auto-engano semelhante entre seguidores fanáticos de vários cultos.”

    Ignorando, completamente, ser possuidor de um estado de consciência superior,  -  o EU  - a pessoa passa a representar na vida física, através de ato de extrema vaidade, de fanatismo religioso ou de despotismo de mando – político, religioso ou familiar – passa a representar situações ridículas e descabidas.  Aquele volume maior de energia consciencial faz com que a pessoa se sinta superior a tudo e a todos.   Mas ela, entretanto, disso não se apercebe.  Pior, ainda, quando seu terapeuta, consultado, disso também não se dá conta.

    Acreditamos que todos se lembram dos fatos relacionados a fanatismos religiosos ocorridos na Guiana em 1989 e no estado da Califórnia, Estados Unidos da América, em março de 1997, quando dezenas de pessoas cometeram suicídio coletivo, motivados por ignorância espiritual.

    Mas falar sobre as cabíveis providências para se evitar esses lamentosos fatos, fica para a próxima apostila.

     

     Bibliografia:
     André Luiz/Francisco Cândido Xavier  Evolução em Dois Mundos – página 39   Federação Espírita Brasileira
     André Luiz/Francisco Cândido Xavier   No Mundo Maior  -  páginas 45, 54 e 58  Federação Espírita Brasileira
     Edith Fiore       Possessão Espiritual    Editora Pensamento
     Eliezer C. Mendes         Psicotranse      Editora Pensamento
     Emmanuel/Francisco Cândido Xavier   Pão Nosso – capítulo 111    Federação Espírita Brasileira
     Enciclopédia Barsa     Volume 15, página 73     Encyclopaedia Britannica
     Itzhak Bentov      À Espreita do Pêndulo Cósmico  Editora Cultrix
     Leopoldo Balduino  Psiquiatria e Mediunismo – página 201  Federação Espírita Brasileira
     Manoel Ph. Miranda/Divaldo P Franco  Painéis da Obsessão – Prefácio  Livraria Espírita Alvorada Editora
     Roberto Assagioli      Psicossíntese    Editora Cultrix
     Stanislav Grof e Christina Grof    Emergência Espiritual   Editora Cultrix
     Vivências   Apostila 13 da série Reconstrução e 37 e 52 da série Mediunidade  

       

    Apostila escrita por

    LUIZ ANTONIO BRASIL

    Agosto de 1997

    Revisão em Dezembro de 2005

    Distribuição gratuita citando a fonte

     

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