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    Meditação - Apostila 3

    Meditação - Apostila 3

    A Borboleta Errante

     

    Nosso(a) candidato(a), mediante a “domestição” de seu “leão” interior, como vimos na apostila 2, passa a se sentir alvissareiro em seus planos de meditação.

     

    Aprendeu a controlar melhor as emoções e, principalmente, a não se deixar arrastar pelos pensamentos intrometidos que reavivam as questões comuns da vida.   Mas não só isso, ao  longo  de todos aqueles meses de treinamento passou a limpo sua maneira de viver.  Verificou que o tumulto nos pensamentos era oriundo da agitação vivenciada durante as horas do dia, bem como seu afã por adquirir coisas, às vezes, até desnecessárias.

     

    Esse acúmulo do possuir deixava-o(a) inquieto(a), continuamente, insatisfeito(a), buscando, nas compras, o preenchimento do vazio interior.

     

    Compreendeu isso e tomou a decisão de, no viver da vida, não se deixar dominar pela massificação.   Passou a sentir a necessidade de ser ele(a) mesmo(a), em fazer valer seus gostos e tendências pessoais.   Não ser, como vinha acontecendo, apenas mais um(a) na manada.

     

    Tudo isso estabelecido, tomou até mais gosto pelos sentidos espirituais que permeiam todas as coisas e acontecimentos.  Os preparativos diários para o momento da meditação passaram a ser feitos com mais entusiasmo.  

     

    Quando se aproxima o momento da meditação, seleciona as músicas de fundo e abandona-se, calmamente, ao influxo dos primeiros pensamentos que ele(a) vai guiando. 

     

    Mentaliza um lento riacho em volteios delicados, correndo por entre pradarias.  Até se vê deitado(a) à sua margem.  

     

    Deliciosa sensação de paz o(a) invade e desejaria que essa paz jamais o(a) abandonasse.

     

    E assim prossegue por alguns minutos....

     

    Contudo.... nosso(a) candidato(a) ainda está permeável às solicitações mentais de seu viver comum.  E estas vêm, sorrateiramente, introduzindo-se na paisagem de sua visualização como se fossem despreocupadas borboletas.

     

     

    São lembranças de imagens vistas na TV momentos antes de iniciar a meditação... ou trechos de um livro que muito lhe chamou a atenção... ou suas brincadeiras com os filhos quando chegou em casa após o dia de trabalho... ou... tantas outras ingerências como se fossem quadros de um filme cinematográfico passando rapidamente.

     

    E as “borboletinhas” lhe ocupam, inteiramente, o quadro mental.   O “riacho” dissipou-se, como poeira, levantada pelo bater das asas das ”borboletas”.  Mas elas movimentam tão delicadamente suas asas, e mesmo assim, se foram as imagens pacificadoras.   É a fragilidade mental em que ainda se encontra nosso(a) candidato(a).

     

     

    Faz, no entanto, algumas tentativas de recompor o quadro do riacho, mas em vão.    Sente que até a música o(a) incomoda...

     

    Desiste, por esta vez.  Interrompe o treinamento.

     

    Como acontecera quando na fase do “Leão Faminto”, esta fase das Borboletas Errantes prossegue repetitiva por semanas... meses... tempo em que nota significativos progressos.

     

    Apesar das ingerências borboleteantes consegue, com certo esforço ainda, sequentes minutos de imagens harmonizadoras, como a do gracioso riacho.  

     

    E isso lhe é muito animador, mostrando-lhe, porém, que contatar o Divino interior não é tão fácil como explicitam algumas literaturas que leu, como, também, passa a compreender que, se os monges tibetanos conseguem proezas meditativas isso provém de suas rotinas de vida.   Rotinas quase sempre de completo recolhimento em monastérios, condicionados ao afastamento das buscas materiais.  Isentos de obrigações familiares causadoras de tantas preocupações.  Dedicados, apenas, à busca do Divino.

     

    Todavia, e, principalmente, como ocidentais, pondera nosso(a) candidato(a),  tão arraigado(a) aos sugestionamentos e imposições da sociedade, ainda mais quando se conduz uma família, mais difícil fica expurgar pensamentos borboleteantes para se fixar, somente, nas mentalizações corporificadoras das beatitudes celestiais.

     

    Não obstante, do pouco já provado nos lampejos meditativos, é suficiente para incentiva-lo(a) a prosseguir, mesmo que olhando para trás verifique que já são algumas dezenas de meses em repetidos treinamentos, com resultados.....

     

    O candidato(a) precisa entender que na medida que atinge estágios mais desenvolvidos nos processos de meditação, começando a afinar a sintonia, entra-se em ressonância com as ondas mentais do que é chamado de inconsciente coletivo da humanidade terrestre.

     

    E... mediante o que se vê na forma social da humanidade, em que, para os governos, interessam mais os índices de produtividade de seus respectivos países, e não o real bem estar de seus povos, compreende-se, porque existe tanto desassossego, já que as pessoas se desesperam diante do possuir, sugestionadas pela onda industrial e tecnológica destes últimos cem anos.

     

    Portanto, este é outro fator gerador das ondas de “borboletas” que invadem a mente destes que, nesta análise, estamos chamando de nosso(a) candidato(a), porque, aprendizes ainda, não sabem dessas coisas, e nem imaginam que acontecem dessas ingerências mentais independentes de si mesmos(as).

     

    Cabe, por isso, dizer: acautelem-se, candidatos(as) à arte da meditação, pois esta é uma via de mão dupla, na qual, numa direção seguem seus pensamentos propagando-se ao infinito, e em direção contrária lhes chegam pensamentos de que nem possam supor quais são suas fontes de origem.

     

    Não obstante, que esse esclarecimento não os(as) atemorize, mas que apenas os faça compreender que para toda e qualquer ação mental necessário é contrapor a cautela.

     

    Sensato e acautelado nosso(a) candidato(a) prossegue seus treinamentos.  Agora, ciente de que muitas das “borboletas” que voejam sobre suas imagens eclodiram dos casulos mentais da coletividade planetária, não se deixa mais impressionar.

     

    Afasta-as, delicadamente, como é próprio fazer às borboletas reais.  Retoma os “pinceis” mentais e reinicia a desenhar, na tela do infinito, suas paisagens preferidas.  Seus refúgios encantadores onde, sabe, lá se encontra o EU Divino, que ele(a) se esmera por encontrar.

     

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    Suas telas mentais se tornam mais consistentes.

    Está diante da etapa do Voo da Águia.

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    Poços de Caldas – Minas Gerais – Brasil

    15 de Dezembro de 2010

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